Eu acho massa o poder da propaganda de cigarros. Durante anos, fomos bombardeados com comerciais de cigarros que propagavam a idéia de charme, sensualidade e poder, tudo em uma tragada de fumaça provocante. Nos anos 40, tinha até marcas recomendadas por médicos. Anos 80: propaganda de Hollywood bem ao estilo cinematográfico. Imagens de esportes radicais com fundo musical de sucesso na época. Marlboro: Um vaqueiro macho no oeste e aquela música que todos com mais de 20 lembram.
A visão sobre o cigarro mudou. Pessoas começaram a processar as empresas. Os comerciais que enchiam revistas e a televisão foram proibidos. No lugar deles, as pobres marcas foram forçadas a fazer propagandas auto-gongantes: tiveram que colocar fotos de “vítimas” da nicotina atrás das carteiras (ou maços, como queiram).
Se algo do tipo acontecesse com qualquer outra indústria, seria sinônimo de falência. Por isso eu admiro o cigarro. Ele não tem consumidores, mas seguidores. Imagine um pai numa loja de brinquedos na véspera do dia das crianças. A menina quer uma Polly desesperadamente. Ele compraria a minúscula boneca se atrás da caixa encontrasse a foto de uma menininha asfixiada com uma das peças pequenas?
A indústria do cigarro é bem mais forte que qualquer birra de criança. Quando questionados, os fumantes dizem: “todo mundo vai morrer mesmo” ou “eu só fumo meia carteira por dia”. Qualquer um que ainda não tenha sido totalmente seduzido perceberá o quanto é ruim fumar. Você acende o cigarro e traga. Ele queima sua garganta. Alguns são mais fracos que os outros, mas nenhum deixa de ter esse efeito. Depois vem a parte divertida, você sopra a fumaça. Isso é legal. No começo dá uma tonturinha boa. O problema é que a fumaça é podre. Seu cabelo, seus dedos, sua boca, sua roupa, tudo fica fedendo a cigarro. E a parte boa, a tonturinha, só dura uns segundos ou uns três, quatro tragos. Depois, resta só a fumaça fedorenta.