quinta-feira, 8 de novembro de 2012

domingo, 28 de outubro de 2012

As pessoas vem e vão na minha vida, mas nunca são as mesmas quando voltam, nunca me causam as mesmas reações. Dia desses ouvi o que desejei ouvir mais que tudo por muito tempo: que eu era o amor da vida, a mulher da vida, que ainda era amada.
Me senti a própria ironia do mundo. Como teria chorado de alegria em ouvir isso meses antes.
Agora, nem conseguia reagir, só olhar nos olhos de quem falava e me sentir como quem vê um filme daquela cena, não como quem é protagonista.
Ele me beijava tão desesperadamente que me fazia sentir o gosto da saudade, queria me ver, me sentir, e eu me sentia ainda expectadora.
Era eu mesma quem estava vivendo aquilo?
Não parecia. Tudo era ainda meio estranho e distante como um sonho daqueles que não se sabe que é sonho enquanto se vive.
E o outro... O outro estava lá, como todos os outros do grupo, preparados para uma reunião. Depois da reunião, puxou um assunto meio besta e caminhou ao meu lado enquanto todos se dispersavam. Comecei a me perguntar para onde ele ia. Depois fiz a pergunta. "Estou indo contigo", ele disse. Só pensei: "Tá". Não sabia que esse "contigo" seria tanto.
Ele veio comigo.
Dormiu abraçado.
Almoçou no dia seguinte.
Deu beijo de despedida na rua.
Antes me sentia protagonista com ele.
Agora era novamente mera expectadora.
Vontade de acordar e sentir as coisas com o peso do real, não apenas como um sonho sem explicação.

Comecei a ler "A insustentável leveza do ser" ontem e não parei. Oitenta páginas. Estava com saudade de ler um livro que me tomasse dessa forma. Ele me deixa triste por me ver de forma tão clara em meros personagens inventados.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Erro

Cada dia que passo digerindo um acontecimento muda meu sentimento sobre. Pedir desculpas é uma arte...des- culpas...quantas culpas eu não tenho? Quantas vezes nem enxerguei meus erros, ou se enxerguei, achei que eles eram pequenos demais para causar qualquer prejuízo às outras pessoas?
É aquela velha história...se é com os outros você não sente.
Mas agora eu senti, e de cum força. Acho até que senti mais do que a pessoa que prejudiquei. Um erro que me fez ver um milhão de outros que passaram desapercebidos pelo ego inflado, ou, talvez, pela minha teimosia taurina.
E agora?
Agora resta me arrepender: e arrependimento significa mudar as coisas para não fazer mais.
Mais uma vez, depois de anos, está decretado: não posso mais beber.
Não preciso nem explicar porque...basta associar Sarah à bebida e lembrar dos episódios do Médico e o Monstro no Pernalonga.
Outras coisas que quero mudar, eu mudarei...estou trabalhando nisso.
A vida tem sido generosa comigo.
Agora é hora de aproveitar.
Não tenho mais lágrimas para chorar pelo que perdi. Parece que finalmente entendi que o que foi perdido não volta. O que tenho que fazer é me preparar para o Devir. 

domingo, 2 de setembro de 2012

"Quando se fala da perna, lembra-se do fêmur; se da cabeça, o occiptal; da mulher, a vagina; é seu ponto vulnerável, seu calcanhar-de-aquiles. Todas as sensações partem daquela cavidade."

Tempo dos Mortos - José Alcides Pinto

terça-feira, 28 de agosto de 2012



Parece minha cachorra!
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domingo, 26 de agosto de 2012

sábado, 25 de agosto de 2012

Disarm you with a smile...
(essa música é tão, tão, tão linda, mas não tem nada a ver com o que eu ia escrever)

Eu estava há tempos com uma vontade, quase uma necessidade, de um num sei o que. Mas hoje eu ganhei esse num sei o que que eu nem sabia que queria. Tão bom ter surpresas gostosas. 


=)

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Refleti muito esses dias (dessa vez foi sério). Senti desesperada em achar que estou desperdiçando um tempo precioso que não tem volta (como, aliás, nenhum "tempo" tem), que é esse tempo do mestrado. Tenho tido rompantes de estudo: li várias coisas diferentes loucamente, MAS, logo em seguida, eu paro e fico só endoidando. Hoje fui dar uma fatídica aula de inglês...tinha combinado de encontrar um "esquema" depois, mas tava tão mal com o fato de estar perdendo tempo que voltei correndo pra casa. Li os um dos textos do grupo de estudos no ônibus (no caminho da ida e da volta terminei quase tudo), depois li o outro. Peguei "O nascimento da tragédia pra ler"....são dez pras onze e eu só (ou pelo menos) conseguir fazer o mínimo: ler os textos que serão discutidos amanhã, ou seja, isso não é o suficiente.
Eu PRECISO ler mais um bilhão de coisas além disso, mas, pelo menos, hoje percebi que eu posso "matar" boa parte dessas coisas se seguir nessa rotina de simplesmente vir pra casa e ler loucamente.
Pensei em desabafar, em pedir conselhos, mas eu já sei de tudo, então porque perder meu tempo? Melhor agir logo. Já sei o que eu quero. Na verdade, acho que é a falta de fé em mim mesma que me desvia do meu objetivo e me coloca novamente nesse velho caminho de "trabalhar para viver". Fico meio que me sentindo mal, já que percebo que as pessoas me julgam por "dispensar" trabalhos, mas, cara, eu não quero passar a minha vida inteira fazendo isso quando eu SEI que existe uma realidade muito mais instigante...acho foda o fato de às vezes ter que lembrar a mim mesma que eu sou a Sarah que não tá nem aí pro que os outros pensam.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Pior dia da vida

Arrisco dizer que hoje foi o pior dia da minha vida. Logicamente, já tive dias terríveis (um exemplo recente foi o dia em que abriram minha perna e tive que gritar por atendimento no IJF enquanto me esvaía em sangue, e 20 dias que seguiram esse momento , já que senti muita dor e tive que ficar sem andar). Mas hoje foi o meu pior dia "normal", porque nada demais aconteceu e tudo conseguiu ser uma bosta.
Eu não fiz nada de extraordinário, só fui dar aula em dois lugares diferentes.
O problema foi que eu tive que atravessar a aerolândia inteira pra poder chegar na parada do ônibus. Demorei uma hora pra chegar ao meu destino e, na volta, demorei uma hora e quarenta. Ou seja, quase 3 horas no trânsito, sendo pisada e apertada e um ônibus lotado, sendo que, de carro, eu demorava 10 minutos para fazer esse percurso.
Isso me fudeu.
EU chorei.
Parece frescura, ainda mais vindo de mim, um ser nativo da aerolândia, mas eu tinha que ter um tempo a tarde para escrever minha dissertação e só cheguei em casa lá pelas 4, morrendo de fome. Almocei e saí outra vez pra dar outra aula. 30 min pra ir e 40 pra voltar. Menos mal.
É uma rotina muito insuportável, sufocante e triste. E eu cheguei em casa tão cansada que queria dormir, mas tenho que ler e que tentar terminar o que escrevi para mandar pra minha orientadora.
Aí leio aqui no Blanchot que o Kafka era muito indignado com o fato do mundo (trabalho, família, obrigações sociais) tomarem o tempo que ele precisava para criar, para escrever.
Enquanto caminhava para a parada pelo centro quase totalmente deserto pensando que minha vida é uma merda e que eu deveria morrer, um velho passou por mim dando boa noite. Eu respondi e ele completou: "fique com Deus".
"O senhor também".
"Confie em Deus, você e sua família".

Duendes.
Owwww...como eu era bonitinha em 2007!

Há cinco anos...cinco anos...

Esse é um e-mail que mandei pro meu namorado na época. Dia 06/03/2007.

Bem, ja que nao da pra falar com vc, vou escrever aki. Qurm sabe um dia vc lê e entende um pouco oq eu quero dizer....Já faz mais de 1 ano que a gente ta junto,oq é muito importante pra mim, é uma coisa que eu nunca consegui viver, e agora fico feliz por ter conseguido...pq eu gosto muito de vc, e foi por isso que quis ficar contigo, mesmo depois de ter ficado na merda algumas vezes, e tal...Mas oq eu te disse ontem( e tu nao entendeu) é que ta me  deixando cansada, com vontade de ficar só : Tu nao se importa cmg....deixa eu explicar: Qnd tu bodou no meio da rua , e tua mae e teu pai ficaram te olhando torto, e eu nao disse nada,tu nem se quer se  tocou da merda que aquilo foi pra mim,Lembro q eu falei q devia ta c raiva de ti tbm e tu me perguntou:" PQ?"..... e isso se repete em varias situaçoes: tu tem guardas uma fotos de menininhas pornos q tu ja comeu, eu reclamei umas mil vezes,a gente  brigou muito por causa disso,mas eu posso jurar q vc nem se quer pensou em jogar fora,pq parece que eu nao me importo, nao me magoo c isso...a a ultima situaçao dessas foi nesse fim de semana: Eu passei dois dias ligando pra  vc e vc nao teve o minimo interesse de me atender,ou retornar dizendo: "Sarah, desculpa"ou "sarah,eu to vivo"....eu sempre engulo as coisas que me magoam,pq eu quero ficar c vc,e vc repete  e critica o tempo todo cada passo em falso que eu dou, dizendo q oa meus erros "matam o amor de qalqer um"....e o amor que eu sinto? quem é q ta preocupado em cativar? o meu namorado disse que ia na minha casa domingo, e eu nao sei nem onde ele tava, pq ele nao se importou em me ligar, nem q fosse pra dar uma desculpa mentirosa...e na minha casa eu mal vejo a minha familhinha, pq toda folguinha que eu tenho, eu vou pra casa dele, durmo por la....mesmo que no dia seguinte eu tenha que ir pra aula,ou trabalhar cedo.....e ele oq ele faz por mim? sinceramente....agora eu nao lembro de nada que ele tenha abrido mao pra ficar cmg....e isso me entristece muito,pq eu vc que vc nao gosta de mim,nao esta disposto a enfrentar nada por mim....

domingo, 12 de agosto de 2012

Pérolas

Bebi essa semana. Encontrei pessoas que me acompanharam e elas me contaram umas pérolas que soltei nesse momento ébrio. Fiquei chocada com minha perspectiva niilista.

Falando da vida amorosa:
"Eu não quero mais saber de ninguém não. Eu quero é encher a cara, ficar bêbada e dormir aqui no chão."

Falando da vida profissional:
"Quando eu tinha vinte anos eu achava que aos 27 já estaria com minha vida estabilizada."

Detalhe, ainda tenho 26.


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Quero me "casar" outra vez. É tão bom esperar quem você ama chegar em casa pra vocês prepararem o jantar juntos. É tão bom ter uma casa...passar o pano pra ela ficar bem limpinha pra vc poder andar de pés descalços.
Não é nenhuma novidade que eu não saiba conviver bem com as pessoas. A grande novidade, que tbm não é novidade nenhuma, é que eu acabo entrando numa viagem de me dar lindamente bem com quem amo entre quatro paredes. 
Quando penso sobre meu único namoro eu tenho certeza de que vacilei. Acho que por ser um ser que não encontra lugar no mundo, eu sempre me sentia melhor quando fugia e me escondia numa caverna com meu namorado. 
Aí tudo era perfeito. Era como se fosse outro mundo.
E no mundo de verdade eu era uma bosta.
E agora eu tenho a mesma sensação (apesar de não me considerar uma bosta hoje).
Será que eu preciso aprender a sentir a mesma coisa que sinto quando estou com quem amo, debaixo do lençol no mundo real?
Será que isso é possível?
Sempre me fodo na minha "vida" amorosa. Sempre.
Isso me deixa triste.
Mais bosta ainda é ouvir amigos comentarem pq eu sempre me dou mal se sou, segundo eles, bonita, inteligente, divertida...essas coisas.
Lembro de uma das vezes que quase me acabei de chorar.
Liguei pro meu ex (a gente já tinha terminado) e ele me disse que eu era tudo isso aí que acabei de escrever, MAS que ele não gostava mais de mim.
Eu chorei tanto, tanto...
Sei lá. Talvez fizesse mais sentido levar um fora se ele tivesse jogado um grande defeito na minha cara. Talvez eu tivesse procurado mudar esse defeito pra me tornar uma pessoa melhor. Mas quando alguém te cobre de elogios e te dispensa, vc fica meio que sem saber onde foi que errou, logo, não sabe o que fazer para acertar.
Outro grande defeito meu: eu não sei o que quero.
Lembro que fui embora de casa...voltei aqui pra casa da minha mãe, e me tornei quase que obcecada por voltar a namorar meu ex. Pra que?
Eu não gostava mais dele.
Ele não gostava mais de mim.
Acho que era só vontade de fazer dar certo, já que acreditei que ele era o "amor da minha vida" por tanto tempo...
É incrível como eu demorei tanto tempo pra me entender.
Eu não gostava mais de ficar sozinha em uma casa com ele. Enchia meu saco ficar a noite na casa dele, vendo filme, cozinhando...
E era exatamente isso que eu adorava fazer (e quero muito voltar a fazer).
O grande defeito é não perceber quando acabou.
Acabou.
Aceite e vá embora.
Se fosse assim, ninguém que já se amou se odiaria.
Hoje eu faria tudo tão diferente.
Algumas pessoas são mais retardadas que as outras, precisam de anos pra aprender.
Acho que eu aprendi. 
A próxima pessoa que dividir o mesmo teto comigo será muito feliz.
=)

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

domingo, 5 de agosto de 2012

Joan Osborne - One Of Us


Massa, vou começar o romance assim: O que estava passando na cabecinha doente dele, me perguntar se eu namoraria com ele se ele não tivesse namorada, pensei um pouco e percebi que eu era a amante daquele triângulo. Foi aí que começou minha crise existencial e pensei como seria viver um amor plural, distante das monogamias cotidianas...


Gil Souza, autora do romance "Sarah e seus plurais amores".

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Trata-se pois de uma cegueira com relação aos outros [...]. Quase não lhes dou atenção; ajo como se estivesse sozinho no mundo; toco de leve pessoas como toco de leve paredes; evito-as como evito obstáculos; sua liberdade-objeto não passa para mim de seu coeficiente de adversidade; sequer imagino que possam me olhar [...]. Essas pessoas são funções: o bilheteiro nada mais é que a função de coletar ingressos; o garçom nada mais é que a função de servir fregueses.

Citação de O ser e o nada, de Sartre (um livro que nunca li).

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Addicted



E de repente esbarro com um momento de epifania dentro de mim; do que serve isso tudo? Do que serve beber a noite toda, sair por aí, frescar com pessoas cujos nomes você quase nunca lembra? Isso não serve pra nada, e mata você mesmo aos poucos, feito cigarro...
Você está fumando sua própria vida e nem se dá conta disso.
Tem um monte de coisa que quero tirar da minha vida, o mais bizarro é que eu mesma sou responsável por quase todas elas.
Deveria ser lei zelar pela própria saúde.
Será que alguém tem que me obrigar a fazer isso?
Me surpreendi com esse ser magro, de olheiras, no meu espelho...uma cara abatida e triste.
Eu é que causo isso.
Já está mais do que na hora de mudar essa situação, de parar de fazer coisas que eu SEI que vão me prejudicar.

Pessoas extremamente carentes estão por toda parte esses dias, apesar(ou justamente por causa) do mundo de relações superficiais que se construiu. Elas são piores do que os zumbis do walking dead: de longe se passam por pessoas normais, depois começam a correr atrás de você e não tem tiro na cabeça que faça elas pararem, mas o pior mesmo é tornar-se uma delas.

segunda-feira, 30 de julho de 2012


July 31

It's a long road to becoming exactly the person you want to be, Taurus. You can't change who you are. Input from every person you know and lessons from every bump in the road contribute to who you are as a person. Be proud of yourself, but also realize that there's a great deal more internal development that needs to be done. Meditate or be alone for a little while. 

Pessoa - Marina Lima



Ando ressuscitando umas músicas tão românticas...e nem sequer um paquera eu tenho...loucura minha mesmo.

domingo, 29 de julho de 2012



Marion: Aposto que você teve várias mulheres durante esses anos todos.
Indiana Jones: É, eu tive algumas, mas todas elas tinham o mesmo problema.
Marion: E qual era?
Indiana Jones: Elas não eram você.

Bom queixo, Dr Jones.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Como sempre, dificuldades para lidar com as pessoas. Eu, geralmente, sou muito desapegada. Acho que não tenho amigos. Entretanto, às vezes me pego apegada demais.
Não sei mesmo do que preciso, ou o que quero (uma chata constatação).
Me ofereceram um emprego para dar aula de inglês. Vou aceitar, né?
Parei de ter vontade de morar sozinha, talvez por ter passado muitos dias fora de casa recentemente.
Ontem sonhei que alguém quebrava a pata da Linda, minha cachorra, e eu ficava com muito, muito ódio e tentava matar a pessoa.
Eu sou mesmo estranha.
Comecei um namoro que terminou menos de 2 meses depois. Eu pedi pra namorar e eu terminei. Contraditório. Mais estranho ainda foi meu namoradinho chorando, pedindo para não deixá-lo. Cena deprimente. Expliquei pra ele que aquilo só fazia eu sentir que estava fazendo mal para ele por deixá-lo em tal posição. Ele é um menino ainda. Talvez se torne pior pelo que eu fiz. Mas o que eu fiz? Fiz alguma coisa de errado com ele? Eu quis tentar, eu realmente gostei dele, mas uma pessoa sem nenhum objetivo na vida é chata demais pra mim. Prefiro ficar perdida entre mil leituras, mil planos, mesmo que eles não se concretizem, do que ficar no limbo.
Não via o menino desejar nada.
Uma vida sem desejo é vazia demais pra mim.
Preciso querer coisas.
Sinto vontade de me apaixonar.
Sinto falta de como eu era nas gravações que tenho de quando morava com o Emmanuel.
Eu era apaixonada.
O Adrian é que sempre me lembra disso. Esse olhar de fora me fez perceber a diferença entre essas duas Sarahs. Agora pareço mais dura, mais fria. E só se passaram alguns anos. Mas são anos, é muito tempo, não é?
Acho bizarro como uma ligação do Emmanuel ainda me arranca um sorriso. Ainda somos capazes de conversar sobre as mesmas besteiras e de fazer o outro rir mesmo que esses anos tenham passado e que tenhamos nos tornado diferentes.
Me questionei muito tempo sobre o que era o nosso "relacionamento", e hoje vejo que éramos amigos, os melhores amigos. Com quem você bebe sozinho em casa e ri a noite toda? Com quem você vê filmes ou cozinha? Com quem vc fala sobre seus outros amigos, seu trabalho, seu dia? Com um grande amigo.
Daí minha tristeza quando ele me negou ajuda.
Eu acreditava muito nessa amizade.
E ainda acredito, só que ele não é do jeito que eu esperava.
Paciência.
Acho que amizade tem muito a ver com amor. Eu considero as pessoas. Sei que sou uma filha da puta em vários aspectos, mas eu me preocupo e procuro não deixar quem eu amo na mão.
Amizade é muito maior do que o envolvimento sexual que o amor romântico sugere. É muito mais forte. Por exemplo, eu sei que vários amigos meus me acham uma fela da puta e discordam de mim em quase todos os aspectos, mas um não sei o que faz com que eles gostem de mim e ainda me queiram por perto. Há algo mais misteriosos e doentio, porém, belo?

domingo, 15 de julho de 2012

Ghost World

Comprei uns filmes pra me ajudarem nos planos de ficar em casa estudando forever...
Ontem tentei ver Ghost World, mas acabei dormindo. Nove horas e eu já estava mimindo. Cansaço.
Hoje, quando estava indo ligar o DVD feliz da vida, derrubei ele no chão, mas de uma distância de uns 5 cm só. Achei que nada aconteceria.
A bandeja nunca mais funcionou.
Passei meia hora procurando uma chave de fenda, pois, na minha mente de super heroína, eu seria capaz de consertar aquilo com meus poderes paranormais.
Logicamente, estava enganada.
Mais meia hora perdida.
Fiquei tão puta que comecei a bater no DVD (minha internet tbm não estava funcionando e eu não estava conseguindo me concentrar pra ler, então o que faria sozinha em casa num domingo a noite, sem DVD, Tv ou internet, e sem capacidade metal para ler?).
Começo a pensar na vida e fico triste.
Fuçando, acabo encontrando um outro DVD misterioso e, finalmente, consigo assistir o filme (tive que ver tudo outra vez, já que esse DVD não tinha controle).
Gostei. Muito. Mas fiquei meio angustiada, que nem quando li "O apanhador no campo de centeio".
Fiquei com medo de quem eu vou me tornar. Pior. De quem estou me tornando.
O mais ridículo ainda é que a personagem passa por sua crise nos seus 17, 18 anos, enquanto eu já tenho 26, quase 10 anos a mais.
Às vezes eu me canso dessas minhas coisa, das minhas queixas, da minha falta de decisão sobre a vida, sobre mim mesma.
Minha mãe acha estudar uma coisa muito juvenil. Hoje ela me disse que eu já deveria estar trabalhando numa grande empresa.
Quase berrei que eu não quero trabalhar em uma grande empresa, mas, seguindo a filosofia Ganesha, fiquei calada.
Depois pensei: não quero trabalhar numa empresa...quero?
O que eu quero?
Porque estou estudando?
Tenho uma doença grave: insatisfação crônica.
Quase sempre as coisas que eu desejo são muito mais encantadoras de longe. Quando as alcanço, geralmente, me decepciono e me arrependo. Isso serve para amor, amigos, trabalho...a única coisa que não me decepcionou foi estudar. Gosto do que eu estudo, e parece que todas as voltas sem destino que dei serviram para que eu descobrisse isso. É a única coisa que sei.
O resto de mim ainda é um total desconhecido.
Há muitas cenas marcantes no filme, como a do cara que, todos os dias, espera o ônibus que todo mundo sabe que nunca virá, mas que acaba passando no fim.
É um filme para ser digerido aos poucos.
Ainda estou começando.

quinta-feira, 12 de julho de 2012


Meu desenhinho com nanquim



Rotina de férias/greve:

Nunca durmo antes das 3
Acordo depois de uma da tarde
Leio
Almoço lá pelas quatro
Leio
Brinco na internet
às vezes vou pro ensaio a noite
outras vezes desenho no meu intervalo.
Tô ficando cansada desse quarto.
=/

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Ganesha tem os olhos pequeninos para demonstrar seu foco e concentração, duas orelhas grandes para escutar mais e uma boca pequena para falar pouco e assim poder aprender muito e armazenar todo seu conhecimento e sabedoria em uma grande barriga.



Hoje fui ao velório de uma moça. Eu não a conhecia. Na verdade, ela era aluna de uma amiga e tinha mais ou menos a minha idade. Talvez fosse um pouco mais jovem. Ele estava lá, no caixão. O rosto com hematomas e um corte bem grande no queixo. Acidente de moto. Lá pelas cinco da manhã de hoje ela postou uma foto numa festa. Um copo de vodka na mão. Voltou com uma amiga (que estava sem capacete, mas sobreviveu) e bateu num poste. 
Morte.
A morte sempre me faz pensar. Quantas vezes eu já não quase morri, seja por imprudência minha mesmo, por acaso, ou por desejo dos outros ?
E se eu tivesse morrido?
Sempre imaginei como seria meu enterro, quem estaria lá, o que as pessoas falariam. Acho que é influência do YuYu Hakusho (em um dos primeiros episódios o Yusuke presencia o próprio velório). Acho que deveria me esforçar mais para ser agradável, para levar o bem a outras pessoas. Às vezes me sinto tão pesada, apesar de frescar e acabar fazendo as pessoas rirem. 
Aqui em casa as coisas não estão muito boas. Estou cansada de ouvir piadinhas da minha mãe sobre meus amigos que, segundo ela, são todos estranhos, e/ou viados e sapatas. Estou cansada por ser criticada na cara por estar fazendo mestrado e não ter um trabalho (minha mãe não entende que recebo uma bolsa para estudar. Acho que se eu ficasse quebrando pedras com uma marreta, ela acharia que eu estou fazendo alguma coisa mais útil). Estou cansada de ouvir coisas como "começa em uma cerveja, os amigos oferecem....logo a pessoa sente vontade de beber...chega a beber em um bar". 
Parece que ela tá falando de pedra! 
"Beber em um bar!!!!"
Que coisa mais terrível e vil para uma pessoa de 26
 anos que paga suas contas fazer! Enfim, não quero que minha mãe aceite que sim, eu tomo cerveja de vez em quando. Não é esse o meu objetivo. O que me incomoda é que TUDO que eu faço é motivo pra reprovação e NADA merece um elogio. Sou um estranho no ninho, sou Gregor Samsa vivendo acuado em um quarto como se fosse um inseto. As pessoas me atacam aqui....minha mãe, meu irmão...o que quase nunca o faz (só quando gravemente influenciado pelos outros dois) é meu pai. Meu pai é uma figura muito inteligente. Há anos ele optou por quase não falar com a família. No começo isso me incomodava. Sentia como se não o conhecesse. Tinha vergonha que conversar qualquer coisa com ele. Mas hoje eu entendo perfeitamente que se trata de uma estratégia para viver melhor. Desde ontem comecei a utilizar o mesmo plano: só falo o essencial. Já tive uns dois picos de raiva e quase estraguei tudo. O que me fez começar meu "voto" se silêncio foi o escândalo que meu irmão deu ontem. Meu irmão. Aquele cujas reuniões de escola eu frequentei, aquele pra quem dei uma guitarra, um amplificador, caronas, pra quem indiquei leituras...Ele surtou. Me chamou de rapariga, quenga, quis me bater. Isso enquanto usava MEU computador. Um computador. Pode não significar nada pra vocês, mas eu entrei na faculdade, estava quase na metade do curso, e não tinha um computador. Tinha que pedir pros amigos me deixarem digitar os trabalhos nas casas deles. Era muito trash, e, na época, era caro pagar pra alguém fazer isso. Arrumei meu primeiro emprego e comprei um  computador. Meus pais JAMAIS teriam me dado um. Depois arranjei mais grana e comecei a pagar internet e tal. Pra mim foi uma conquista, um grande esforço. Ouvir aquele pivete mimado me chamando dessas coisas e usando daquilo que suei pra conseguir (pra trabalhar/estudar, não pra ver pornografia como ele) me irritou profundamente. Tão profundamente que parei de discutir e fiquei calada. E é assim que pretendo ficar FOREVER. Algum pedido de desculpas? Não. Minha mãe presenciou a briga e tentou me culpar. Pedido de desculpas depois? Não. Tô cansada de ouvir como meu comportamento é terrível para uma mulher, como eu deveria estar preocupada em me casar, como eu deveria trabalhar e estudar menos para poder ir para a igreja. Estou cansada de minha mãe mandar eu trocar de carro se ela sabe que não consegui nem sequer pagar a porra do carro velho que eu dirijo! Estou Cansada.
Sick and Tired.
Como um ser pode exigir tantas conquistas se, com o dobro da minha idade, ela não conseguiu nem metade do que eu já consegui? Não que eu me ache...mas se eu não achar que passar na porra de um mestrado, se professora de uma universidade, e ser financeiramente independente são coisas massa que consegui, então vou acreditar no que ela me diz (quase todo dia): que minha vida não está boa e que eu dou motivos para ela ter vergonha de mim.
Quer saber, eu tenho orgulho de mim. Não preciso que ninguém mais tenha. Mas é deprimente demais ouvir essas coisas que me jogam pra baixo o tempo todo.
De agora em diante, ficarei mudinha. Mudinha aqui em casa. Talvez um dia, quando eu estiver bem longe, alguém, além da minha amada cachorra, sinta minha falta sinceramente.

domingo, 24 de junho de 2012

Allie: Say I'm a bird! Say I'm a bird!
Noah: ...you're a bird.
Allie: Now say you're a bird too.
Noah: If you're a bird then I'm a bird.

domingo, 17 de junho de 2012

Sou a taurina mais impaciente que conheço. Gosto muito de tudo resolvido rapidamente, talvez por ter o raciocínio rápido em situações de pressão. Fico muito agoniada em ver as pessoas demorando mil anos pra motar um quebra-cabeça quando eu já sei a resposta há tempos. Isso me torna uma pessoa mandona, pois eu tomo a frente pra terminar tudo em pouco tempo. Também não tenho paciência pra ficar fingindo entre pessoas hostis. Eu sou muito anti-social, e tenho plena consciência disso, mas, nem por isso fico disparando farpas por aí. Eu sou agressiva sim, confesso, apenas quando tenho que defender alguma opinião (e a minha sempre estará certa). Parece que vou ter um infarto sempre que discuto (discutir no sentido de conversar, de argumentar) sobre qualquer besteira que seja. Nem sei de onde vem isso.
Tenho refletido muito sobre relações humanas desde que a Marcella deixou de ser minha amiga (há uns sete anos...caralho, como estou ficando velha). Hoje sonhei com ela. Sonhei que a gente tinha viajado juntas e que estávamos indo correndo pro aeroporto pra pegar o avião de volta pra casa). Então eu encontrava no chão um álbum com fotos de um menino de quem gostava quando tinha uns dez anos. Sonho véi nostálgico. Da Marcella não tenho notícias. Gostava muito dela. Isso eu só percebi depois de perdê-la, como a maioria dos humanos medíocres. Mas acho que foi melhor a gente ter se afastado. Nós fazíamos muita loucura juntas. Depois que ela saiu da minha vida eu comecei a trabalhar, a estudar mais...o namoro também me ajudou. Fiquei mais quietinha.
Infelizmente há males na vida que trazem coisas boas, como os remédios que não podemos misturar com bebidas. Não beber é uma dádiva.
Agora passo por uma situação parecida com a da Marcella, do fulano, da beltrana, e de tantos outros que passaram pela minha vida, seja como amigos ou como amantes. Apesar de estar vivendo a mesma coisa pela centésima vez, ainda não sou capaz de decifrar o que essas pessoas queriam de mim. Algumas eu até sei: um pedido de desculpas, amor eterno e cego, normalidade, o oposto de amor...
O fato é que não adianta mais. Eles já "morreram". Alguns voltam dos mortos, como o Icaro, que eu amo demais e sofri muito em perder. Mas o meu sofrer é agressivo, não choroso. Tenho raiva do tempo, das pessoas e do mundo, por brincar comigo. Eu sofro sim, mas eu não paro. Sei que vem gente nova, sempre. O lado ruim é o problema da fome e da água no mundo. O lado bom é que você nunca vai terminar de conhecer todos. Vai ter sempre alguém novo.
Não me entenda mal, nem me veja como fria por pensar assim. Sei que cada um é único, como a zebra amiga do leão em Madagascar, reconhecida em meio a milhões de zebrinhas listradas. Ela era única pra ele, assim como a rosa do pequeno príncipe. Como a raposa disse, o tempo que ele gastou com a rosa tornou-a única, diferente de todas as outras no mundo. 

sábado, 26 de maio de 2012

Clichê

- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta a agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.


Acho gostosa a sensação de esperar um encontro. Mesmo que se tenha certeza de que a pessoa estará lá, a sua espera, você se pergunta se algo não terá acontecido. E se ele/a não te esperar? E se vocês se desencontrarem? E se nunca mais conseguirem se ver novamente? 
Mas então você chega e ele/a não está lá. 
Decepção. 
Um bilhete pendurado na porta avisa o lugar onde te espera.
Um sorriso réi inesperado e inevitável surge no canto esquerdo do lábio.
Essa sensação é muito gostosa.

O sétimo selo


- Quem é você?
- Eu sou a morte.
- Veio me buscar?
- Ando com você há muito tempo.
- Eu sei.
- Está preparado?
- Meu corpo está, mas eu, não.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Tenho a teoria de que só conhecemos as pessoas quando passamos por uma grande e profunda merda com elas. Dividir os momentos bons não é tão difícil. Não digo também que seja fácil, pois tem gente que nem isso sabe fazer. Tem gente que não sabe te fazer rir, que não sabe rir contigo, que não saber abraçar, amar, sentir o calor do outro ou beijar o rosto. Mas o pior mesmo é a merda, e pior ainda é que só depois dela sabemos quem realmente está classificado para a bonança.
Infelizmente tenho visto muita gente sendo filha da puta, o que me deixa muito puta. Não entendo porque fingir tanto. Voto na sinceridade. Acho que, mesmo que ela doa, dói menos que a enganação, apesar de, não sei porque, as pessoas preferirem uma boa dose de mentira quente na veia. Sinto vontade de gritar "pare, pelo amor de Deus!" quando o cara casado vem me queixar, dizendo coisas imbecis e tentando me convencer de que é livre. Que idiota! Mais idiota ainda é a mulher que vive com um ser desses. Sei que se eu desse todas as provas possíveis de que ele está dando em cima de mim, ela ficaria indignada comigo e continuaria sua vida feliz com o retardado.
Percebi esses dias o quanto sinto falta de coisas simples do convívio de um namoro como dormir abraçado, cozinhar juntos, assistir filmes juntos. Isso é a melhor parte, eu acho. Só não entendo quem se submete a QUALQUER COISA pra manter isso. Sei que é óbvio, mas escrevo talvez para que eu mesma não esqueça que não vale a pena se machucar por nada, como uma prostituta que faz atrocidades com o próprio corpo por dinheiro.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Fiz aniversário semana passada. Não atendi telefonemas, nem apareci em casa. Me escondi na rede de um amigo caridoso até o dia seguinte. Chorei, como não fazia há séculos. Só não contei pra ninguém o porquê disso. Disse que estava mal, que não queria falar com as pessoas, mas o fato é só que eu estava/estou cansada de ser criticada. Tô de saco cheio da descrença de quem se diz amigo. Pequenas críticas, o tempo todo, conseguiram se tornar mais prejudiciais que um direto de direito na cara.
Conviver com as pessoas significa, uma hora ou outra, ter que puxar assunto, falar sobre opiniões. Eu não tenho mais saco pra isso, não agora. Não aguento tentar explicar porque minha ferida dói, se os outros sempre acham que não é nada, me ridicularizam por sentir tal dor e até me culpam por ter desenvolvido a ferida. Quero paz, apesar de saber que a solidão não proporciona esse tipo de sentimento, mas, pelo menos, evito o conflito exterior. Bater na minha própria cara é mais agradável. Eu ao menos me conheço mesmo. Não MESMO, mas bem mais que todos eles, disso estou certa. 
Antes queria ficar mal. Agora quero ficar bem. Ficar com uma cara boa, de quem comeu e dormiu. De quem leu e entendeu.
Vou começar a trabalhar mais nisso.

sexta-feira, 18 de maio de 2012


Eu acho essa a mais fodástica canção para quem viveu um grande amor. Não é a toa que chorei, uma vez, na rodoviária enquanto ela tocava no meu mp4. Meus óculos escuros tentavam disfarçar, mas as lágrimas escorriam a despeito deles. Só quem viveu entende os detalhes fodas.
Detalhes
Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito tempo
Em sua vida
Eu vou viver...
Detalhes tão pequenos
De nós dois
São coisas muito grandes
Prá esquecer
E a toda hora vão
Estar presentes
Você vai ver...
Se um outro cabeludo
Aparecer na sua rua
E isto lhe trouxer
Saudades minhas
A culpa é sua...
O ronco barulhento
Do seu carro
A velha calça desbotada
Ou coisa assim
Imediatamente você vai
Lembrar de mim...
Eu sei que um outro
Deve estar falando
Ao seu ouvido
Palavras de amor
Como eu falei
Mas eu duvido!
Duvido que ele tenha
Tanto amor
E até os erros
Do meu português ruim
E nessa hora você vai
Lembrar de mim...
A noite envolvida
No silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura
O meu retrato
Mas da moldura não sou eu
Quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso
Mesmo assim
E tudo isso vai fazer você
Lembrar de mim...
Se alguém tocar
Seu corpo como eu
Não diga nada
Não vá dizer
Meu nome sem querer
À pessoa errada...
Pensando ter amor
Nesse momento
Desesperada você
Tenta até o fim
E até nesse momento você vai
Lembrar de mim...
Eu sei que esses detalhes
Vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma
Todo amor em quase nada
Mas "quase"
Também é mais um detalhe
Um grande amor
Não vai morrer assim
Por isso
De vez em quando você vai
Vai lembrar de mim...
Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito
Muito tempo em sua vida
Eu vou viver
Não, não adianta nem tentar
Me esquecer...

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Porque eu acho que sou borderline...

O borderline demonstra um grande medo de ser abandonado ou rejeitado e por isso está sempre a tentar achar uma forma para que isso não aconteça. Alguns evitam começar relacionamentos, especialmente pelo medo de ser rejeitado ou abandonado, depois. Quando em algum relacionamento íntimo, este medo é acompanhado caracteristicamente de esforços frenéticos para evitá-lo...Eles podem tomar muitos medicamentos de uma vez só, com ou sem intenção de suicídio, abusar de drogas e bebidas, auto mutilar-se fisicamente, colocar-se em risco, entre outros atos impulsivos com notável tendência autodestrutiva...o borderline ao perceber que a pessoa amada está com ela, ele tende a classificá-la como "ótima", ideal e sente-se fortemente apaixonado e feliz. No entanto, se a outra pessoa anuncia que tem de ir embora, por exemplo, o paciente rapidamente passa da grande idealização ("ótima") para a grande desvalorização ("péssima"), desprezando a história em que passaram.Eles passam facilmente do "eu te amo" para o "eu te odeio", podem maltratar cruelmente a outra pessoa sem o mínimo de remorso, porque acreditam estar sempre certos em suas atitudes. As outras pessoas que são sempre as erradas, as culpadas.
Os relacionamentos do borderline bem como comportamentos e sua personalidade em geral não são duradouros. É notável nesses indivíduos constante instabilidade nos seus relacionamentos.
Ao passo que se sentem sós, desejam muito a presença do outro, de repente, quando esta presença se concretiza, podem achar que estão muito próximos e invadindo sua privacidade. 
Sua identidade sexual é frequentemente marcada por dúvidas e mudanças constantes ou até adeptos à bissexualidade... são intolerantes à monotonia e rotinas, facilmente contrariando regras, bem como desistindo ou desanimando facilmente de atividades rotineiras ou que exigem certa monotonia.
Os borderlines têm dificuldade em avaliar as consequências de seus atos e de aprender com a experiência e, então, erram e repetem o erro, nunca aprendendo.Eles estão sempre a reclamar de algo, talvez querendo manter um cuidador perto de si, mas não têm capacidade o suficiente para nutrir uma relação saudável e estável. 

domingo, 29 de abril de 2012


I laid on a dune, I looked at the sky,
When the children were babies and played on the beach.
You came up behind me, I saw you go by,
You were always so close and still within reach.

Sara, Sara,
Whatever made you want to change your mind?
Sara, Sara,
So easy to look at, so hard to define.


Letra de "Sara", do Bob Dylan.

E além disso, não tenho paciência com pessoas que não abrem mão das coisas, que as perseguem chorando. Quando algo se vai, se vai. Está terminado. Deixe-o ir, então. Ignore-o e console a si mesmo, se necessitar de consolo, tendo em mente que nunca se recupera a mesma coisa que se perdeu. Sempre uma coisa nova. A partir do momento em que o deixa, já é diferente...tenho como regra da vida nunca me arrepender nem olhar para trás. Arrepender-se é um desperdício imenso de energia, e ninguém que pretenda tornar-se um escritor pode se dar ao luxo de entregar-se a ele.Não se consegue dar-lhe forma, não se pode construir nada a partir dele; só se pode mesmo chafurdar nele. Olha para trás é igualmente fatal para a Arte. É manter-se pobre. A arte não pode e não tolera pobreza.


Je ne parle pas français- Katherine Mansfield.


P.S.: Como eu gostaria de ser capaz de seguir essa regra dela.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

A ignorância é uma benção.
A ignorância É uma benção?
Não gosto de acreditar nisso.
Acho que o conhecimento está bem na nossa frente. Escolher se fazer de cego pra continuar num pseudo-paraíso é uma grande burrice. Além de tudo, há a curiosidade, alimento principal da vida (humana ou não). Nós DESEJAMOS saber. Agora, viver com o conhecimento já é outra coisa...tem gente que surta, que se faz de cego...tem até gente que fica realmente cego de tão chocante que a verdade pode ser.
Lembrei agora do filme "E tua mãe também". A personagem era corna, mas um belo dia o marido chega e joga a verdade pra ela. A reação da pobre é simplesmente perguntar "porque você me disse isso?"
Simples: ela não queria enfrentar a verdade. Estava "feliz" com a situação à qual já estava perfeitamente adaptada.
Sua ignorância era a benção e calmaria da sua vida.
Ter o fato jogado na sua cara exigia que ela tivesse alguma reação. A partir desse momento começa a epifania: a vida dela nunca mais voltará ao estado anterior.
E de onde vem isso? Esse medo de enfrentar a "verdade"?
Tememos o fim da nossa felicidade?
Felicidade é isso: algo construído sobre escombros de mentiras frajutas que nós mesmos nos damos ao trabalho de alimentar, como vermes famintos de cérebros que enfiamos nos próprios ouvidos?
Se a mentira não é boa, então o que dizer da verdade?
A verdade é que traímos, enganamos, odiamos, tramamos contra as pessoas que amamos, contra amigos, familiares, amantes. Há um prazer inescrupuloso em fazer o mal. Talvez esse prazer seja proporcionado pela sensação extasiante que temos ao enganar os outros.
Ser um estelionatário não é gostoso apenas pelo dinheiro, mas dá satisfação por poder enganar pessoas mais bem sucedidas e, supostamente, mais inteligentes que você.
Ainda estou digerindo essa necessidade de enganar e esse prazer em ser enganado. Espero poder superar essa fase logo. As coisas que vejo me fazer ter uma visão cada vez mais pessimista da humanidade.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Hoje é dia 23. Faltam exatamente 20 dias para o meu aniversário de 26 anos. Tentei, cinicamente, me convencer de que esse ano seria diferente...não sei porque me esforçar tanto em mentir pra mim, a única pessoa que jamais serei capaz de enganar. Hoje finalmente comecei a sentir os sintomas da crise pré-aniversário.
Passei a noite de sexta para domingo ouvindo histórias sobre um ex-esquema, na verdade, o esquema mais duradouro que tive nessa minha vida de solteira interminável.
Essa falação toda, mais as críticas que um outro fez a mim (descrevendo a minha vida amorosa quase como a de uma viúva negra) me fez pensar que eu SEMPRE faço tudo errado. Escolho as pessoas erradas, me meto nas situações erradas...o pior é que eu SEI que vai dar tudo errado e insisto mesmo assim. Sou o tipo de pessoa que jamais tomaria chumbinho, mas certamente atravessaria a BR de olhos fechados.
Agora tenho (quase) vinte e seis anos. Novamente penso sobre as velhas coisas: o que sei, o que tenho, o que construí, quem tenho ao meu lado...Solidão é a resposta para quase todas essas perguntas. Eu escolho ficar sozinha, eu preciso ficar só...não consigo mais acreditar nos outros...no amor, na família...tudo soa como uma grande mentira triste.
E eu quase urro desesperada implorando por alguém que me faça acreditar, que me faça querer ter um filho dentro de mim, que me faça desejar fazer bolo, dormir juntos, amar simplesmente. Nossa, como eu ando mulherzinha carente!
Essas palavras soam tão falsas vindas da minha boca de coração amargurado, mas não poderia ser mais sinceras. Eu preciso disso. Preciso acreditar no mundo outra vez. Ou então só restará a morte.

domingo, 15 de abril de 2012

Refleti hoje (mas uma vez relampejadamente) sobre mim. Eu sou uma imbecil. Eu fiquei pior do que eu era antes. Sinto como se a pior parte das pessoas com quem convivi tivesse ficado grudada em mim. Eu maltrato as pessoas que tem consideração por mim, e, psicopatamente eu não sinto isso. Eu SEI que estou errada, o que é diferente de realmente sentir que estou machucando alguém.
Não quero falar sobre isso. Aliás, não quero nem falar mais sobre mim. Estou com abuso. Pareço doente.
Hoje vi um vídeo da época em que morava com o Emmanuel. Acho que era Natal ou algo do tipo. Estávamos bebendo vinho e escutando Bob Marley. Eu estava simplesmente feliz. Minha cara era boa, meu cabelo era bonito, eu exalava felicidade. Como o George comentou quando foi lá em casa uma vez, eu estava adorando brincar de casinha.
Jamais seria capaz de imaginar a merda que viria depois.
Me tornei pior depois desse namoro.
Mais descrente, mais coração gelado, mais casmurra.
Eu errei, e muito.
Mas foi bom, aprendi muitas coisas.
Às vezes eu acho que queria encontrar alguém que me fizesse acreditar em amor, em namorar ou simplesmente em andar de mãos dadas. Logo depois se desfaz o pensamento.
Não consigo mais, e isso me frustra.
Tenho voltado a pensar nisso de vez em quando ultimamente, não sei porque.
Deve ser porque conheço pessoas e penso "porra, se eu fosse assim ou assada eu casaria com o (a) fulano(a)". Traduzindo: Isso quer dizer que a pessoa é massa, e que eu acho que poderia me dar muito bem com ela, mas eu SEI quer ter alguma coisa com essa pessoa seria uma mentira muito fela da puta da minha parte.
Nem sei o que eu quero. Acho que me sinto frustrada. Mas frustrada por não ter conseguido o que?
Nem sei.
É como uma vontade de comer uma coisa muito gostosa que você nem sabe o que é.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Loucura. Confusão noturna. Socos, cadeiras quebradas, lágrimas. Tudo por conta de um cigarro que, em vez de nicotina, trazia humilhação. HUMILHAÇÃO. É incrível o que as pessoas são capazes de fazer quando se sentem humilhadas.
Quando pensamos em sexo o tempo todo, o que separa uma pessoa "normal" de um ninfomaníaco? É normal se masturbar 10 vezes por dia, sim, é normal, já que grande parte das pessoas faz isso. Então eu me pergunto, o que torna alguém ninfomaníaco? Querer transar o tempo todo? Se masturbar compulsivamente?
Nosso corpo produz tudo o que precisamos. Cigarros, bebidas, drogas, são formas industrializadas que compramos para fazê-lo vomitar o que queremos da forma mais rápida possível.
É tudo culpa da preguiça. Não é a cobiça que domina o mundo, mas a preguiça. Chegamos onde estamos pra poder alcançar uma posição de comodidade e permanecemos assim por preguiça de encarar o novo.
Não sei que porra é essa que se esconde dentro de mim e salta animalescamente de tempos em tempos. Pareço uma cachorra raivosa às vezes. Isso é feio, algo que preciso controlar.
Não é do meu feitio me divertir com o sofrimento alheio. Na verdade, por mais que eu seja descrente do amor de casal, eu tenho muito amor pelas coisas/pessoas/animais.
Hoje eu refleti (mesmo que na velocidade da luz) sobre meu status de relacionamento: solteira.
Porra, solteira há 3 anos e sem a mínima, mínima vontade de namorar novamente. Pra mim isso é preocupante. Sei lá, eu acho que eu deveria querer...num sei nem explicar exatamente o que eu acho que deveria querer. O fato é que eu me incomodo com uma certa crosta de frieza que foi se acumulando no meu coração (ou qualquer que seja a parte do meu corpo responsável por acumular sentimentos). Parece que sinto menos. Mas, de certa forma, acho isso bom. E isso é outra coisa que me incomoda.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

=(

Eu estou triste. Muito triste, na verdade. Tenho a sensação de que estou fazendo tudo errado e de que tenho perdido várias oportunidades. Sinto como se uma folha que cair na minha cabeça terá o poder de me derrubar. Hoje pensei em como somos frágeis, em como precisamos ser amados, cuidados ou simplesmente compreendidos (não que isso seja fácil). Sentei ao lado de uma mulher que, assim como eu, aguardava um exame, só que ela estava lá para acompanhar sua filha. Conversei um pouco com ela, o que foi suficiente pra fazê-la chorar (não um choro descontrolado, mas aquele choro contido, de quem sofre faz tempo) e me fazer ver (mais uma vez) que a minha condição é muito besta diante das outras milhares. A menina ao meu lado, com seus prováveis 14 anos, foi empurrada na escola há 4 anos. Uma cadeira machucou sua virilha e, desde então, ela vem perdendo as forças de uma das pernas. Passou 6 meses sem andar logo depois do acidente. Teve melhoras, mas agora precisava de uma cirurgia, apesar dos médicos não saberem explicar o que estava acontecendo com ela. Os olhos da mãe da menina, que nem parecia sofrer, não paravam de chorar enquanto ela me contava toda a história,. O mais legal é que o município se negava a pagar uma indenização à menina. E, no meio daquele monte de gente acidentada ou/e agredida, um IDIOTA começa a impregnar porque o A. estava com os pés na cadeira da frente. Depois ele escandaliza e quer porque quer falar com o diretor do local para PROIBIR a entrada de pessoas com roupas impróprias ( até agora me pergunto o que ele quis dizer com "roupas impróprias"). Minha vontade era plantar minha muleta na cara dele e gritar que ele era um débil mental. Que pessoa se preocupa com a roupa (principalmente a dos outros) quanto tem gente ao seu redor que não consegue levantar nem pra ir ao banheiro?
É muito egoísmo, é muito "olhem pra minha dor, mas tô me fudendo pra sua".

sábado, 31 de março de 2012

sexta-feira, 30 de março de 2012

Coma

Eu já desejei entrar em coma. Já desejei minha própria morte também, confesso. Talvez o coma seja uma opção menos "errada". É uma morte só que com uma possível passagem de volta.
O meu desejo pseudo se realizou. Estou em coma para o mundo há uma semana. Nessa mesma hora da última sexta, eu estava saindo do IFJ, ainda dazed and confused com o que tinha me acontecido. Agora estou em casa, tentando transcrever meus pensamentos doentes. Só vi a rua uma vez nessa semana. Sentei na praça com dois amigos, fumei meu gudang e vi os velhos que corriam me observarem, abismados, só não sei ao certo com o que; se com as muletas, com o curativo na minha perna, ou com o fato deu estar fumando apesar de tudo. Não sou fumante. Detesto o cheiro que fica nos dedos e nos cabelos depois de apenas um cigarro, mas às vezes um gudang é bom pra relaxar. O melhor dele é que você só aguenta fumar um ou dois.
Depois desse curto passeio à lá poodle, fui obrigada a me trancafiar novamente em meu quarto. Sem mais visitas.
Solidão tão desejada. Acho que ninguém entende isso. Não é coisa de gente normal.
Hoje achei que já estava bem para sair, mas não fui. Preferi ficar mais um pouco. Tenho medo de ficar como Gregor, do Kafka, e acabar me escondendo atrás dos móveis até levar uma maçanzada...nunca vou esquecer aquela maça fincada nas costas dele, apodrecendo aos poucos e causando dor.
Tenho medo de quem eu provavelmente irei me tornar, mas não quero fazer esforço algum para evitar isso.

A series of unforntunate events.

São cinco e dez da manhã. Não tenho sono. Essa semana foi totalmente absurda. Só pisei fora do meu quarto e fora de casa uma vez, quando o George me levou para fazer o B.O. Ontem eu estava mal, muito mal, MAS, como sempre, era só |tpm. Hoje eu era outra pessoa. Acordei tarde, comi fígado no almoço. =)
E fui agraciada com "Desventuras em série" na Sessão da Tarde. Adoro esse filme. A história, o narrador, os atores. Jim Carey é perfeito no papel de vilão ator canastrão. Adoro a maneira como o narrador conduz a história, sempre quebrando as expectativas felizes e, assim como Machado de Assis, pedindo que o expectador/ leitor busque algo mais "animador" para se entreter. O cenário, a fotografia, tudo é lindo. Bem melancólico e destruído. 

“Nunca dirijo meu carro por cima de uma ponte sem pensar em suicídio. Quero dizer, não fico pensando nisso. Mas passa pela minha cabeça: SUICÍDIO. Como uma luz que pisca. No escuro. Alguma coisa faz você continuar, saca? De outra forma, seria apenas loucura. E não é engraçado, colega. E cada vez que escrevo um poema, é mais uma muleta que me faz seguir em frente.”

O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio
Bukowski

quinta-feira, 29 de março de 2012

There's a long way ahead.

Me acho tão parecida com o Bukowski aos 71 anos. O problema é que ainda vou completar 26.

The Rolling Stones Gimme Shelter Live Pop Go The Sixites 1969



Bonnie e Clyde

Bonnie e Clyde deitados na cama. Bonnie com sua perna enfaixada por conta de um ferimento na última fuga. Eles assistem um filme, bem, pelo menos Bonnie. Clyde cochila. Aliás, nem ela assiste. Seu olhar está perdido. Clyde abre o olho direito e olha para ela. Aquele olho.
"Estou certo sobre ti, não é? Tu sente por mim a mesma coisa que sinto por ti."
"Muito provavelmente", ela responde, munida de uma certeza silenciosa.
Depois ela pensa e tenta compreender o motivo da pergunta. Tarde demais. Ele nunca dirá.

Aniversário de 26

Vou fazer vinte e seis anos, o que me deixa há quatro anos dos 30 e há 10 anos dos 16. Faltam uns dois meses. Ainda nenhum sintoma da depressão pré-aniversário. Também, tem tanta coisa pra me dar depressão agora que  meu foco mudou. Não estou propriamente triste. Primeiro fiquei puta por ter que ficar aprisionada em casa, logo eu que adoro fugir. Mas hoje passou "Desventuras em série" na  Sessão da tarde. Adoro esse filme, então fiquei feliz e cheia de idéias. Adoro o narrador que se intromete e cria expectativas só pra poder quebrá-las logo em seguida. 

Pain

A dor é um sentimento muito solitário. Sim, eu sei o quão ridículo e contraditória essa frase soa, afinal, TODOS os sentimentos são solitários. Por mais que tentemos compartilhá-los com palavras a atitudes, ninguém nunca saberá ao certo o que há em nós. Quando eu senti dor, muito provavelmente (assim espero) a pior dor da minha vida, vi que as pessoas que estão acostumadas aos gemidos e ao sangue não ligam mais pra isso. E é porque, nesse caso, havia evidências materiais da dor. E quando não há? Quando essa dor é causada por sentimentos? Tentamos, em vão, contar e recontar as histórias que nos magoaram em busca de alguém que pelo menos finja compartilhar o que sofremos. Nossa, tô soando tão auto-ajuda. Na verdade, sendo mais clara, quero dizer que as pessoas não tem pena de ninguém porque elas não sabem o que as outras sentem e tem preguiça de tentar se colocar em qualquer posição diferente da sua.
Existem escalas para medir a dor, mas como medir algo tão subjetivo? Uma vez tentei tirar a sobrancelha de uma mulher, mas ela saiu chorando e não me deixou terminar. Essa dor pra mim é tão normal, tão suportável. Minha cunhada precisou levar dois ou três pontos em um corte na coxa. Ela gritava e quase chorava antes mesmo do médico começar a pontiar. Eu levei 20 pontos na coxa e mordia minha mão pra não gritar, mas não chorei e suportei a dor como uma mocinha.
Pessoas terminam um namoro e tomam chumbinho, outras enchem a cara enquanto outras saem por aí transando com todo mundo. São modos diferentes de sentir e de tentar matar essa dor.
Mas o que mais me entristece é o fato das pessoas acharem que não sofro porque tento fazer essa cara de independente 23 horas por dia. A verdade (se é que A verdade existe) é que eu escolho sufocar essa dor, menosprezá-la. Há tantas coisas que preciso fazer, não quero perder meu tempo chorando ou gritando por uma ajuda que NUNCA vai chegar. Nós é que procuramos razões para sofrer, se não pelos outros, por nós mesmos.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Quanto mais o tempo passa, mais velha me sinto, e isso parece tão fora do normal.

Perna do dia 26 (segunda)


domingo, 25 de março de 2012

Furada


Perna de toicim ( Rascunho, Parte I)

Sangue quente escorrendo pela minha coxa direita, formando uma poça que em breve envolve todo meu corpo. Depois de ser arremessada ao chão pela gigante Golias gorda, eu, Davi derrotado de 54 kilos, caio como um saco de bosta no asfalto. Sento e vejo o pedaço de vidro enorme enfiado na minha carne, já banhada em sangue, sangue esse que parece infinito. Puxo o corpo estranho de mim como se fosse o Rambo, ou algum outro protagonista de filme de guerra americano, ou talvez um androide. Isso faz o liquido vermelho quente jorrar mais ainda, como se fosse possível. De repente uma multidão se forma dentre os bêbados curiosos que, poucos momentos antes, se preocupavam apenas em ficar cada vez mais bêbados. Alguém amarra minha perna com uma camisa. O Adrian surge com outra camisa e amarra também. Uma camisa preta e uma branca, e meu sangue ainda salta louco de dentro de mim. Isso está errado, eu penso e falo, tentando tirar a camisa preta atada à minha perna dilacerada.  Um desconhecido caridoso me joga em seu carro. Admiro pessoas que não tem apego a bens materiais. Minha vida foi mais importante pra ele do que o fato de ter seus bancos banhados pelo sangue de uma desconhecida que não valia a pena. Alguns litros depois, estou no IJF. Comigo Michele, Adrian e o desconhecido, que segue seu caminho depois de prestar a boa ação do dia. Alguém me traz uma cadeira de rodas, mas só depois de me perguntar o que aconteceu e de se certificar que todo aquele sangue brotando da minha coxa fazia jus ao hospital mais lotado de fortaleza. Digo, aliás, grito que levei uma facada. Alguém que já dependeu tantas vezes do SUS como eu começa a aprender os truques de um pronto atendimento. Grito que estou perdendo muito sangue. Vou perder minha perna! Levei uma facada! Tá doendo muito! É lógico que um ser tão escandaloso e desesperado mereçe entrar. Eu entro. Meus amigos ficam para trás. Uma vez lá dentro, suas chances de ser atendido crescem...talvez de zero para dez porcento. E é preciso agarrar esses dez porcento com todas as suas forças. Eu grito ainda. O mesmo discurso. Um residente (Evil), jovem rico que odeia ser médico, simplesmente me diz "Você acha que é a única pessoa sangrando aqui? Tem casos mais graves que o seu." Eu levei uma facada e tô me esvaindo em sangue, isso não é grave? " EU não estava em um lugar onde poderia levar uma facada." Um residente se achando DEUS: digno de decidir quem merece ou não viver, quem deve ou não morrer afogado no próprio sangue. Eu grito: Agora pronto, não vou ser atendida porque o médico não gostou da minha cara e acha que levei uma facada porque quis.
Toda a equipe me dá as costas. Tento segurar a dor, pensar em coisas tranquilas, mas só sinto cheiro de doença e sinto o calor da minha vida saindo pela minha coxa. Olho pra ela. Um pedaço enorme da minha carne ao molho cabidela dependurado, morrendo. Sento na maca. O sangue salta em jatos mais fortes. Vejo-o se acumular no colchão imundo onde estou e misturar-se a pequenos pedaços de nãoseioque brancos. Olho para os médicos, ainda decididos a me castigar com sua indiferença. Então começo a passar minha mão no sangue e desenhar na parede, falando loucuras delirantes de moribundo. Não tinha interesse de forma nenhuma figura, apenas de transmitir um certo desespero assustador o suficiente para afetar o próximo a ter sua maca colada naquela parede de espera eterna. Mais gritos, gemidos e sangue e eles se aproximam. "Só me costurem que eu vou embora, só isso." O médico de verdade (não residente-evil) começa a me costurar, não antes de me dar várias injeções com anestésico dentro da minha coxa aberta. Dor. Dor.
Nunca tinha levado ponto antes. Me reviro na maca. Tapo minha boca como se fosse a de um desconhecido escandaloso. Algumas agulhadas depois, o médico diz que a sutura era trabalhosa. "Eu não disse que era grave?" Ele me olha de cara feia. "Tu é o Dr. House." Cara mais feia ainda. Ele desiste, Dá uma desculpa e pede pra outro residente me costurar. Esse não é evil como o outro. Um pouco de humanidade ainda reside em seus olhos. Ele me costura conversando. Apesar de mais humano, sua mão é mais pesada do que a do Dr House e sinto a agulha, ou melhor, o anzol de pesca entrar e sair da minha carne. Ele se espanta com a quantidade de besteiras que eu falo e pergunta se cheirei, pergunta o que eu tomei. "Se eu tivesse cheirado tu acha que eu taria sentindo essa dor?" "Um conselho pra você, se é que eu tenho condição de dar conselho: não percam a humanidade. As pessoas aqui são muito desumanas." As meninas ao meu lado, também residentes, conversam como se estivessem na hora do recreio. Uma delas diz ter prova na terça. "Eu tenho prova na segunda!" "De que?" "De francês...Je ne parle pas rien."
Eles me costuraram enfim, depois uma das evils foi pegar um soro pra colocar na minha veia. "Lê isso aí dreito pra ver se num é silicone, as gatas colocam as coisas na gente sem nem ler direito...se for silicone coloca nos meus peitos, não nas minhas veias." Tão palhacinha, a doente mais alegrinha."Nunca dependam so SUS, é uma merda!" eu gritava para os residentes asustados, me julgando como uma louca drogada que deveria ter feito confusão suficiente para levar a tal facada. "Não levei facada, eu confesso, me jogaram no chão e caí num caco de vidro, tudo porque tentei apartar uma briga." De vez em quanto a cabeça do Adrian preocurado surge na porta de entrada do corredor onde eu agonizava. Eu grito que ele tenha calma, que me espere. "Te amo lá fora." Uma enfermeira vem e diz que está com a antitetânica que pediram. Ela enfia a agulha no buraco da minha perna, provocando talvez o ponto máximo da dor da noite. "Ai, sua louca!" eu grito insana. "Sua louca não! Me respeite! Eu sou a enfermeira chefe!" "Não quis faltar co respeito, desculpa, viu." É incrível como as pessoas se preocupam com satus enquanto eu só conseguia me preocupar com o pedaço de carne pendendo da minha coxa...depois de remendada e estancada, a tal enfermeira chefe entra gritando que desocupem logo a maca, pois tinha acabado de chegar um homem com ferimento a bala no pescoço. Eu digo para o residente humano que ele me deixe ir, que o outro lá precisa da maca mais do que eu. Ele tenta negociar que ele fique um pouco mais, mas sou lançada porta a fora numa cadeira de rodas. Adrian e Michele estão lá. E eu sou só pedidos. Ele tenta gravar alguma coisa com meu mp4, mas eu me revolto. Fico morrendo de ódio. "Tu quer fazer da minha vida um momento jornalístico? Me dá essa porra agora, isso é MEU!" Ele se nega, tenta tomar a porra da minha mão. Fico mais possessa ainda. Eu com a perna recém remendada e a pessoa discutindo comigo! Ele me devolve o mp4 e vai embora indignado. Me sinto uma aleijada ao vê-lo sair pelo corredor, e depois vê-lo passar na rua ao lado. Só uma porta com partes de vidro nos separavam e eu nunca o senti tão distante. Peço a Michele que corra atrás dele em vão. Olho para ela. Uma pessoa tão boa (detesto essa palavra para adjetivar seres humanos, mas é a melhor para ela). O que ela tinha a ver com tudo aquilo? Seu vestido de fada tão lindo tinha agora uma mancha enorme de sangue, assim como as mãos dela, assim como as do Adrian e as minhas. Ao perceber isso me dou conta do quanto sangue perdi. Se tivesse aparado com uma garrafa poderia doar para 3 pessoas que estava ali, gemendo nos corredores comigo. Penso em alguém para ligar. Alguém que possa vir nos salvar. Ligo para meu ex, que, obviamente, não atende. Ligo para meu amigo, Thiago, que atende e vem me salvar. Adrian volta antes que a carona milagrosa chegue. São umas duas da manhã. Ele tinha ido bem ali, se acalmar. Pede dez reais e vai se acalmar mais. A carona chega. Deitada no banco traseiro com a fada Michele e Thiago nos bancos da frente, sinto o universo rodar. Minha pressão cai. Engraçado, eu achava que num desmaio, as vistas escureciam, mas é justamente ao contrário. Tudo vai ficando cada vez mais claro, até que o mundo vire branco. Você continua ouvindo tudo, mas perde o controle. Isso quase aconteceu quanto tentei levantar a cabeça. Depois de "melhorar", se é que posso chamar isso de melhora, vamos à caça de Adrian, o tensinho da estrela. Lá estava ele, relaxando na praça da bandeira. Conseguimos chegar ao apartamento da Michele. O caminho pra mim foi uma grande viagem de ácido, embora eu nunca tenha tido uma viagem de ácido. Cheguei à conclusão de que ninguém usaria drogas se soubesse  a viagem que dá perder metade do sangue do seu corpo. Cuidados e amor no lar de Michele, mas o dia amanhece e preciso ir embora, preciso dizer pra minha mãe que não consigo andar. Ligo para outro amigo. Felicidade é ter uma carona forte o suficiente para te levar no colo por três andares. Desmaio duas vezes. Preciso de outro hospital. Muita dor na minha perna costurada, muita instabilidade na minha cabeça que só produz loucura que não paro de disparar pela boca. Vou para outro hospital, particular. Pessoas sorrindo, tratamento diferente. O médico parece o Seu Domingos, um dono de bar muito simpático.

terça-feira, 20 de março de 2012

Primeira crise de Misantropia do ano

Tenho me sentido muito Gilbert Grape e muito Dom Casmurro. Tudo parece desinteressante. Até o que me chama a atenção não consegue me "iludir" por completo, e sinto saudade dessa ilusão, dessa sensação de paixão, seja por pessoas, livros, filmes, músicas. O encantamento parece ter desaparecido de mim. Só restou essa casmurrice, essa sensação de estar presa numa cidadezinha onde nada acontece, como Gilbert. No começo pensei que minha ENDora (cidade onde Gilbert e sua família bizarra (sobre)vivem) era a aerolândia, depois que era o benfica, mas Endora me persegue onde quer que eu vá.
Cheguei a colocar a culpa em tudo, na falta de pessoas, falta de coisas a fazer. Mas as pessoas tem surgido em turbilhões, muitas delas querendo me conhecer, e eu só quero fugir delas, como o Kafka, que preferia trocar cartas com suas pretendentes à encontrá-las.
Nesses últimos dias, não sei se para o meu bem ou meu mal, tenho voltado a me refugiar nos livros. É tanta coisa que eu quero saber, mas perco tempo tentando explorar o mundo "real". Isso soa muito esquizofrênico, eu sei, mas tem se provado verdade na minha vida.
Cada noite virada, andando por aí, conversando com pessoas, estando em lugares diferentes, no fim não tem proveito algum. Quero fugir desse estado de misantropia, mas as pessoas não me ajudam.

domingo, 4 de março de 2012

Sozinha na merda de mim mesma.


Todos anseiam por ouvir o que são. Pode parecer ridículo, mas você quer isso também. Ir à cartomante a ouvi-la descrever sua personalidade com detalhes é até mais prazeroso do que tentar acreditar nas previsões criativas para um futuro improvável.
A solidão é uma coisa que me atormenta. Que outro motivo eu teria para querer um cachorro de presente de aniversário? Aqui está ela. Sempre que me ouve entrar em casa chora e geme até que eu vá vê-la. Depende do meu amor, da minha atenção. E me pergunto até onde somos diferentes.
Eu sou uma cachorra mesmo! Mas também sou um gato. Eu pensava que era a solidão que me perseguia, mas sou eu que a escolho e adoto para mim. Prefiro ficar sozinha, observando as pessoas que se cercam de milhares de coisa só para fingirem que estão com alguém, tem vergonha de serem deixados a sós com eles mesmos, como a menina que espera na fila e liga de cinco em cinco segundos para saber se seus amigos estão chegando. Eu riu de como ela não consegue suportar a ideia de que pensem que ela não tem ninguém. “Não estou sozinha, viu? Meus amigos chegam daqui a pouco.“ Ela quase grita. Não estou só. Não estou só. Repita três vezes e se tornará verdade.
Eu, um ser solitário por opção caminhando pela beira mar. Um provável ladrão me segue. Impossível alguém me roubar sem ser notado. Já fui roubada vezes demais pra cair nessa. Em minha fuga discreta, desvio o caminho e escuto um som saindo do Brooms.
“O que tá rolando aí? Paga pra entrar?”
“Pode entrar, é um festival de bandas.”
Eu entro sorridente com minha flor no lado do cabelo e minha cara de ressaca. A lata vazia de coca cola na minha mão mal é uma materialização da minha condição estomacal precária. É preciso arrotar. Isso não adianta muito. Tudo só melhora quando consigo cagar as coisas ruins de dentro de mim no banheiro do bar. Olho-me no espelho depois desse alívio e vejo como estou cansada. Não deveria estar ali. Minha cama era o lugar que mais combinava com a minha expressão de “merda de lugar”.


domingo, 26 de fevereiro de 2012

Dentro de ti

Cássia Eller

Pareço sentir nada
O fio da navalha
Eu quero marcar minha existência, não posso parar
Como se um precipício
Me deixasse em outro mundo
Eu quero marcar minha existência, não posso parar
Uma carne junto a outra carne
São dois olhos sempre a procurar
Nesse deserto quem te dá vida ?
Outra vida pra se eternizar
Quem poderá ver o q eu quero ver?
Quem pode vender o q só posso dar?
Eu quero marcar minha existência não posso parar
Eu quero marcar minha existência não posso parar
Eu quero marcar minha existência não posso parar
Eu quero marcar minha existência não posso parar
Eu quero marcar minha existência não posso parar não posso parar