domingo, 29 de abril de 2012


I laid on a dune, I looked at the sky,
When the children were babies and played on the beach.
You came up behind me, I saw you go by,
You were always so close and still within reach.

Sara, Sara,
Whatever made you want to change your mind?
Sara, Sara,
So easy to look at, so hard to define.


Letra de "Sara", do Bob Dylan.

E além disso, não tenho paciência com pessoas que não abrem mão das coisas, que as perseguem chorando. Quando algo se vai, se vai. Está terminado. Deixe-o ir, então. Ignore-o e console a si mesmo, se necessitar de consolo, tendo em mente que nunca se recupera a mesma coisa que se perdeu. Sempre uma coisa nova. A partir do momento em que o deixa, já é diferente...tenho como regra da vida nunca me arrepender nem olhar para trás. Arrepender-se é um desperdício imenso de energia, e ninguém que pretenda tornar-se um escritor pode se dar ao luxo de entregar-se a ele.Não se consegue dar-lhe forma, não se pode construir nada a partir dele; só se pode mesmo chafurdar nele. Olha para trás é igualmente fatal para a Arte. É manter-se pobre. A arte não pode e não tolera pobreza.


Je ne parle pas français- Katherine Mansfield.


P.S.: Como eu gostaria de ser capaz de seguir essa regra dela.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

A ignorância é uma benção.
A ignorância É uma benção?
Não gosto de acreditar nisso.
Acho que o conhecimento está bem na nossa frente. Escolher se fazer de cego pra continuar num pseudo-paraíso é uma grande burrice. Além de tudo, há a curiosidade, alimento principal da vida (humana ou não). Nós DESEJAMOS saber. Agora, viver com o conhecimento já é outra coisa...tem gente que surta, que se faz de cego...tem até gente que fica realmente cego de tão chocante que a verdade pode ser.
Lembrei agora do filme "E tua mãe também". A personagem era corna, mas um belo dia o marido chega e joga a verdade pra ela. A reação da pobre é simplesmente perguntar "porque você me disse isso?"
Simples: ela não queria enfrentar a verdade. Estava "feliz" com a situação à qual já estava perfeitamente adaptada.
Sua ignorância era a benção e calmaria da sua vida.
Ter o fato jogado na sua cara exigia que ela tivesse alguma reação. A partir desse momento começa a epifania: a vida dela nunca mais voltará ao estado anterior.
E de onde vem isso? Esse medo de enfrentar a "verdade"?
Tememos o fim da nossa felicidade?
Felicidade é isso: algo construído sobre escombros de mentiras frajutas que nós mesmos nos damos ao trabalho de alimentar, como vermes famintos de cérebros que enfiamos nos próprios ouvidos?
Se a mentira não é boa, então o que dizer da verdade?
A verdade é que traímos, enganamos, odiamos, tramamos contra as pessoas que amamos, contra amigos, familiares, amantes. Há um prazer inescrupuloso em fazer o mal. Talvez esse prazer seja proporcionado pela sensação extasiante que temos ao enganar os outros.
Ser um estelionatário não é gostoso apenas pelo dinheiro, mas dá satisfação por poder enganar pessoas mais bem sucedidas e, supostamente, mais inteligentes que você.
Ainda estou digerindo essa necessidade de enganar e esse prazer em ser enganado. Espero poder superar essa fase logo. As coisas que vejo me fazer ter uma visão cada vez mais pessimista da humanidade.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Hoje é dia 23. Faltam exatamente 20 dias para o meu aniversário de 26 anos. Tentei, cinicamente, me convencer de que esse ano seria diferente...não sei porque me esforçar tanto em mentir pra mim, a única pessoa que jamais serei capaz de enganar. Hoje finalmente comecei a sentir os sintomas da crise pré-aniversário.
Passei a noite de sexta para domingo ouvindo histórias sobre um ex-esquema, na verdade, o esquema mais duradouro que tive nessa minha vida de solteira interminável.
Essa falação toda, mais as críticas que um outro fez a mim (descrevendo a minha vida amorosa quase como a de uma viúva negra) me fez pensar que eu SEMPRE faço tudo errado. Escolho as pessoas erradas, me meto nas situações erradas...o pior é que eu SEI que vai dar tudo errado e insisto mesmo assim. Sou o tipo de pessoa que jamais tomaria chumbinho, mas certamente atravessaria a BR de olhos fechados.
Agora tenho (quase) vinte e seis anos. Novamente penso sobre as velhas coisas: o que sei, o que tenho, o que construí, quem tenho ao meu lado...Solidão é a resposta para quase todas essas perguntas. Eu escolho ficar sozinha, eu preciso ficar só...não consigo mais acreditar nos outros...no amor, na família...tudo soa como uma grande mentira triste.
E eu quase urro desesperada implorando por alguém que me faça acreditar, que me faça querer ter um filho dentro de mim, que me faça desejar fazer bolo, dormir juntos, amar simplesmente. Nossa, como eu ando mulherzinha carente!
Essas palavras soam tão falsas vindas da minha boca de coração amargurado, mas não poderia ser mais sinceras. Eu preciso disso. Preciso acreditar no mundo outra vez. Ou então só restará a morte.

domingo, 15 de abril de 2012

Refleti hoje (mas uma vez relampejadamente) sobre mim. Eu sou uma imbecil. Eu fiquei pior do que eu era antes. Sinto como se a pior parte das pessoas com quem convivi tivesse ficado grudada em mim. Eu maltrato as pessoas que tem consideração por mim, e, psicopatamente eu não sinto isso. Eu SEI que estou errada, o que é diferente de realmente sentir que estou machucando alguém.
Não quero falar sobre isso. Aliás, não quero nem falar mais sobre mim. Estou com abuso. Pareço doente.
Hoje vi um vídeo da época em que morava com o Emmanuel. Acho que era Natal ou algo do tipo. Estávamos bebendo vinho e escutando Bob Marley. Eu estava simplesmente feliz. Minha cara era boa, meu cabelo era bonito, eu exalava felicidade. Como o George comentou quando foi lá em casa uma vez, eu estava adorando brincar de casinha.
Jamais seria capaz de imaginar a merda que viria depois.
Me tornei pior depois desse namoro.
Mais descrente, mais coração gelado, mais casmurra.
Eu errei, e muito.
Mas foi bom, aprendi muitas coisas.
Às vezes eu acho que queria encontrar alguém que me fizesse acreditar em amor, em namorar ou simplesmente em andar de mãos dadas. Logo depois se desfaz o pensamento.
Não consigo mais, e isso me frustra.
Tenho voltado a pensar nisso de vez em quando ultimamente, não sei porque.
Deve ser porque conheço pessoas e penso "porra, se eu fosse assim ou assada eu casaria com o (a) fulano(a)". Traduzindo: Isso quer dizer que a pessoa é massa, e que eu acho que poderia me dar muito bem com ela, mas eu SEI quer ter alguma coisa com essa pessoa seria uma mentira muito fela da puta da minha parte.
Nem sei o que eu quero. Acho que me sinto frustrada. Mas frustrada por não ter conseguido o que?
Nem sei.
É como uma vontade de comer uma coisa muito gostosa que você nem sabe o que é.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Loucura. Confusão noturna. Socos, cadeiras quebradas, lágrimas. Tudo por conta de um cigarro que, em vez de nicotina, trazia humilhação. HUMILHAÇÃO. É incrível o que as pessoas são capazes de fazer quando se sentem humilhadas.
Quando pensamos em sexo o tempo todo, o que separa uma pessoa "normal" de um ninfomaníaco? É normal se masturbar 10 vezes por dia, sim, é normal, já que grande parte das pessoas faz isso. Então eu me pergunto, o que torna alguém ninfomaníaco? Querer transar o tempo todo? Se masturbar compulsivamente?
Nosso corpo produz tudo o que precisamos. Cigarros, bebidas, drogas, são formas industrializadas que compramos para fazê-lo vomitar o que queremos da forma mais rápida possível.
É tudo culpa da preguiça. Não é a cobiça que domina o mundo, mas a preguiça. Chegamos onde estamos pra poder alcançar uma posição de comodidade e permanecemos assim por preguiça de encarar o novo.
Não sei que porra é essa que se esconde dentro de mim e salta animalescamente de tempos em tempos. Pareço uma cachorra raivosa às vezes. Isso é feio, algo que preciso controlar.
Não é do meu feitio me divertir com o sofrimento alheio. Na verdade, por mais que eu seja descrente do amor de casal, eu tenho muito amor pelas coisas/pessoas/animais.
Hoje eu refleti (mesmo que na velocidade da luz) sobre meu status de relacionamento: solteira.
Porra, solteira há 3 anos e sem a mínima, mínima vontade de namorar novamente. Pra mim isso é preocupante. Sei lá, eu acho que eu deveria querer...num sei nem explicar exatamente o que eu acho que deveria querer. O fato é que eu me incomodo com uma certa crosta de frieza que foi se acumulando no meu coração (ou qualquer que seja a parte do meu corpo responsável por acumular sentimentos). Parece que sinto menos. Mas, de certa forma, acho isso bom. E isso é outra coisa que me incomoda.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

=(

Eu estou triste. Muito triste, na verdade. Tenho a sensação de que estou fazendo tudo errado e de que tenho perdido várias oportunidades. Sinto como se uma folha que cair na minha cabeça terá o poder de me derrubar. Hoje pensei em como somos frágeis, em como precisamos ser amados, cuidados ou simplesmente compreendidos (não que isso seja fácil). Sentei ao lado de uma mulher que, assim como eu, aguardava um exame, só que ela estava lá para acompanhar sua filha. Conversei um pouco com ela, o que foi suficiente pra fazê-la chorar (não um choro descontrolado, mas aquele choro contido, de quem sofre faz tempo) e me fazer ver (mais uma vez) que a minha condição é muito besta diante das outras milhares. A menina ao meu lado, com seus prováveis 14 anos, foi empurrada na escola há 4 anos. Uma cadeira machucou sua virilha e, desde então, ela vem perdendo as forças de uma das pernas. Passou 6 meses sem andar logo depois do acidente. Teve melhoras, mas agora precisava de uma cirurgia, apesar dos médicos não saberem explicar o que estava acontecendo com ela. Os olhos da mãe da menina, que nem parecia sofrer, não paravam de chorar enquanto ela me contava toda a história,. O mais legal é que o município se negava a pagar uma indenização à menina. E, no meio daquele monte de gente acidentada ou/e agredida, um IDIOTA começa a impregnar porque o A. estava com os pés na cadeira da frente. Depois ele escandaliza e quer porque quer falar com o diretor do local para PROIBIR a entrada de pessoas com roupas impróprias ( até agora me pergunto o que ele quis dizer com "roupas impróprias"). Minha vontade era plantar minha muleta na cara dele e gritar que ele era um débil mental. Que pessoa se preocupa com a roupa (principalmente a dos outros) quanto tem gente ao seu redor que não consegue levantar nem pra ir ao banheiro?
É muito egoísmo, é muito "olhem pra minha dor, mas tô me fudendo pra sua".