domingo, 23 de janeiro de 2011

Centro


Sou a única pessoa da minha idade que conheço que vai ao centro por prazer. Prazer...essa é a palavra certa. No centro tudo que é feio em outros lugares se torna tão sublime. Um homem fumando sentado em uma das colunas do muro que cerca o parque das crianças, um flanelinha na praça José de Alencar tocando flauta doce, as crianças apertadas na multidão para escolherem a mochila do ano, os vendedores de cara feia na porta das lojas...tudo ganha um outro tom, principalmente em um sábado chuvoso.
Minha missão no centro era comprar uma mochila que se encaixasse no seguinte perfil:
- Que não fosse de criança.
- Que não fosse “muito” masculina.
- Que fosse grande o suficiente para caber as minhas coisas úteis e inúteis.
Missão difícil essa minha, mas acho que consegui depois de muito sofrer. Tive apenas alguns desvios no percurso. Parei nas Americanas e comprei filmes: Cães de aluguel, De volta para o futuro, Quero ser grande e Gatinhas e gatões, grandes clássicos da sessão da tarde.
Ao me ver ali, com uma sacola cheia de filmes e um papai Noel de chocolate que estava sendo vendido pela metade do preço, já que estamos no fim de janeiro, pensei que precisava arrumar um namorado para passar os fins de semana chuvosos apreciando esses filmes de alto teor cultural.
Passado o pensamento, dou de cara com uma daquelas revistas pra mulheres que ficam sempre próximas ao caixa. A foto de uma atriz da Globo seminua na capa perde o destaque frente às duas frases que vêm ao seu  lado: “Como fazer qualquer homem se comprometer” e “ Confissões de um bem-dotado: 25 cm”.

Eu ri sozinha na fila lotada. Não resisti. Era uma revista pra mulher, então eles acham que o que interessa às mulheres são caras bem dotados e ter o poder de fazer qualquer cara ( bem dotado ou não) se submeter à sua vontade? Eu ri. Primeiro, porque é trash, e depois, por ter um pouco de verdade nos pensamentos dos idealizadores da capa chamativa. Para completar, a imagem daquela “gostosa” da globo me fez pensar em como os editores tentaram plantar nas leitoras o desejo de ser uma dessas gostosas. O pior é que eles conseguem, a mídia consegue. Não que eu seja uma feminista revoltada com a imagem da mulher fatal. Que nada!
Até gosto de brincar de me montar, de salto alto, roupa justa, maquiagem, afinal, a gente brinca disso desde criança. ( link dentro do site da revista:http://nova.abril.com.br/especiais/guia-sexo-oral/, clique em menu e verá as seguinte opções: "Engolir ou não?" e "Dicas de uma prostituta") Na verdade sou contra a exigência de ser uma só pessoa. Qual é o problema em usar havainas num dia, salto no outro e depois all star? Parece que as pessoas querem que você siga um padrão...coisa doida. Eu gosto de mudar. Gosto de cortar o cabelo, de mudar totalmente o estilo das roupas, de assistir filme idiota e filme Cult...Não preciso ser coerente com essas coisas. Eu me acho na bagunça, às vezes me perco, não tem problema.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Quero ser rica!

Eu só queria ser rica, só isso...Aí eu poderia comprar tudo: uma casinha pra minha cachorra e uma saca de ração pedigree, poderia acabar com as goteiras no meu quarto que molham meus livros e minhas xerox...eu nem tiraria mais xerox! Teria um carro que não fresca comigo de 5 em 5 minutos, seria mais bonita ( já que a feiura advém do sofrimento, do calor, de almoçar no RU ). Tudo seria perfeito! Compraria férias no Caribe...se bem que uma pousada em Canoa só pra mim já tava bom. Ai, ai...

sábado, 15 de janeiro de 2011

Nada

Cabeça vazia nem sempre é ruim. São tantas coisas pra fazer, tantas pessoas pra agradar, que acabamos esquecendo. Já perdi vários celulares nessa brincadeira de me preocupar com algo maior e esquecer o que está na mão. A questão é: pra que ficar tentando encerrar a questão. Talvez as coisas que ficam em aberto sejam muito mais interessantes do que as que se resolvem. Os desejos que pulam dentro da boca sem nunca sair talvez sejam mais gostosos por nunca precisarem virar palavras. É bom esvaziar a cabeça, não pensar nada, não falar nada. É bom falar coisas bestas e rir delas, dos outros e de você. Isso é besteira, eu sei, mas acabamos esquecendo como fazer essas coisas bestas boas. Precisa de um motivo pra ligar pra alguém, pra encontrar a pessoa? A gente chegou em um estado de desconfiança tão grande que precisamos ficar especulando sobre o que a pessoa acha que achamos dela. É impossível saber, por mais sinceras que as relações se tornem.
Dia desses assisti um episódio do "Sobrenatural" cujo título era "You can't handle the truth", algo tipo "Você não suporta a verdade" em português. No episódios, algumas pessoas se matam ou matam outras depois de ouvirem a verdade. Acho que não estamos mesmo preparado pra verdade, apesar de afirmarmos adorá-la tanto.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Bolas de merda

Eu queria muito entender porque as pessoas se sentem bem quando descarregam alguma energia negativa nas outras...Parece loucura. É como se tivesse um diabinho sussurrando coisas ruins ao longo do dia, fazendo a cabecinha desocupada inventar uma teoria da conspiração em alguns segundos...O resultado é que a pessoa que te atendeu 15 minutos antes, toda simpática e satisfeita aparece com uma bazuca e dá 5 tiros nos teus peitos. O que aconteceu?
As pessoas não se importam se você teve um dia ruim, se acabou de se fuder, se perdeu o emprego, se não tem  mais dinheiro no dia 10 ou se seus pais te expulsaram de casa...Elas simplesmente descarregam o monte de detritos que se formou na cabeça delas, vindo sei lá de onde, em você...bem no meio da sua cara...
É como se isso não pudesse atingi-las, então elas se sentem livres pra sair atirando bolas de merda por aí, sem nem mirar.
Só que um simples respingo dessa bosta egoísta pode arruinar o dia de uma pessoas, e, por conseqüência, de várias outras. É por isso que eu tento evitar ser grosseira e tento guardar minhas merdinhas pra mim mesma.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Vão fazer uma minissérie sobre o Chico...mas qual deles? Buarque, Bento ou o do caranguejo?

Pois é...

O Burque, que era todo "do contra", na verdade sempre reafirmou a tradição. Vão fazer uma minissérie sobre as músicas dele na GLOBO...Durante a minha graduação criei uma aversão ao pobre...Na verdade não foi culpa dele. É que todos que queriam parecer cult enfiavam uma música do Chico em todo lugar. Aula de literatura significava música do Chico, depois uma discussão sobre as mulheres do Chico.
Sinceramente...que chato. Ele escreve bem, a melodia é linda, eu gosto, mas dá pra ser mais criativo? Eu não aguento sentar numa mesa de bar e escutar alguém maravilhado explicando que quando ele disse "cálice", na verdade queria dizer "Cale-se", se referindo à ditadura e tal...porra, que incrível... Só que todos os seres humanos do universo com mais de 12 anos sabem disso ( e até alguns com menos).
Chega de ficar endeusando uma figura sem prestar atenção a mais nada. Já tô de saco cheio de "mulheres de atenas" nas aulas de literatura. Até Charlie Brown cairia melhor, seria mais ousado, pelo menos.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

2010?

É estranho...geralmente demoro a processar a mudança de ano...tipo, ano que vem já é agora. E tudo piora porque o semestre da UECE ainda não acabou, ou seja, estou em 2010.2.
Tenho um monte de coisa para ler/escrever, tenho prazos e isso me deixa um pouco perturbada. Perco alguns minutos olhando para o nada, tentando organizar e imaginando como será quando conseguir terminar tudo o que tenho que fazer.
Tenho obrigações até com minha diversão. Preciso ler os livros que comecei. Sou o tipo de pessoa que gosta de mudar de canal, então leio alguns livros ao mesmo tempo. Estou quase na metade do Catcher in  the rye, em algum lugar perdido do Misto-quente, e perdida em meio as poesias de Leaves of grass.
Comprei Cantando na Chuva e Bonequinha de Luxo nas Americanas naqueles amontoados de filmes por 12,99. Pensei que se não comprasse, não iria mais encontrar e me arrependeria, que nem aconteceu com Laranja Mecânica.
Entre os meus vários canais também está A poética do devaneio, de Bachelard.
Achei essa citação bonitinha:

"De certa forma, vivi apenas para ter a quem sobreviver. Ao confiar ao papel estas fúteis lembranças, tenho consciência de realizar o ato mais importante de minha vida. Eu era predestinado à Recordação." (p.92)

É meio bizarro como sempre preferimos as lembranças ao momento. Parece que tudo fica mais bonito depois de ter passado. Mas nós sabemos que é mentira, sempre sabemos.