Cada vez acredito menos no amor.
Sei que devo estar enchendo o saco com essa conversa. Nos últimos meses só tenho falado nisso. Até perdi a ótima oportunidade de falar sobre o projeto HAARP e o "acidente" no Japão. Mas é melhor falar sobre o que me aflige (ou o que não me aflige mais) do que fingir que não penso mais nisso.
Também não fiz nenhum comentário sobre os novos comerciais do "Bom brill" e seu slogan que diz "Bom brill: os produtos que evoluíram como as mulheres", e sobre o quão ridículo é ter um monte de mulher afirmando que esse "evoluir" significa se transformar em um homem brucutu. A imagem da mulher na campanha é a mesma imagem masculina que as mulheres repudiam: a daquele homem mandão e agressivo que exige que o trabalho doméstico seja feito pela companheira.
Sim, mas voltando ao amor e ao porque não acredito cada vez menos nele.
Tenho pensado nisso porque disseram que me amavam ( e foram muitas vezes, durante alguns anos) e de repente isso passou. Pra mim foi....estranho...sei lá. A gente cresce escutando musiquinhas que falam de amor, filmes de amor, vendo pessoas se casarem, ouvindo pessoas falaram que você PRECISA namorar, PRECISA se casar...mas aí, algum tempo depois, você descobri que era tudo mentira, senão, pelo menos bem diferente daquilo que te contaram.
Gosto muito de observar as pessoas e aprender com os erros delas, afinal, não preciso meter a mão na fogueira pra saber que queima, né?
Tenho um amigo mais velho que um dia desses estava filosofando sobre casamento, sobre como ele achava que estava na hora de casar. Na verdade ele quer mesmo é se apaixonar loucamente, e casar com essa pessoa no embalo, mas ele sabe que a possibilidade disso acontecer é extremamente remota. Então, ele concluíu que vai acabar casando com qualquer pessoa (não entendam esse "qualquer" como crítica. Só significa que essa pessoa não é A pessoa formada no sub-consciente louco para encontrar a metade da laranja- que brega!).
Esse e outros episódios me fazem duvidar cada vez mais do amor no qual acreditei desde a infância, tipo, caras com namoradas que corneiam as pessoas que dizem amar e colocam a culpa no tesão, no desejo. Somos seres que vivem em sociedade. Isso exige mentiras, omissões e abrir mão de desejos. Se você não é capaz de reprimir esse desejo em nome da pessoa que diz amar, isso é errado? Na verdade acho que esse não é o erro, mas exigir do outro o que não está afim de dar. O cara que corneia tem pesadelos ao imaginar que a amada namorada pode fazer o mesmo.
Estava assistindo o Jô ontem. É, sou forçada a ver televisão aqui, isolada na realidade distante de Quixadá. Não é que eu queria ser cult por não ver tv, é que, depois de ter passado todo o ano de 2009 sem tv em casa, acabei me acostumando ao computador, e agora só vejo tv quando passo na frente dela. Mas ontem vi o Jô.
Tinha uma mulher (esqueci a profissão dela) que falou sobre sexualidade no brasil através da história. Ela disse que o amor como o concebemos hoje só surgiu a partir de 1940, pós-revolução industrial. Esse amor "romântico" (romântico de romantismo, não de dar flores e abrir a porta do carro), segundo ela, está no fim, o que implicará na transformação dos relacionamentos. As pessoas estão entrando cada vez menos em relacionamentos que impliquem a exigência de que o outro seja só seu.
Essa mudança já é uma realidade, e eu tenho medo dela.
Sei lá, o que vai acontecer se todos caírem na realidade e perceberem que não existem só duas pessoas no mundo, que você pode amar seu marido e morrer de tesão por um amigo tatuado?
Tem até uma música de funk sobre isso, super filosófica, que diz: "Amor é amor, romance é romance, sexo é sexo e o lance é o lance."
Isso é assustador para mim. As pessoas dividindo sentimentos. É como se eu precisasse de "fulano" para um jantar romântico, de "beltrano" para o sexo, de "X" para conversar sobre o trabalho, de "Y" para visitar os pais...enfim, seria uma grande suruba de relações.
Deve ser bem difícil de administrar.
Boa sorte!
"Procure me amar quando eu menos merecer, porque é quando eu mais preciso."- Frase da Ana Maria Braga no programa de hoje.