segunda-feira, 28 de novembro de 2011

É bom ouvir coisas boas, e melhor ainda se sentir suficientemente a vontade para dizer coisas melhores ainda.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

La piel que habito

Hoje fui ao cinema. Gosto de ir sozinha. Sempre tive esse costume. Sala lotada. Raramente vejo filmes no dragão do mar, mas as pessoas comentavam que nunca tinham visto o cinema lotado daquele jeito. Cheguei meia hora antes e os ingressos esgotaram rapidinho.

Nunca tinha visto um filme do Almodóvar no cinema. Não vi todos ainda, mas ele sempre me agrada. Li em algum lugar que ele surpreende por transformar melodrama em arte. Eu adoro as cores, a música, o enquadramento, as personagens e o espanhol.
As pessoas comentam que esse, A pele que habito, é muito diferente de tudo o que ele fez. Eu não concordo. A cena do louco invadindo a casa facilmente por ter uma familiar que trabalha lá é exatamente a mesma de Kika. Os quadros nas paredes. A agonia do abuso sexual. É a mesma coisa, porém, deliciosamente diferente, surpreendente.

Eu não tenho essa coisa de não querer ver o filme depois de já saber o final. É que nem sexo: o durante é muito mais agradável do que o gozo final. Entretanto, concordo com aqueles que falam que deve-se ver A pele que habito sabendo o mínimo possível sobre o enredo. Confie no Almodóvar, ele sabe o que faz.
O que eu posso dizer é que o filme dá muita agonia. É na verdade uma mistura das agonias dos outros: o desespero do cárcere ( Ata-me), o abuso sexual (Kika), a manipulação da vida alheia, dos sentimentos (Abraços Partidos), uma pitada de Tudo sobre minha mãe...Eu tentei me colocar no lugar da Vicente, mas acho que não consigo nem imaginar como deve se sentir alguém que foi roubado de sua própria vida como ele. Saí do cinema meio zonza. Sorte que fui sozinha, senão teria tomado umas boas cervejas filosofando sobre o que vi por lá, e o que ele despertou por aqui.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Amor liquido

"Sempre se pode apertar a tecla de deletar", diz um universitário citado em Amor líquido- sobre a fragilidade dos laços humanos de Bauman.

Esse é um resumo básico do senso comum atual. As pessoas não têm mais paciência de investir em qualquer relação afetiva. O mínimo conflito faz com que elas pulem fora, afinal, existe mais num sei quantos milhões de pessoas por aí, doidas pra conhecer gente nova. Não há razão para tolerar "abuso" de ninguém. O resultado é que acabamos nesse mundo líquido, onde as relações começam e se quebrar numa rapidez tremenda. Não há nenhuma estabilidade, não há certezas nem amanhã.
Eu não gosto disso. Até tento me adaptar, pois duvido muito que as coisas mudem enquanto eu ainda estiver viva, mas isso não me agrada. Como uma boa taurina (apesar de ter minhas dúvidas sobre os signos do zodíaco), eu preciso de segurança, de terra, de promessas de futuro. Não "morro" se o futuro não se concretizar, mas gosto de imaginar um "depois" com a pessoa que está comigo no presente.
E quem não gosta disso?
Hoje parece que admitir amar alguém é algo vergonhoso, sei lá.
Não entendo isso. Estou cansada de me jogar e só depois me dar conta de que não tem ninguém lá, nenhuma rede de proteção para aparar minha queda.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Quereres

Quero sair daqui e andar por outros lugares. Alimentar lembranças que me servirão de consolo mais tarde. Ver as crianças brincarem sorrindo, contar minhas histórias repetidas como se fossem novidade, rir de qualquer coisa. Quero ver o sol por trás de um lençol branco estendido no quintal. Quero água gelada escorrendo nas pedras. Quero beijo. Quero mordida, abraço. Quero dormir e acordar sem medo. Quero tirar fotos de coisas bonitas. Comer coisas gostosas e escovar os dentes juntos, olhando o outro pelo reflexo no espelho. Quero mexer no cabelo. Quero olhar no olho, quero fazer rir, fazer calar. 

domingo, 6 de novembro de 2011

A Whiter Shade Of Pale - Procol Harum /Afinal O que querem as mulheres?

A whiter shade of pale/ Afinal, o que querem as mulheres?

Esses dias vi "Afinal, o que querem as mulheres?" e fiquei meio que obcecada pela música "A whiter shade of pale". A série me fez pensar sobre amor, sobre como eu nunca soube o que queria (não que eu saiba agora). É triste saber que você poderia ter feito melhor, poderia ter sido melhor, ter feito o outro mais feliz e ter sido mais feliz. Se eu soubesse que as besteiras pelas quais brigava culminariam em uma separação, teria desistido delas facim facim.
O ruim é perceber que é tarde demais para mudar qualquer coisa, ver que a pessoa que um dia vc acreditou que seria sua para sempre está lá, super feliz e apaixonada vivendo outra história com outra pessoa. Aí eu percebo que também vivo minhas outras histórias e construo outras lembranças, cometo outros erros, me apaixono de outras formas. Mas nada disso consegue apagar o sentimento de fracasso por ter errado. Mesmo que a responsabilidade não seja só minha, às vezes penso que se tivesse feito tudo certo, talvez tivesse a consciência tranquila, ou o coração mais conformado.
O bom de tudo isso é ter aprendido. Eu fico triste e feliz por ter errado: triste pq me acho uma abestada e queria muito não ter dito/feito certas coisas. Na verdade eu sempre tive muito medo de me apaixonar e de me colocar nas mãos do outro. Mas não é isso que acontece, de qualquer forma, quando a gente se apaixona? Lutar contra só traz rancor mais tarde, e rancor destrói as coisas boas. Meu conselho, para mim mesma e para quem mais quiser ouvir, é que você se entregue se estiver apaixonado, encantado por alguém. Não tenha pudor em dizer o que sente, nem deixe a pessoa ir embora, mesmo que ela diga que quer ir...ela pode só estar querendo dizer "Vem atrás de mim! Não me deixa ir embora!"
Sim, e me sinto feliz pelos erros pq vou fazer de tudo para evitá-los e plantar algo melhor. Melhor do que eu pude ser da última vez.