quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Crise de misantropia

Fim de ano é sinônimo de crise. Tem o natal...pessoas comprando presentes quando você não tem dinheiro e nem queria mesmo comprar porra nenhuma. Logo depois, sem nenhuma pausa para tomar fôlego, vem o ano novo. Pessoas comprando roupas brancas, planejando a noite da virada...99% das conversas na época envolvem a fatídica pergunta: "E aí? Onde vai passar o ano novo?"
Porra de ano novo! O que importa? Por acaso a cor da minha calçinha nessa noite vai mudar toda a organização dos astros favorecendo minha vida financeira e saúde? Acho que não, apesar de muitos discordarem.
Pouco importa a cor da roupa, ou até mesmo se você estará usando alguma no momento da virada.
O que importa é que você já fez um monte de escolhas que desencadearão em reações que culminarão num futuro, em consequências, sejam elas próximas ou distantes. Você é o grande culpado. Não adianta culpar o zodíaco, sua mãe ou sua namorada.
E eu? Escolhi passar a "grande virada" ( soa até pornô) sozinha. Pra que melhor? Não é que eu odeie a humanidade ou queira me suicidar, não é isso ( que pena- alguns pensaram que eu sei). É que estou no meio de uma crise de misantropia sem precedentes.
Que vontade de mandar esse povo chato e hipócrita pra um lugar bem distante e nada divertido. Tô cansada. Cansada das pessoas que querem exigir coisas só por que se acham tuas amigas, cansadas das pessoas que falam o que querem e não gostam de ouvir, cansada dos "eu te amos" falsos, cansadas de ser mal tratada por bostas que não percebem o quanto eu sou massa (modéstia a parte), cansada....cansada das pessoas.
Quero tirar férias delas. Por isso que algumas pessoas preferem fazer amigos "descartáveis", que nem o Jack do clube da luta. Você usa esses amigos pelo tempo que eles servem e depois joga fora sem se preocupar porque vai encontrar outro na situação seguinte, como as pessoas que você conhece no ônibus ou em uma festa. Elas dão muito menos trabalho e podem ser bem mais úteis.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Pessoas

Qual é a sua idéia de diversão para uma sexta à noite?
Ir à um bar, encontrar amigos, pegar alguém no intervalo entre uma coisa e outra?
Vou ser sincera, às vezes reclamo dos lugares que freqüento, mas a culpa não é do lugar.
Pobre lugar! Como pode ser responsável pela "energia" que nele habita? Na verdade são as pessoas que fazem um lugar ser o que é. As pessoas fazem sua noite ser agradável ou não. E é tudo de um jeito tão simples...
Puxar um assunto com alguém interessante é O prêmio.
Pra mim às vezes é agradável apenas observar os trejeitos enquanto a pessoa conversa, discute, ri, bebe...deve ser um resquício dos tempo de artes cênicas, quando roubava características dos outros para inventar personagens.
Gosto de conhecer pessoas assim, boas de conversar, de observar.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Problemas

Eu tenho um problema, admito.

Ouvi falar que o primeiro passo para se livrar de um vício é admitir sua condição de viciado.
Pois bem, acabei de fazê-lo, mas não me sinto melhor... um pouco mais idiota, talvez.
Conviver com alguém, quase que diariamente, por 3 anos, depois realmente diariamente por mais 1 ano, faz com que pedaços dessa pessoa estejam espalhados por vários lugares da sua vida. Lugares públicos, particulares, músicas, filmes, fotos, fotos de lugares, memórias, outras pessoas, é quase um estado de loucura, mas depois de um tempo melhora. O meu problema é que a melhora parou. Mesmo lembrando de todas as sacanagens, de todas as infelicidades, não consigo dar o veredito de “ruim” ao que vivi. Tem um motivo, é lógico. Eu me apaixonei, cara, me apaixonei, no primeiro beijo, dado numa esquina. Na verdade não foi dado, foi enganado. Foi engraçado, deu medo, e foi bom, que nem quando você tem 12 anos.  Se alguém me perguntar porque tudo aconteceu eu diria que foi por esse beijo. Pode parecer idiota-romântico, mas não foi, foi físico, uma reação química.
E, depois desse tempo de convivência, passei quase 1 ano, acho que uns 8 meses, solteira. Não o encontrei por boa parte desses meses, depois, tive uma recaída e acabei tornando uma “volta” minha obsessão. Fiz de tudo para conseguir isso, e , finalmente , consegui. Eba!
Uhuuu!
Menos de 1 mês depois e acaboou.
Por que?
Porque não existia mais. Era uma mentira que eu inventei pra me confortar, porque era ruim demais saber que a pessoa que eu amava não existe mais, que eu não amo mais ninguém, e que eu não quero mais.
Me sinto perdida sem isso, mas não posso mais fugir : não existe mais. 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

É fácil, muitas vezes até prazeroso, julgar os outros. Carregamos um pequeno tribunal da inquisição em nossos olhos. Ainda bem que não podemos decapitar ou queimar vivos todos os condenados.
É, mas as coisas da vida fazem a gente morder a língua (mas não eram os olhos?)...
A chave para tudo, para a paz mundial, está em entender o porquê das atitudes que condenamos. Se o traído trair, se a vítima agredir, se o enganado mentir, então encontraremos a paz.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Feliz Natal

Eu não sei o que fazer.
Típico, eu mesma respondo.
Fim de ano. Pessoas apressadas empurram-se pelas ruas do centro em busca de presentes para si mesmas, para outros, ou apenas para saciar o apetite de seus olhos. Crianças chamam pisca-piscas de “natal”.
Eu caminho, cansada, com fome, decepcionada, não com a vida ou com o mundo. Na verdade, ambos foram bem generosos para mim esse ano. Foi um período de acertos, de me situar no mapa e traçar novos caminhos, mas até que ponto esses caminhos são novos?
Tenho vários desejos. Desejos de sim e de não. De dizer não às coisas que não consigo mais suportar, como a obrigação de terminar a especialização. “Pensa no título, teu salário vai aumentar.” Na verdade, meu salário só aumenta se, daqui a um ano, eu tentar concurso pra substituto novamente e passar, e não é isso que pretendo. Pretendo fazer mestrado em literatura. Pretendo sim, de verdade, não só por comodidade, ou por falta de opção, como pensava antes. Vou tentar tudo o que aparecer. Talvez ache um sim no meio de tantos nãos.
Preciso de descanso pra minha cabeça, parar de perder tempo com o que não leva a nada.
Parece idiota, mas sempre termino o ano fazendo reflexões, igual a todo mundo.
Dia desses vi uma cena de “Sociedade dos poetas mortos”. Carpe diem, ele disse. Seize the Day.
O que significa isso? Correr nu pelas ruas por que a vida é curta?
Não.
 Significa fazer com que cada dia seja espetacular,já que, cedo ou tarde, cada um de nós morrerá. Somos ração para vermes, Shakespeare já dizia em Hamlet, o primeiro emo.
Me sinto um tanto quanto maníaca por lembranças. Sempre dizia que tinha memória ruim, mas me livrei do hábito de falar coisas negativas sobre mim mesma, pelo menos relacionadas à memória. Numa tentativa de prender as memórias, comprei uma câmera fotográfica. O experimento funcionou. Encontrei hoje um vídeo da véspera de ano novo, de 2008 para 2009. Uma casa diferente, uma companhia diferente, meu cabelo tava diferente, minha dançinha ouvindo Bob Marley era diferente.
E os meus desejos para o ano novo, cheios de coisas que não voltam mais, de pessoas que não existem mais, mesmo que você as encontre ou fale com elas.  Veio uma lembrança, uma frase clichê...algo tipo “é preciso abrir mão do que se tem para poder pegar o que há de vir.” E quem não tem nada, o que faz?
E, mesmo depois de tanta reflexão, ainda não sei o que fazer.
“Típico.”

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Orkut como forma de auto-afirmação

Nunca entendi aquele espaço para digitar uma frase ao lado do seu perfil, não só no orkut, mas no gtalk, no msn, etc. O que eles imaginam que escreveremos ali? Alguma frase que defina quem somos, ou o que estamos sentindo? Acho estranho.
O mais estranho, no entanto, é que as pessoas geralmente escrevam uma frase que defina o que elas querem que os outros pensem que elas estão sentindo, e não o que está acontecendo de verdade.
Fotos com o namorado, fotos do casamento,abraçando os membros da família, os colegas de trabalho... As fotos estão lá, dando suporte às frases: "sou feliz", "inveja mata", "casal perfeito", quando, na verdade, você sabe muito bem que o "casal perfeito" morre de botar chifre um no outro, que o fulano odeia a coleguinha do trabalho, e que a "família feliz" se reúne, no máximo, uma vez por ano.

domingo, 21 de novembro de 2010

Tauba de tiro ao álvaro

Será que tem um alvo desenhado na minha testa ou uma folha de caderno com a frase "Kick me" grudada nas minhas costas?
Confesso que sou uma pessoa um tanto agressiva, de opiniões fortes , na maioria das vezes, essas opiniões são externadas de forma desleixada, sarcástica e seca. Sou péssima para dar conselhos sentimentais. Não sei resolver situações delicadas, nem sei como reagir em certos momentos. Isso me paralisa. Se um amigo vem me procurar e eu sei que ele/ela não está bem, que precisa ouvir alguma coisa legal, fico sem saber o que dizer. Passo tanto tempo tentando encontrar as palavras certas, livres de qualquer ironia ou brincadeira sem graça, que a pessoa vai embora e eu ainda estou lá, calada, caçando as palavras.
APESAR DISSO TUDO, não me considero uma pessoa má ( lá vou eu outra vez com a história de bem e mal). Não costumo provocar pessoas desconhecidas. Faço muito isso com meus amigos, mas é só para brincar, frescar com a cara deles. E, estranhamente, os desconhecidos costumam fazer isso comigo. Acho que é por isso que sou tão anti social.  Algumas vezes, amigos de amigos, ou amigos de namorados , de paqueras e afins, acabam me maltratando, seja com olhares tortos, empurrões, comida/bebida derramada em mim "sem querer", e eu, apesar da minha vontade de quebrar a cada do sujeito, me controlo, conto até 10 (aprendi com o Pato Donald) e finjo que nada aconteceu, tento me convencer que foi só impressão minha, não foi de propósito. Imagina, vários empurrões e uma dose de cana "derramada" na sua blusa não pode ser de propósito, seria bizarro demais.
E além disso, tem outras coisas. Pessoas que falam mal de você sem se quer terem trocado 2 palavras contigo. Quebro minha cabeça tentando entender porque isso acontece. Deve ser o alvo na minha testa, ou talvez seja minha cara enjoada de "nem aí"...as pessoas não conseguem lidar com alguém que não liga para elas.

sábado, 13 de novembro de 2010

Love, love, love...



O que é o amor? 
Essa semana tive que dar uma aula cujo título era "O que é literatura?" Alguém aí se habilita a responder? É difícil, assim como é difícil definir qualquer palavra abstrata. E o amor, então?
Mesmo que a maioria das pessoas finja que não se importa com isso, que digam  que "é coisa de mulherzinha”, ele está por aí, o tempo todo.

Ahammm...coisa de mulherzinha? Muitas dessas mulhereszinhas não sonham mais com vestido branco e meia dúzia de daminhas. Entretanto,  isso não quer dizer que o “amor” não seja mais importante  para nós, pobres menininhas.
O que eu quero dizer é que, para os homens, a relação com esse sentimento é tão complexa e tão importante quanto para qualquer ser humano. A diferença é que “eles” geralmente tentam esconder, tentam provar para si mesmos e para seus coleguinhas que são os fodelões. Que conseguem viver sem ninguém.
Amor...
Essa palavra te incomoda?
Ela é mutante. Pode ser uma pessoa de mãos dadas à outra, depois à outra. Pode ser você e seu cachorro, seu papagaio, pode ser sua mãe te dando um copo de bananada de manhã. O que não pode ser é vingança, posse, controle.
Não pode ser desprezo, economia, falta de tempo.

Tudo pode ser bonito, mesmo que seja só naquele momento, que nem uma foto do nascer do sol.

domingo, 7 de novembro de 2010

            A vida é surpreendentemente previsível.

sábado, 6 de novembro de 2010

Liberdade de Expressão!!!

Minta, mas minta direito!

Convivo com vários mentirosos, em seus mais diferentes graus de dominação pela mentira. Sendo eu mesma uma mentirosa e admiradora de Chicó, com suas estórias inventadas, mas nem por isso menos interessantes, sou bem tolerante à criatividade excessiva de muitos dos meus conhecidos.
Apesar dessa paciência desenvolvida ao longo dos anos, não dá pra me fazer de idiota...aí é pedir demais.Então, decidi escrever algumas dicas para os mentirosos, assim evitarão confrontos com a "verdade":

- Quando anotarem o número de um esquema no celular, usem um nome falso, de preferência um nome de pessoas do mesmo sexo. Por exemplo, o nome da gata é "Ana"? Então salve como "Ananias". Assim, se a namorada pegar seu celular, você fala que é o Ananias, aquele, do trabalho.

- Evitem inventar pequenas mentiras. Essas são as mais fáceis de se descobrir e as mais difíceis de se compreender. Se for mentir, tem que valer a pena, e tem que ser uma estória tão boa que mesmo que a pessoa descubra a verdade, perdoe, só pela sua criatividade.

Voltarei com mais dicam em breve...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

1000 Coisas que eu odeio em vcs

        O fato de conviver com uma pessoa por opção, seja ela seu marido, seu cachorro (para mim, cachorros são pessoas), sua namorada, seu colega de quarto, seu amigo, não significa que não haja coisas tenebrosas, odiosas sobre esse ser com quem você divide seu precioso e nunca recuperável tempo.
        Já perdi a conta de quantas vezes pensei em definir alguém, ou alguma situação como "boa" ou "ruim". Sei que é um clichê ridículo,mas toda situação tem dois lados. O que dá esse ar depressivo é que o mais marcante é sempre o ruim, mas tudo se trata apenas do modo de enxergar as coisas. Depois que sua costela quebrada já "colou" naturalmente, você pensa que podia ter morrido afogado se tivesse continuado tentando aprender a surfar.
        O que faz as pessoas continuarem juntas então, já que somos todos detestáveis? Pensei nisso muito nesse ano. Quando saí da casa dos meus pais ano passado, na verdade em 2008, eu achava esse lugar insuportável. Críticas, gongações, exigências...eu não conseguia mais tolerar e não era mais tolerada. Um aninho fora e vejo hoje que tudo era besteira. É só se calar, mesmo que você esteja certo, algumas vezes. É só ligar quando for dormir fora ou demorar a chegar. Na verdade, tudo o que as pessoas que convivem como você querem é saber que são amadas. Isso até mesmo se elas forem cachorros.
       Meu problema é que dizer isso é tão clichê e tão fora da minha realidade social...Não posso mentir, algumas vezes esse povo todo querendo atenção enche o saco. Só quero ficar sozinha, ou, no máximo, acompanhada por pessoas light, sem brigas, exigências nem frescuras. Mas nem sempre é assim. Às vezes, só às vezes, também quero atenção. Por isso é bom ter cachorro. Mesmo quando ele te suja com as patinhas imundas, está sempre (pelos menos na maioria das vezes, vai) feliz em te encontrar.
      Notei que minha cachorra fica puta comigo quando passo mais de 24 horas se falar com ela. O resultado é uma vingança leve, com mordidas e cabeçadas que mais parecem socos, além de arranhões. Mas depois de uns minutos ela se acalma.

      Seria bom se as pessoas fossem assim também, tirando os arranhões e cabeçadas, claro. Não dá tempo de ficar frescando, de birra. A gente pode sumir a qualquer momento. Vamos então aproveitar a presença de nossos defeituosos amigos, amigas, amores e cachorros!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dreams

Oh my life is changing everyday
Every possible way
Though my dreams, it’s never quite as it seems
Never quite as it seems

I know I felt like this before
But now I’m feeling it even more
Because it came from you

Then I open up and see
The person fumbling here is me
A different way to be

I want more, impossible to ignore
Impossible to ignore
They’ll come true, impossible not to do
Impossible not to do

Now I tell you openly
You have my heart so don’t hurt me
For what I couldn’t find

Talk to me amazing mind
So understanding and so kind
You’re everything to me

Oh my life is changing everyday
Every possible way
Though my dreams, it’s never quite as it seems
’cause you’re a dream to me
Dream to me

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DDA

        Tenho uma terrível dificuldade em me concentrar. O pior é que esse problema se espalha por toda a minha vida. Se não sei onde está o carregador do meu celular, não consigo ler o texto. Se leio o texto e anoto coisas interessantes em um pedaço de papel, logo não sei mais onde o pedaço de papel foi parar.  Fico o tempo todo preocupada, pensando das 10212983498'134 milhões de coisas que tenho que fazer. Fico tão preocupada que acabo não fazendo nada.
       E ainda tem o calor, que tira qualquer um do seu estado normal. Não consigo mais existir a tarde. Antes, se não conseguia estudar, aproveitava pelo menos pra dormir. Agora, com esse calor insuportável, qualquer uma das 2 coisas se tornou impraticável. Meu único momento de concentração, sem clima desértico, é a noite, a madrugada. O problema é que tenho que estar no trabalho às 7:30. Mesmo que eu acorde cedo, minha cara fica "de ressaca".
       Fico buscando estratégias para não me distrair, mas aqui estou eu, escrevendo besteira antes de terminar de corrigir milhares de coisas. Ontem, já de madrugada, me deu vontade de ver "Garota, interrompida". Por que eu fiz isso comigo mesma? Quase não consegui parar de ver. Fiquei pensando na Suzanna (Winona), se achando tão normalzona entre aquelas mulheres "loucas". Depois, vi uma entrevista da Angelina Jolie na época. Ela foi indicada ao oscar por sua personagem, a sociopata , Lisa. Na entrevista, Jolie dizia que Lisa era a pessoa mais livre que ela tinha interpretado e mais realista. Fiquei pensando no que ela falou sobre aquele tipo de lugar. Por não precisar dar um rumo à sua vida, você acaba se acomodando,e por ser tratado como criança, você acaba alimentando esse tipo de tratamento. Faz graça pros outros rirem, chinga, joga uma coisa em alguém....naquele mundo fechado é fácil ficar "louco", disse Jolie.
       Ela mesma ficou meio fora de si enquanto grava o filme....
Fui ao CEFET-IFCE SEI LÁ pedir para eles me aceitarem de volta nas artes cênicas, que agora é Licenciatura em Teatro...lá vou eu outra vez, querendo fazer mil coisas ao mesmo tempo...

domingo, 24 de outubro de 2010

Cranberries

Show dos Cranberries.

           Cheguei umas 22:40. No ingresso dizia que o show começaria às 22:30, mas, como esse povo nunca é pontual, cheguei tarde e me arrependi.
           As pessoas são organizadas da seguinte forma: os ricos ficam no camarote, aqueles que estavam com uma graninha a mais ficam no front stage e os outros (leia-se os lisos) ficam espremidos num lugar far, far away do palco. O A-ha foi a banda que tocou no último show que fui naquele lugar onde eles economizam o ar condicionado. Me encontrava numa situação financeira ruim e fiquei no lugar destinado aos desvalidos. Estava tão quente, apertado e lotado que acabei passando mal. Pedi ajuda a uma moça da organização que se negou a me VENDER uma garrafinha d'água. Uma outra moça, rica, que estava no front stage, me deu sua água e vomitei ali mesmo. Era impossível até sair para passar mal lá fora. Enfim, foi podre.
           Não podia correr esse risco com os Cranberries. Comprei então o ingresso do front. Mesmo assim, ainda estava apertado e quente, mas valeu cada centavo. Acho que quem gostava um pouco deles, deve ter saído de lá apaixonado. Comecei a gostar deles com uns 15 anos...já fazem quase 10 anos agora. Só assim a gente percebe como está velho. A Dolores, que por sinal é lindona, canta muito, de verdade. E as músicas que eles cantaram foram o mais nostálgicas possível.  Ah meus 15 anos...
Sabe o que é você ficar todo arrepiado ouvindo "ridiculous thought", "dreams", "Analyze", "I'm free to decide", "Salvation"...etc, etc...
           O fato é que eu ficava arrepiada com todas as músicas, com  a força com que ela cantava...
O melhor é que ela saia do palco ao fim de cada música, mas antes que ela desaparecesse atrás da cortina preta, dava para ver um sorriso satisfeito em seu rosto. E ela fez aquela dançinha esquisita.
          Queria que eles tocassem aqui amanhã!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Eu tive muitas "raivas" hoje. A primeira foi na rodoviária. Uma menina, de uns 20 e poucos anos, disse a seguinte frase: "Mulher não sabe dirigir nem carro direito, avalie um país".
Não satisfeita, ela continuou: "Eu sou mulher, mas não concordo muito não...Eu só vou voltar no Serra porque eu não quero ela.!"
Como uma mulher abre a boca pra falar uma coisa dessas? E depois vi no jornal que um motorista bêbado que não quis fazer o teste do bafômetro teve sua carteira apreendida. Ele entrou na justiça e ganhou. Ninguém pode ser forçado a levantar prova contra si mesmo.
Mas a menina na rodoviária faz isso de graça.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Suicídio

Estava passando pela 13 de Maio quando vejo o George.Ele vem até o carro e pergunta:
-Sabe o Marcelo B., de barba, cabelo mais ou menos por aqui?
 Fiquei buscando na memória, mas não veio ninguém.
-Ele morreu, suicidou-se ontem.
Essa coisa de suicídio me trás um monte de lembranças, lembranças de pessoas que morreram, que sofreram, que eu conheci. Eu estava lá tão perto, mas não vi nada. Algumas delas anunciaram claramente e cumpriram o prometido. Essa se jogou de um prédio. Estudava na mesma escola que eu. Lembro de quando fui apresentada a ela, pelo mesmo George que trouxe a notícia hoje. Ela tinha um olhar perdido, triste, já conformado com o que previra para si mesma. Sua morte quase não foi noticiada. Na verdade, só soube por outra pessoa que diz ter visto uma breve reportagem em um daqueles programas carniceiros que passam por volta do meio dia.
A outra, foi uma menina que realmente conheci. Ela entrou na faculdade comigo. Foi a primeira pessoa a despertar meu interesse. Conversamos algumas vezes, ela me emprestava revistas do Sandman. Lembrei um dia desses do dia em que a encontrei no centro. Eu estava com minha mãe e ela com a família. Apresentamos nossos entes queridos, trocamos algumas palavras sobre a faculdade e seguimos em frente. Ela era muito meiga, doce, tinha uma voz calma. Personalidade que contrastava com as tatuagens que exibia, e outras tantas que guardava escondidas. Ela trancou o curso, acho que por um ano. Eu estava numa fase ruim quando ela voltou, uma fase de "poucos amigos". Ela se enturmou com outras pessoas e nossas conversas passaram a se resumir a um rápido aceno com a cabeça.
Veio a notícia da morte. Dúvidas sobre a hipótese de suicídio. Mas essa morte eu senti. O impacto fez minha garganta travar. Eu a conhecia, a via quase que todos os dias. Como não percebi que tinha algo de errado? Ficou uma sensação de tristeza.
O outro tentou suicídio. Tomou veneno. Se ele tivesse conseguido, não sei o que eu teria pensado. Esse sim é um amigo. Alguém que conheço, alguém com quem convivi e que, apesar da distância de hoje, ainda me é caro.
Agora esse rapaz. Personagem do Benfica. Sempre pelo bosque, pelos bares, com sua barba e seus cabelos crescidos. Trocamos apenas algumas palavras ocasionalmente. Lembro que o vi pela primeira vez enquanto trabalhava como figurante em um filme Cubano rodado na Casa Amarela. Pedi um cigarro. A namorada dele, uma loira de cachinhos muito bonita, me deu o cigarro e ascendeu enciumada.
E agora acabou.
GAME OVER.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Quer um trago?

Eu acho massa o poder da propaganda de cigarros.  Durante anos, fomos bombardeados com comerciais de cigarros que propagavam a idéia de charme, sensualidade e poder, tudo em uma tragada de fumaça provocante. Nos anos 40, tinha até marcas recomendadas por médicos. Anos 80: propaganda de Hollywood bem ao estilo cinematográfico. Imagens de esportes radicais com fundo musical de sucesso na época. Marlboro: Um vaqueiro macho no oeste e aquela música que todos com mais de 20 lembram.
A visão sobre o cigarro mudou. Pessoas começaram a processar as empresas. Os comerciais que enchiam revistas e a televisão foram proibidos. No lugar deles, as pobres marcas foram forçadas a fazer propagandas auto-gongantes: tiveram que colocar fotos de “vítimas” da nicotina atrás das carteiras (ou maços, como queiram).
Se algo do tipo acontecesse com qualquer outra indústria, seria sinônimo de falência. Por isso eu admiro o cigarro. Ele não tem consumidores, mas seguidores. Imagine um pai numa loja de brinquedos na véspera do dia das crianças. A menina quer uma Polly desesperadamente. Ele compraria a minúscula boneca se atrás da caixa encontrasse a foto de uma menininha asfixiada com uma das peças pequenas? 
A indústria do cigarro é bem mais forte que qualquer birra de criança.  Quando questionados, os fumantes dizem: “todo mundo vai morrer mesmo” ou “eu só fumo meia carteira por dia”. Qualquer um que ainda não tenha sido totalmente seduzido perceberá o quanto é ruim fumar. Você acende o cigarro e traga. Ele queima sua garganta. Alguns são mais fracos que os outros, mas nenhum deixa de ter esse efeito. Depois vem a parte divertida, você sopra a fumaça. Isso é legal. No começo dá uma tonturinha boa. O problema é que a fumaça é podre. Seu cabelo, seus dedos, sua boca, sua roupa, tudo fica fedendo a cigarro. E a parte boa, a tonturinha, só dura uns segundos ou uns três, quatro tragos. Depois, resta só a fumaça fedorenta.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Quente

Uma cidade quente. Você já ficou brincando de pingar cera derretida nos seus dedos e esperar secar? Sabe a sensação de pele esticada e ardor que fica depois? É assim que eu sinto meu rosto.
Muitas pedras (pedras não! Monólitos- diria o professor Chapatin). Parece meio bizarro ir a um lugar para ver pedras, mas as pedras aqui são incrivelmente belas. Tons de cinza, o clima seco, o verde das plantas, as cores das casas, os rostos das pessoas enquanto esperam pelo ônibus na rodoviária. E eu aqui, fazendo um envelope de diário de bordo.
Que arrependimento, não trouxe câmera. Também não trouxe ninguém.
Uma velha vestida com uma blusa vermelha de malha, cabelos bem curtos, esbranquiçados, de rosto enrugado, cospe. Um fio de cuspe permanece pendurado no canto de sua boca. Ela se aproxima de um dos que esperaram na rodoviária e diz:
- Meu filho, tem uma moeda que me dê?
Ele só olha e ,alguns segundos depois, balança a cabeça dizendo que não.
A velha limpa o fio de cuspe que escorre pelo espaço entre seus poucos dentes com as costas das mãos. Em seguida, com a mesma mão, toca outra pessoa. 

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Mendiga da internet

Sou uma exilada da modernidade, uma mendiga da Internet.
Depois de ter sido assaltada por todos os planos, desisti de ter Internet em casa. Desde então, tenho me submetido aos horários de pessoas caridosas que me deixam usar sua ferramenta de comunicação com o mundo.

É muito triste isso. E o pior é que não é como a televisão. Quando saí da casa dos meus pais e minha televisão queimou, eu nem percebi. Passei uma ano assistindo TV só quando visitava minha mãe.

Preciso da internet para estudar e trabalhar, e também para saber o que está acontecendo e como as pessoas estão reagindo. Ainda me espanto com a capacidade de comunicação rápida e “democrática”. As pessoas podem se esculhambar, podem escrever em blogs, podem twittar...é massa. E se você vai comprar alguma coisa, ou se matricular num curso de inglês, por exemplo, basta buscar no “reclame aqui” que você fica vacinado contra pilantragem. E se você se interessa por uma pessoa, basta ler o blog dela pra descobrir que a gatinha é psicopata, ou que o cara cheira cola. Simples, rápido e acessível...Bem, acessível pra quem tem grana, porque pra mim tem sido bem difícil. E minha peregrinação em busca do Wireless perdido continua.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sandy

Domingo à noite, ligo a televisão para distrair um pouco a minha mente entre um texto e outro. Faustão entrevista Sandy. Na verdade, ele não consegue entrevistar ninguém, só fala o que quer que a pessoa diga e coloca o microfone perto da boca da pessoa por três segundos para que ela confirme o que ele disse.
 O quadro basicamente mostra opiniões de pessoas sobre a moça. Uma das pessoas entrevistadas diz que a Sandy é bem bonitinha, e tem uma voz bonitinha, mas canta umas músicas enjoadinhas. Logo depois, a moça que deu sua opinião foi bombardeada pelo apresentador, que afirmou que a “música enjoadinha” vendeu num sei quantos milhões de CDs. Uma frase totalmente coerente com a capacidade mental do apresentador que, desde que eu era criança, apresenta um programa tão sem conteúdo que não serve nem de chiclete para o cérebro. Um espaço na televisão destinado a promover amigos e filhos dos amigos, a fazer com que a população se encante pela vida desses supostos artistas.
Eu poderia citar um milhão de razões que me levaram a odiar a Sandy. Mas faço um desafio, alguém pode me dar uma razão para escutar as músicas dela? Não que eu não escute. Afinal, também fui criança na época em que o Sandy e Júnior era febre. Não tenho preconceito, mas uma opinião formada.
 A bichinha, toda orgulhosa de ter feito um cd autoral, com músicas “reflexivas”, segundo ela. A Sandy para mim é uma Xuxa de cabelos pretos, seguida por uma legião de fãns que gosta dela por ter escutado suas musiquinhas quando criança. Depois de ver uma reportagem sobre como o Justin Bieber foi dispensado por uma modelo 14 mais velha que ele, decidi desligar a televisão. Saudades do tempo que tinha TV cultura por aqui.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O caos na cidade

"Tu tá aonde? Tá fazendo o que que não tá com tua câmera cobrindo o caos na cidade?"
Depois dessa ligação refleti sobre o sentido da minha vida e sobre a utilidade das câmeras e da mídia "livre" que temos por aqui. Posso vir aqui, escrever o que quiser, falar bem ou mal de quem eu quiser. Sou livre! Posso filmar as pessoas da rua, fotografar do alto dos prédios e mostrar os produtos do real à outros loucos, que como eu, se sentem atraídos por isso, pelo caos. Aqueles que enxergam a beleza do beco na poeira, que se encantam pelo pop da praça José de Alencar. Chega de tanto "o Benfica é o centro da cultura." O que tenho visto pelas minhas andanças é que desde meados de 2004, a cultura que se mostrava por maracatus e cortejos pelas ruas do Benfica andam arquejando. Para não dizer que já morreu, vi umas 2 manifestações, uns 2 suspiros pelas ruas. Do que serve tanta sabedoria se ela é para ficar trancada no cabeção de uns poucos egoístas nem um pouco humildes? Do que vale internet sem fio se não se compartilha a senha? Do que serve seu corpo se ele é para ser tratado como um fruto proibido que não pode ser tocado (estiquei a baladeira, referência a "Bliss", ou "Felicidade", um conto da Mansfield)? E do que vale uma greve se os motoristas vão voltar a trabalhar feito escravos em menos de uma semana? Para mim é, e sempre foi (pelo menos na maioria dos assuntos) "ou fode ou sai de cima". Ou faz logo o mal, ou deixa quieto. Se é para mudar, então seja radical. Nada de aparar as pontas, raspe logo o cabelo no pente 1.

Confissões de adolescente

     Eu li "Confissões de Adolescente" um dia desses. Encontrei o livro lá pelas últimas estantes da biblioteca de humanidades, ao lado de "O segundo sexo", da Simone de Beauvoir, e  "Minha vida de menina" (não recordo o nome da autora e estou com preguiça de procurar).
Assisti a série na Cultura, e não sabia que se tratava da adaptação para o teatro do diário de Maria Mariana, que na série interpretava ela mesma. Que coragem! Abrir seu diário, com todos os seus medos, suas loucuras, expostas ao julgamento dos outros, sem nem se quer omitir nomes. De fato, naquela época, 1992, era preciso muita coragem. Hoje isso é tão comum. Quase todos os seres da face da terra tem um blog, onde compartilham suas opiniões e façanhas. Mas uma coisa de ousadia ela teve.
 Ela tinha 18 anos, e falou de coisas que eram vistas como monstros, mesmo que todos soubessem que eram naturais. Sexo, maconha, aborto, paquera...Hoje percebo as pessoas falando muito mais, de uma forma mais elaborada, textos filosóficos, mas dizendo, quase sempre, menos. As pessoas omitem os nomes nas suas aventuras. "Vai que o fulano lê e fica com raiva."  Qual é? Pelo menos no diário havia menos pudores.
Gostei de ler o livro. Me levou à tempos remotos, coisa não tão rara para um ser tão nostálgico.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Katherine Mansfield

           Eu achava que eu era anormal...calma, antes que você comece a enumerar os motivos que me levaram à essa conclusão, me explicarei. Quando eu era criança, era tímida. Depois, a timidez se misturou à um mal comportamento. Eu era danada, mas mesmo assim não conseguia olhar nos olhos. Muitas coisas aconteceram, fui rebolada no meio de uma multidão onde a regra era "falar ou morrer", então aprendi. Mas, mesmo assim, ainda tem um entalo, como uma bola de pêlos na garganta de um gato. Ele tenta colocá-la pra fora, tosse, parece que vai morrer de um ataque de asma, mas ela se nega a sair, grudada dentro dele. Consigo falar muitas coisas, mas outras tantas, bem maiores, não saem. As palavras são muito pouco, e, mesmo que eu fale, como terei certeza de que quem me ouviu, viu o que eu vi? Sempre imaginei como seria se eu pudesse ler pensamentos, e se todos pudessem ler os pensamentos uns dos outros. Acho que ninguém seria mais amigo, todos se odiariam. Apesar disso, às vezes eu queria que lessem meus pensamentos, para entender  que o que eu disse era pequeno diante do que eu pretendia significar. Gosto de poder ficar ao lado de uma pessoa em silêncio, olhando para o nada. Quase ninguém entende essa sensação. É uma espécie de conforto, de companhia solitária. Gosto também de só falar besteira, de rir, de fazer caretas e cócegas, de deitar na barriga do outro e tentar interpretar a língua estranha falada por seu estômago...
Sim, eu comecei dizendo que eu me achava anormal, exatamente por essa dor em me comunicar. Mas me apaixonei por Katherine Mansfield. Como é que ela consegue fazer você experimentar o que ela quer  sem nenhuma barreira, como se você vestisse a máscara da personagem? Ela toma sua percepção, e você não é mais só você, mas se torna, nem que por alguns instantes, Bertha Young, Kezia, Else, Mr. Peacock, e todas as suas personagens. Queria ter esse poder leve de abdução.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Vingança

"Revenge is a dish best served cold."

Essa discussão sobre a natureza do ser humano ser boa ou ruim já é bem batida, eu sei, mas não se pode negar que a vingança é atraente para todos. Quem nunca sorriu, mesmo sem perceber, ao imaginar aquela pessoa que te prejudicou de alguma forma caindo no chão, se estatelando, espalhando todas as sacolas pela rua, e rasgando o joelho com o impacto seco no asfalto, quem sabe até perdendo alguns dentes...
Wuthering Heights, ou Morro dos Ventos Uivantes, é um clássico no assunto, que está por todos os lugares: na cabeça das pessoas, nos olhares, nas músicas (oughtta know, da Alanis), no cinema (Kill Bill), etc, etc.
Em Morro dos Ventos Uivantes a presonagem principal arrasta sua vingança por gerações, atingindo com seu sadismo ( que em alguns momentos se torna masoquismo) até a filha de Cathy, a mulher que ele amava, mas preferiu casar com outro por status e dinheiro. Em Kill Bill, ficamos sedentos de vingança por empatia a Beatrix Kiddo, a noiva, que teve todos os seus convidados, seu noivo e seu bebê, assassinados por seu ex-amante vingativo. Acabamos esquecendo que ela era também uma assassina de aluguel, e que deve ter cometido atrocidades piores do que as que sofreu. Mas ela mesmo, com sua ética samurai, deixa claro que aceitará qualquer tentativa de vingança pelo seu acerto de contas. Todos merecem morrer no filme, então, o que tem a melhor espada Hatori Hanzo vence.
Quanto a mim, tenho tentado contar até dez para esquecer a razão da minha raiva, penso no provérbio sobre uma vingança tardia e melhor. Na maioria das vezes acabo esquecendo. A vida trás coisas boas e você esquece a amargura da vingança. Mesmo assim um sorrisinho surge espontaneamente no canto da boca ao imaginar a queda....ah, a queda...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Eu entendo!!!

É um milagre! Eu entendo!
Entendo agora muitas coisas que eu criticava, que achava bizarras e até me orgulhava em dizer que nunca faria. Entendo muitas loucuras, muito apego e desapego total. Entendo quem se defende atacando todas as possíveis ameaças, entendo as virgens e as putas, entendo os fotógrafos e os desenhistas, os pintores,escultores, alcoólatras e  drogados, as freiras, os pastores, as crianças e os velhos, aborto e gravidez. Ainda não sei de nada ( e ainda me alimento da ilusão de que um dia saberei, como se os anos por si só fossem cheios de sabedoria).
Rugas na cara,e orelhas crescidas não significam nada além de "your time is getting shorter", mas passar pelo mundo, sem ficar com os braços cruzados ao redor do peito, pode ajudar a aprender.

sábado, 17 de julho de 2010

Mentiroso

     Ele era um mentiroso compulsivo,o que significa que ele mentiria se fosse perguntado sobre as coisas mais triviais ou as mais criativas com a mesma satisfação e insistência. O conheci no primeiro primeiro ou segundo ano, não lembro mais com certeza. O que lembro é que quando ele falava, a saliva acumulava no canto de sua boca, formando uma gosma branca, que ele sugava, de vez enquando. Estava sempre contando vantagem, achando defeitos nas meninas mais cobiçadas, como se ninguém soubesse que era despeito por saber que nunca  teria nada com nenhuma delas. Alto, com um nariz reto e olhos caídos. Suas mãos grandes e seu sorriso bizarro seriam assustadores, não fosse seu jeito desengonçado de andar, que revelava suas fraquezas.
    No começo eu ignorava suas histórias totalmente inacreditáveis, mas depois de um, dois anos, as versões extraordinárias da saga daquele menino, que se pintava quase como um herói, se tornaram insuportaveis.  Não conseguia acreditar que ele me achasse tão imbecil a ponto de acreditar que ele estudava em duas escolas ao mesmo tempo, que tinha todos os cds de todas as bandas que você imaginasse, que já tinha dispensado a fulana e a beltrana, que sabia tocar baixo e guitarra e falava francês e inglês, que tinha seu próprio carro antes mesmo de ter idade para poder dirigir... e blá blá blá.
   O pior é que as mentiras eram tão constantes que percebi que ele mesmo começava a acreditar. O auge foi quando terminamos o terceiro ano. Fizemos vestibular. Primeiro, ele não quis revelar que curso tentaria. É normal, pensei, todos ficamos nervosos, medo de ser criticado. Depois de passar toda a vida escolar mentindo sobre suas notas, mesmo depois de eventualmente descoberto, o mentiroso tentou esconder o resultado do vestibular. Não é tão fácil esconder uma coisas dessas. Aparece nos jornais e até em algumas rádios. Um tanto obcecada por desmascará-lo,  pedi para um amigo buscar pelo nome do tal nas listas de aprovados. Nesse tempo eu mal sabia ligar um computador e muito menos tinha grana para ter internet em casa. O resultado era óbvio, ele não tinha sido aprovado. Estava na lista dos classificáveis do curso de filosofia, numa posição tão baixa que umas três salas cheias candidatos raivosos teriam que desistir da vaga para que ele pudesse entrar. Não resisti. Liguei para ele para saber do resultado e ele me disse ter sido aprovado. Não consegui suportar aquilo. Como é que ele podia fingir que eu era retardada? É claro que ele sabia que eu sabia a verdade. Como continuava a mentir? Eu precisava gritar que ele era um mentiroso, em cada detalhe da sua vida, desde sua higiene pessoal até sua religião, ele mentia o tempo inteiro...podia jurar que até em seus sonhos. "Mas eu não vi teu nome na lista dos aprovados"- eu disse.
E ele simplesmente mudou de uma mentira para a outra, puxando um assunto sobre a escola imaginária em que ele tinha estudado, ao mesmo tempo em que estudara comigo.
"Mentiroso!"-gritei em pensamento. Desliguei depois de mais alguns minutos de conversa. Informações que nem eu sabia mais se eram verdade ou mentira. Por via das dúvidas, decidi não acreditar e nunca mais tocar no assunto.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Multa

Eu odeio multa. Meu sonho é destruir todos os fotossensores de uma só vez, numa ação terrorista à la projeto Mayhem, do clube da luta. Como é que você leva uma multa às duas da manhã por fazer um retorno proibido? Qual é a lógica? 
Fora os fotossensores, também bombardearia todos os prédios que foram construídos sob escombros de construções antigas que deveriam ter sido tombadas...Lembrando do clube da luta, ô filme bom. Posso assistir milhões de vezes, mas continua sendo bom. 

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sem criatividade para um título

Às vezes tenho uns sonhos meio bizarros, mas nem por isso surreais. Tenho dormido muito pouco ultimamente, talvez por isso minha cabeça fique inventando essas insanidades, para mostrar que precisa de descanso, senão vai entrar em pane.
Sentar em um bar parece tão desinteressante hoje. As mesmas pessoas. Algumas paqueram, te olham, mas não fazem nada. Sou uma velha de 80 anos quando se trata disso. Não consigo ficar fingindo que não estou interessada, que não estou olhando quando na verdade eu quero olhar. É podre fingir não querer, mas é isso que torna as mulheres atrativas (reza a lenda). Gosto de ser direta, mesmo que me doa falar. Essa coisa de fingir que não lembra, ou de contar quantas vezes liga para não demonstrar que está afim...para mim isso é se anular. Pra que isso? Não é só viver aquilo e pronto? 
Essa sensação de euforia, de vontade de falar, de ver a pessoa, isso é tão bom. Não entendo porque tem que ser podado, controlado.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Casamento da Fernada, reflexões e copa

         Acho que devo ter uma veia artística. Pelo menos as ânsias e depressões criativas eu tenho. É estranho como as palavras ficam presas na minha garganta, chegam a causar dor, um engasgo, mas logo são reprimidas pela minha autocensura. Sinto falta de sentir algumas coisas. E que falta faz um copo de cerveja bem gelada, ou uma cachaça com limão e sal pra tirar o gosto amargo da vida.
        A Fernanda se casou. Foi muito lindo o casamento. Eu até peguei o buquê, que na verdade não era um buquê, mas um santo Antônio feito de pano. Ela estava excepcionalmente linda, de véu e grinalda, algo que talvez eu criticasse em outra pessoa. Mas ali não havia espaço para nada negativo, só admiração e um sorriso que brotava na minha cara sem que eu me dessa conta. Pensei que faz uns oito anos que somos amigas, que realmente a considero minha amiga, e que a felicidade dela me deixava feliz.
       Essa semana pensei, sem nenhum motivo que o meu id me revelasse, no significado de gostar de alguém.  Li o texto do Nonato sobre algo que ele já tinha me falado pessoalmente, a copa como marco temporal. Parece até tema de dissertação.  Lembrei que o Emmanuel comentou que eu não gostava de jogo de futebol. “Valha. Por quê?”, perguntei.
“Por que a gente não assistiu nenhum jogo na copa passada.” Eu ri da resposta dele. Era começo de namoro. Nós não tínhamos motivo para perder tempo assistindo jogo.
       Tem um peso enorme que me puxa em direção ao solo, às lágrimas, à loucura. Pensei em voltar às artes cênicas. Talvez amanhã passe lá pelo CEFET para saber se eles aceitariam a filha pródiga.

“A arte das artes, a glória da expressão e os raios solares da luz das letras estão na simplicidade. Nada é melhor que a simplicidade... nada pode compensar o excesso ou a indefinição.”
Folhas de Relva- Walt Whitman

Vítima de bulling

           Tratar as pessoas de uma maneira e ser tratada de outra (totalmente diferente e pior) me deixa indignada. NUNCA, em toda a minha vida, desde a alfabetização, deixei de falar com alguém que já tivesse sido meu amigo (teve uma menina na terceira série, Renata, mas foi tudo combinado, num outro dia eu explico). Entretanto, já fizeram isso comigo várias vezes. Quase posso ouvir os gritos dessas pessoas dizendo que eu fiz por merecer. Pode até ser que eu tenha vacilado com meus amigos algumas vezes, mas a vida não é assim? E outra, eles também  vacilaram, fazendo algo igual ou até pior, milhares de vezes, mas sempre recebendo meu perdão, mesmo quando nem se quer pediram.  Queria entender o motivo que os leva a me julgar de forma diferente, mais rígida.             


          Alguns já me deram dicas dizendo que pareço não me abalar facilmente. Minha mãe não apareceu na minha formatura e nem por isso eu parecia decepcionada.  Perdi o emprego, me separei, e parecia “normal”. A questão é: não vou chorar por algo que não posso mudar. Parece que as pessoas querem que você chore, que se acabe. Percebi que como eles (amigos) acham que não me abalo, ficam irritados por não conseguir me irritar e simplesmente tentam me boicotar. Aconteceu com a Marcela, quando comecei a ficar com o cara com quem ela tinha ficado há quase um ano. As pessoas faziam festinhas sem me convidar, eu nem tinha mais com quem sair. Os amigos em comum falavam comigo escondido dela e eu achava aquilo patético. O único que não fez isso foi o Wladson ( thanks).

        Não deixei de falar com os outros que me evitaram, ou que não tinham coragem de admitir que ainda falavam comigo, apesar das ordens da super ofendida Marcela. Não é do meu feitio. Outros episódios parecidos aconteceram. Como o da menina que deixei me esperando (não vou citar nomes para que ela não ache mais uma razão para  me odiar) por quase uma hora, já não lembro ao certo. Bem, ela ficou puta. Pedi desculpas, ela disse “tudo bem”, só que desde então simplesmente não olha mais na minha cara e partiu para o velho plano de boicote. Fui convidada para um almoço que deveria servir de comemoração ao meu aniversário, e ao aniversário de outro amigo. Quando cheguei ao restaurante, todos já tinham almoçado. A moça e seus amigos estavam lá e colocaram o plano de boicote em ação. Mal olharam para mim, exceto a Lidi, e foram embora. Almocei apenas na companhia de um amigo, que não fazia parte do “grupinho”. 
        Não reclamei com nenhum deles, nem demonstrei a cagada que tentaram fazer comigo. Pra quê? Acho ridículo ter que ensinar a alguém mais velho do que eu o que são boas maneiras.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Até o dia em que o cão morreu - Daniel Galera

         Gostei do filme "Cão sem dono", e enquanto catava umas imagens para colocar no post que escrevi há alguns dias, acabei descobrindo que foi baseado no livro cujo título está no título deste post( redundante...). É, na verdade eu não li a sinopse, senão teria tido essa revelação antes. Já cheguei na locadora (muito boa, tem quase tudo, a Cinéfilo, próxima ao cefet-ifet, sei lá) procurando pelo filme. Um amigo havia me recomendado, disse que eu gostaria. Para a minha felicidade, ele estava certo.
           Busquei pelo livro na internet, e assim que soube onde encontrá-lo, fui até lá. O preço? Trinta e dois (para mim, quase milhões, mas não pude resistir). Pensei antes de pagar: tem que valer a pena. E valeu cada suado centavo que gastei em busca de prazer literário. Gosto do Bukowski, de certa forma ele ( Daniel Galera) me faz lembrar do velho safado, mas não chega a ser muito parecido...há um não sei o que de diferente, que faz com que esse "Até o dia em que o cão morreu" seja muito bom. Foi a primeira vez que comprei um livro de um cara não renomado. Gostei, recomendo, e acho que eu deveria fazer isso mais vezes. Tantas quantas meu salário permitir.
            Da narrativa, bem , não posso evitar comparações entre o livro e o filme, não posso também evitar afirmar que o livro é bem mais massa que o filme, que algumas cenas foram cortadas, e que isso me fez construir as personagens na minha cabeça de forma um pouco diferente. Mas há sempre vantagens em ver o filme. Por causa dele tive acesso ao livro.
Ele não é muito longo, não deve ter mais de 100 páginas, por isso leio devagar, como quem não quer que acabe. Nele, entendi melhor as razões que explicam essa estranha relação da modelo sonhadora com o tradutor desempregado, que odeia sonhos distantes e evita ao máximo se relacionar com os outros. Explica que não tem telefone porque se tivesse, ficaria decepcionado nos dias em que ninguém ligasse, e se recebesse algum telefonema, ficaria puto por estar sendo importunado.
            Ciro, personagem principal, parece comigo, e com você, e com ele, e com ela. Os questionamentos, a apatia justificada, o desprezo pela modelo que aparece duas ou três vezes por semana, sem que ele tenha, nem se quer uma só vez, pedido que ela voltasse, e o cachorro vira-latas, que deu um jeito de chegar ao apartamento de Ciro, no décimo sétimo andar...a liseria, o desprezo pela busca de status. Ciro é um dos nossos.

domingo, 27 de junho de 2010

Ultimamente

Ultimamente tenho escrevido tanto, tenho achado tudo tão...poético. Me deixa em paz, Sarah.
...
       Tenho 24 anos, e me sinto ridículamente adolescente. Não moro sozinha porque não tenho dinheiro. Estive em uma crise tão foda que nem grana para comprar a ração da minha cachorra eu tinha, e ela quase morreu devorada por carrapatos, não fosse o remédio de 100 contos que seu "pai" comprou. Tenho um emprego fixo hoje, embora com prazo de validade definido: dois anos. Agradeço ao amigo que me deu o toque desse concurso para substituto. E olha só o que eu tento "ensinar"...literatura. Não existe trabalho mais difícil, analisar uma obra de arte, desmembrar um corpo de emoções, ser um médico legista. Mas no mais, é muito massa; eu gosto. 
     Cortei meu cabelo...consegui me segurar por muito tempo, quase um record, sem pintar ou cortar, mas eu já não aguentava mais essa mesma cara no espelho. Se eu for a praia uma só vez,no meio da tarde, fico com uma cor que me deixa com cara de latina pobre. Acho bonito, bronzeado, mas em mim dá esse efeito colateral. 
     Você tiraria a roupa para um estranho? Os homens fazem isso com uma facilidade invejada pelas mulheres.
     Quando eu tinha uns 12 anos era "apaixonadinha" por um vizinho, mas ele gostava da menina mais bonita da rua. E eu, se já sou magra hoje, você pode imaginar como eu era. Mas o problema não era só a magreza. Eu era muito moleque, gostava de capoeira e carimba, queria competir com os meninos. Como ele gostava da mais bonita e famosa, eu o imaginava inatingível. É esquisito, essa situação se repetiu várias vezes na minha vida. Mas o mais estranho é quando você encontra esses caras com uma namorada horrorosa. Então você pensa, mas ele não gostava da mais bonita?
     Eu sempre fui do contra, não queria ser a mais bonita, nunca quis. Queria ganhar por outros motivos, pena que não funcionou muito.

Gato

A vida corre lá fora, distante de todos nós. Gosto de sentar perto da janela, de ver as árvores, as casas, passarem. Gosto de ver os fios do postes levando luz. Confessar algo a completos estranhos, ctrl C/ ctrl V de sentimentos que se confundem, mas jamais serão iguais.
Ontem estava indo para a calourada e encontrei um gatinho, daqueles laranjas, com olhos verdes/azuis ( sou meio daltonica). Ele estava no posto. Senti vontade de que ele fosse meu. Levantei o gato e olhei em seus olhos. Um filhotinho perdido. Coloquei ele no carro. Pensei que o bosque seria melhor que o posto. Ele se aconchegou no banco de trás. Depois desceu e ficou perto da minha mão. Quando parei o carro, ele estava bem deitado, esparramado. Me senti uma bosta por abandoná-lo ali. Será que ele sobreviveria com os vidros do carro fechados até eu voltar? Pensei que não. O bosque então, mas os portões estavam fechados, era sábado, depois das 8. Me despedi, como quem não queria deixar ir, e o coloquei pela fresta do portão.
Não consigo mais escrever, meus olhos não suportam mais a claridade do monitor.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sexo

         Ben Affleck e seu parceiro de outros filmes e da vida "real", Matt Damon, são anjos em Dogma. Em um trem, na sua viagem para destruir a humanidade, como fizeram em Sodoma e Gomorra, os anjos disfarçados de caras gatos encontram a personagem principal.
         Ben e ela estão em uma conversa interessante, porém, ao ler os pensamentos da moça que dizem "ele é um gato...transaria com ele", o anjo se revolta.  Ele diz que os seres humanos só pensam em sexo, e que este é motivo de piada no céu. Uma das razões é a cara que fazemos enquanto transamos. É...é mesmo ridículo vendo de fora.
         Bem, voltando a conclusão do anjo, não acho que os seres humanos só pensem em sexo. Na verdade, pensamos em sexo e nas vantagens que ele pode nos proporcionar. Não estou te chamando de puta, não me entenda mal.
        Se um bando de mulheres vai assistir ao jogo do Brasil de shortinho e blusinha mostrando a barriga, é óbvio que elas não estão lá por serem patriotas ou amantes de futebol. Estão lá porque certamente o bar está recheado de homens, e elas querem transar. No entanto, diferente dos homens, elas querem transar, querem se apaixonar, namorar, casar, ter filhos para poderem finalmente deixar de transar em paz.
       É lógico que essa diferença não é inerente ao homem ou a mulher. Somos criados para ser assim. As meninas, bombardeadas com idéias de submissão. Os meninos, com obrigação de serem machistas, sob pena de rejeição social e preconceito. Se uma mulher só quer o sexo, sem os sonhos que ela foi ensinada que deveriam vir depois, então ela é uma puta. Nem venha dizer que é mentira, você também pensa assim.
      Não acho que mulheres e homens sejam iguais. Precisaria se cego para pensar assim. (Mesmo cego,poderia perceber a diferença na voz e em outras cositas más), mas é isso que atrai, essa diferença, esse desentendimento. A paz imperturbável é chata.

domingo, 20 de junho de 2010

Cão sem dono





Lei do Menor Esforço: Baseia-se no princípio da não-resistência. Revela que tudo na natureza flui naturalmente e sem esforço. É assim com o nascer do Sol e o desabrochar de uma flor.


      Hoje é Domingo, jogo do Brasil. Umas amigas chamaram para ir ver o jogo num bar, cheio de gente. Escolhi ficar em casa, corrigir umas provas, e assistir um filme que aluguei, mas como sempre, não tive tempo de ver e acabei gravando. Cão sem dono, era o filme. Corrigi algumas coisas e, um pouco depois do jogo ter começado, dormi. Acordei com a comemoração do primeiro gol.  Continuei deitada, pensando. Pensando em acordar, pensando no que faria depois de levantar. Alguém me ligou. Alguém que diz ainda me amar. Depois a amiga, no bar. Antes de ir, tinha que ver o filme, uma hora e pouco, curtinho. 


     Um cara formado em Russo, uma modelo. Desilusão, não futuro vs. sonhos, viagens, uma vida diferente.Os dois se encontram e ficam por lá, no apartamento dele. Mesmo que ele, Ciro, não esteja afim de mais nada, as coisas simplesmente acontecem. O melhor desse filme, para mim, é a realidade.
     As conversas, os encontros, a liseira, o cachorro maloqueiro...parece até a minha vida. Me lembrou a minha cachorra. Ela não é bem minha, não sou dona. Ela é mais uma amiga.
        Outra coisa interessante é que quando achamos que perdemos, tudo muda. As coisas parecem finalmente ser importantes, e doem dentro da gente, e fora. O desenrolar da trama é natural. Sem grandes reviravoltas, sem efeitos especiais. Os lugares onde a história acontecem são limitados: apartamento do Ciro, casa dos pais do Ciro, a rua do Ciro, casa de uns amigos, quarto do porteiro-pintor. O mais massa é que a história consegue ser extremamente interessante e profunda, sem a pompa de um filme cult. Chamaria até de um "filme brasileiro maloqueiro." Literatura, sonhos, trabalho (revisar uma tradução de um texto traduzido do Russo por 1,50 a lauda com prazo de 15 dias), doença, morte. O que é preciso pra gente acordar? O que é preciso pra gente viajar? 
        

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A ordem das coisas

        Muitos coisas nos sufocam...lixo, barulho, milhares de coisas a fazer em um tempo impossível.
 Se deixamos, somos tragados pela imensidão de coisas que nos rodeiam. O que temos que fazer para escapar dessa garganta imensa é entender o que não se pode mudar, e lutar contra o que está sob seu domínio. 
       Deixar as coisas morrerem, irem embora, nem sempre é errado, nem sempre significa desistir. Se algo já morreu, insistir significa impedir que o novo tome seu lugar.
        A vida é muito complicada quando você é um se humano. Você PRECISA se relacionar com outras pessoas, seja para se casar, ou para comprar um pão. Tudo o que você disser pode ser usado contra você. Confesso que não gosto da seriedade das coisas que eu digo/faço. Gosto de coisas leves, de pessoas que me façam rir, de uma inteligência sarcástica, de brincadeira, de mordida, de pão na chapa com queijo, presunto, ovo e café com leite por 2 reais na cultura francesa. Não gosto de ficar com raiva. Se fico, boto pra fora na mesma hora, pra não ter perigo de se acumular dentro de mim, depois esqueço. Eu minto, admito, mas não gosto de mentiras. Até tolero, mas não às relacionadas aos sentimentos. Gostava e não gosta mais? Fala! Tinha tesão e ficou frígido? Não dá pra esconder...
        A morte nos faz todos iguais. Iguais no jantar das minhocas. O que se perde é o corpo, só...o resto nunca morre, faz parte desse mundo, e do além. Sorrisos de pessoas conhecidas dão alegria. A tristeza delas é também inevitavelmente compartilhada. O equilíbrio do caos desse mundo me faz aceitar o meu presente. É com o futuro que devo me preocupar.
       Gosto de me arrepiar ao ver uma pessoa, gosto de olhar no olho, de pensar no sorriso, de sonhar com alguém, de ficar imaginando o tal beijo que nunca encontra lugar. Quando eu era pequena queria me apaixonar. Até escolhia minha vítima. Era alguém interessante ,tinha que ser. Eu nem gostava dele, mas criava a paixão na minha cabeça, alimentava, até que me convencesse da minha posição de apaixonada. Funcionava. Eu embarcava mesmo na minha criação, mas depois lembrava que o autor do sentimento irracional era eu mesma. Queria conseguir fazer isso hoje: fingir paixão. Se apaixonar é tão bom, libera substâncias entorpecentes na sua corrente sanguínea.  

quinta-feira, 17 de junho de 2010

        Onde reside nossa alegria, nossa força, nossa confiança? Provavelmente em lugar nenhum. Qualquer coisa pode nos derrubar, nos fazer tremer, chorar e desistir. Desistir sem nem se quer tentar, ou até mesmo depois de tentar várias vezes. Achamos nojento antes de experimentar, dizemos ser ruim ou bom antes de conhecer.
     I can feel myself growing older...
As coisas não são boas ou ruins, na verdade isso é você quem decide. Parece clichê falar que se deve tentar enxergar o lado bom das coisas, nem sempre isso é possível. Não vejo como um condenado a morte na cadeira elétrica pode tirar algum proveito disso, mas a maioria das situações trazem oportunidades, mesmo que pareçam ruins.
 

domingo, 6 de junho de 2010

Quem é você?

 "Quem é você?", perguntou a Lagarta.

Não era uma maneira encorajadora de iniciar uma conversa. Alice retrucou, bastante timidamente: "Eu - eu não sei muito bem, Senhora, no presente momento - pelo menos eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então.

Sou uma criança, às vezes um menino, outras uma menina. Na maioria das vezes um tanto melancólica, saudosista. Escuto Bob Dylan e Luís Gonzaga. Leio William Blake e Patativa. Alguns dias durmo, noutros tenho insônia. Amo e odeio com a mesma intensidade, e esses sentimentos transitam entre si com facilidade. Adoro quando minha cachorra senta ao lado da minha cadeira e me olha como quem diz: "oi, tudo bem? Posso ficar aqui?"  Minha pé durinha do interior. Ele me faz companhia nas horas solitárias. Quero companhia e quero ficar só. Quero caminhar na praia , mas não quero sair de casa, estou cansada. ,

sábado, 5 de junho de 2010

Junho

         As pessoas me criticam pelo meu problema em me afastar definitivamente do meu ex-marido. Hoje concluí que sou muito corajosa. Tive coragem de me afastar de algo que parecia me fazer feliz, mas me fazia mal. É podre falar que fui "casada" (morei junto, pra mim dá no mesmo) só por um ano. Mas um ano pra mim é muito tempo. Tempo suficiente pra perceber como 4 anos de namoro não te revelam quase nada sobre a pessoa com quem você convive. Quando percebi no que eu estava me metendo, fui embora. Ir embora, infelizmente, não significou esquecê-lo totalmente, admito. Ao menos tenho coragem de admitir. Tive coragem também de ir embora. Muita gente não tem. Sempre que converso com alguém casado me sinto feliz e triste. Feliz porque não estou mais casada, e triste porque os problemas que me fizeram ir embora acontecem com todas as pessoas. Aí eu me pergunto: será que pra ser casada tenho que tolerar tudo aquilo? Se for assim, refiro ficar sozinha. Antes só que mal acompanhada, já dizia a minha avó.
Um dia desses estava com uma amiga que também terminou um namoro longo e disse a ela que conseguia ficar bem sozinha, "Isso porque tu é estranha", ela respondeu. Eu sei, sou meio esquisita mesmo, meio anti-social. Não quero namorar tão cedo. Sou daquele tipo de pessoa que só namora se estiver apaixonada, e como sei que isso vai demorar uns 3 mil anos para acontecer, sei que vou ficar sozinha por um "bom" tempo.
  Quando eu analiso o quanto sofri, fui feita de idiota, do que abri mão pra agradar alguém que sempre mentiu, e até hoje, quando não tem mais nenhuma necessidade, ainda mente pra mim, me sinto uma imbecil, mas não me arrependo. Aprendi algumas coisas, entre elas, que não ter medo de mostrar seus sentimentos faz de você uma merda.

The end,

sábado, 22 de maio de 2010

Pedofilia- Lolita, Anita, Matilda...


                A pedofilia, para os mais desinformados, é um sinal do fim dos tempos, uma mazela social do nosso século. Na verdade, para discutirmos esse tema precisamos esclarecer, primeiramente, o que é infância, o que é sexo e o que é abuso. Desses três conceitos, creio que o primeiro seja o mais problemático quanto a definição.
                Philippe Ariès na "História Social da Criança e da família", trada do surgimento do conceito de infância, que é muuuito recente. Se analisarmos o relato feito por esse historiador, teremos certeza de que a pedofilia, assunto que causa uma reação tão horrenda na sociedade de hoje, é muito antiga e foi , por muito tempo, aceita.
               "As pessoas se divertiam com a criança pequena como com um animalzinho, um macaquinho impudico. Se ela mordesse então, como muitas vezes acontecia, alguns podiam ficar desolados, mas a regra geral era não fazer muito caso, pois outra criança logo a substituiria."
                Até o século XVIII, por aí, a criança era um anão. Depois dessa primeira fase de "paparicar" o "brinquedinho novo", os adultos a tratavam exatamente como outro adulto. Não havia pudores, nem abstenção do trabalho. Esse conceito está presente até nas pinturas da época, onde as crianças são retratadas como homens adultos, porém, numa escala menor.
                Imaginem uma família de camponeses franceses no inverno. Até os animais tinham que dormir dentro de casa para não morrerem congelados. Não dava pra ter um quarto para cada filho, é lógico, nem se quer uma cama pra cada um. O que acontecia então era que toda a família dormia na mesma cama. Ou seja, as crianças tornavam-se observadoras e às vezes até participantes do ato sexual dos pais. Não fiquem chocados, e antes que alguém queira me processar ou me excomungar, não fui eu, mas historiadores renomados como, Ariès, na obra acima citada,  e Robert Darnton, em seu "O grande massacre de gatos, que trouxeram esses fatos à tona.
                  "Na sociedade medieval o sentimento de infância, não existia – o que não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde a consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Essa consciência não existia (ARIÈS, 1973 p. 156)"
            A revolução industrial e o processo de "cristianização acabaram levando a distinção entre crianças e adultos. Entre a revolução industrial e "hoje" aconteceu o seguinte: estabeleceu-se o conceito de infância, as crianças foram "separadas" dos adultos e essa fase da vida começou a ser tratada de maneira "especial" e pregou-se a idéia de que sexo e maldade são elementos estranhos ao universo infantil. 
            Aí vou eu para a desconstrução do sujeito cartesiano...não existe verdade absoluta, os conceitos são criados por indivíduos dentro de uma determinada cultura e de um determinado período. Um ser que era antes igual ao adulto, passou a ser, digamos, idealizado, sacralizado como puro e inocente...  Não dá pra fazer a linha boba e achar que criança não tem interesse sexual. O pobre do Freud morreu explicando isso e todos os seres do planeta já tiveram pelo menos um discussão sobre o que ele afirmou. 
           Quem já assistiu "Lolita"?  Ela choca por ser uma criança que tem noção da sua sexualidade. Só isso. Ah, tem um pouco de maldade e manipulação também, mas que criança não manipula pra conseguir o que quer? No caso da personagem, ela encontra a arma perfeita, o sexo. O desejo , a curiosidade e o arrependimento infantil ajudam a delinear essa personagem tão bem construída, tão real. A beleza do filme, me refiro a todas as versões, me faz pensar...Será que o livro, ou os filmes sobre a "Lolita" seriam bem aceitos se tivessem sido  lançados  hoje, depois desses casos recentes de crimes hediondos envolvendo pedofilia? Será que as pessoas acham mesmo tão errado se sentir atraído por crianças? Será que a mini-série "Presença de Anita" teria feito tanto sucesso? 
          Todo mundo sabe de algum caso em que alguém mais velho, geralmente um homem, tem um relacionamento com alguém que está dentro dessa fase que hoje definimos como infância. Esse relacionamento não é necessariamente de exploração ou de violência, e é aceito pela comunidade. Então,  o que seria pedofilia? E se a "criança", como a Lolita, ou a personagem de Natalie Portman em "O profissional", se interessar por alguém mais velho? Até que ponto isso é crime, ou deveria ser tratado como crime pela sociedade?


...


Dicas de fontes sobre o assunto:
Filmes:. O profissional, Lolita
Livros:  História Social da Criança e da Família, O grande massacre de gatos( nessa obra o assunto não é o foco, mas há vária informações interessantíssimas a respeito) 
*Tô com preguiça de botar as referências.
=)

domingo, 16 de maio de 2010

Criamos nossa própria matrix

Caralho!
Não dá pra expressar minha reação em outras palavras...caralho...as pessoas são muito mentirosas, e o pior é que as mentiras mais convincentes são contadas por elas, para elas mesma. A pior coisa não é a mentira em si, mas todas as justificativas para se convencer de algo que você mesmo sabe não ser verdadeiro.

sábado, 15 de maio de 2010

Cabeça vazia...

Andei muito tempo distante do meu blog, muitos dos meus seguidores devem ter sofrido (isso foi uma tentativa de ironia). A explicação: muitas coisas a fazer. Especialização, trabalho na UECE, ensino à distância e meus queridos alunos de inglês...tudo isso. Antes, no meu antigo emprego, me sentia sufocada. Agora, mesmo tenho um milhão de coisas a mais, me sinto satisfeita e motivada a enlouquecer ainda mais lendo Hamlet, e qualquer coisa que encontrar sobre. Essa loucura, vontade de fazer as coisas direito, só me faz bem. Infelizmente só funciono sob pressão. Se tenho muito tempo ocioso acabo dormindo e só. Quando me dou conta a vida já passou. Gosto dessa loucura, de estar cansada sábado a noite, mas saber que fiz muito.
A melhor coisa do mundo é se apaixonar pelas coisas. Quem já assistiu "Whip it!" ( ou "Garota Fantástica, título em português)? A história de uma menina de 17 anos, pressionada pela mãe a concorrer em concursos de beleza, moradora de uma cidade pacata, garçonete de um restaurante chamado "Le porcão", e com uma vida totalmente parada. Essa menina se apaixona ao ver um grupo de garotas de patins entrando numa loja para distribuir panfletos sobre uma vaga no time de Roller Derby. Para quem não sabe, Roller Derby é um esporte onde umas meninas mal encaradas e de mini-saia andas de patins(aqueles antigos, não o in-line) e se acotovelam tentando ultrapassar as adversárias para marcar pontos).  E ela descobre que é boa nisso, apesar de pequena,jovem e magra, ela consegue competir e até vencer as loucas tatuadas. Achei massa a transformação da personagem ao se apaixonar por esse esporte, e por tudo o que estava envolvido em tornar-se uma patinadora do time. Liberdade, ousadia, força, amizade, aquela receitinha meio sessão da tarde que sempre funciona. Outra coisa boa do filme é como a relação mãe opressora- filha oprimida é desenhada. A mãe não é pintada como uma vilã, mas como uma mulher meio frustrada que tenta realizar seus sonhos através da filha, dessa forma, sufocando-a e tornando-a apática. 
Andar de patins significa lutar pelo contrário, sair da cidade-prisão  monótona, se apaixonar por um integrante de uma banda e não ter medo, mesmo que depois ela seja corneada por ele...e é se arrepender e entender que apesar de errada, a mãe só queria o melhor mesmo. Um lindo filme, engraçado, forte e delicado. Fiquei sabendo dele através de uma entrevista da diretora, Drew Barrymore. Fiquei curiosa pra ver do que ela era capaz e gostei. Só não entendi  porque não chegou aos cinemas por aqui. Injusto.
Juliette Lewis, a própria Drew e Ellen ( a menina do Juno) estão no elenco, só pra avisar mesmo.