quarta-feira, 30 de junho de 2010

Até o dia em que o cão morreu - Daniel Galera

         Gostei do filme "Cão sem dono", e enquanto catava umas imagens para colocar no post que escrevi há alguns dias, acabei descobrindo que foi baseado no livro cujo título está no título deste post( redundante...). É, na verdade eu não li a sinopse, senão teria tido essa revelação antes. Já cheguei na locadora (muito boa, tem quase tudo, a Cinéfilo, próxima ao cefet-ifet, sei lá) procurando pelo filme. Um amigo havia me recomendado, disse que eu gostaria. Para a minha felicidade, ele estava certo.
           Busquei pelo livro na internet, e assim que soube onde encontrá-lo, fui até lá. O preço? Trinta e dois (para mim, quase milhões, mas não pude resistir). Pensei antes de pagar: tem que valer a pena. E valeu cada suado centavo que gastei em busca de prazer literário. Gosto do Bukowski, de certa forma ele ( Daniel Galera) me faz lembrar do velho safado, mas não chega a ser muito parecido...há um não sei o que de diferente, que faz com que esse "Até o dia em que o cão morreu" seja muito bom. Foi a primeira vez que comprei um livro de um cara não renomado. Gostei, recomendo, e acho que eu deveria fazer isso mais vezes. Tantas quantas meu salário permitir.
            Da narrativa, bem , não posso evitar comparações entre o livro e o filme, não posso também evitar afirmar que o livro é bem mais massa que o filme, que algumas cenas foram cortadas, e que isso me fez construir as personagens na minha cabeça de forma um pouco diferente. Mas há sempre vantagens em ver o filme. Por causa dele tive acesso ao livro.
Ele não é muito longo, não deve ter mais de 100 páginas, por isso leio devagar, como quem não quer que acabe. Nele, entendi melhor as razões que explicam essa estranha relação da modelo sonhadora com o tradutor desempregado, que odeia sonhos distantes e evita ao máximo se relacionar com os outros. Explica que não tem telefone porque se tivesse, ficaria decepcionado nos dias em que ninguém ligasse, e se recebesse algum telefonema, ficaria puto por estar sendo importunado.
            Ciro, personagem principal, parece comigo, e com você, e com ele, e com ela. Os questionamentos, a apatia justificada, o desprezo pela modelo que aparece duas ou três vezes por semana, sem que ele tenha, nem se quer uma só vez, pedido que ela voltasse, e o cachorro vira-latas, que deu um jeito de chegar ao apartamento de Ciro, no décimo sétimo andar...a liseria, o desprezo pela busca de status. Ciro é um dos nossos.

domingo, 27 de junho de 2010

Ultimamente

Ultimamente tenho escrevido tanto, tenho achado tudo tão...poético. Me deixa em paz, Sarah.
...
       Tenho 24 anos, e me sinto ridículamente adolescente. Não moro sozinha porque não tenho dinheiro. Estive em uma crise tão foda que nem grana para comprar a ração da minha cachorra eu tinha, e ela quase morreu devorada por carrapatos, não fosse o remédio de 100 contos que seu "pai" comprou. Tenho um emprego fixo hoje, embora com prazo de validade definido: dois anos. Agradeço ao amigo que me deu o toque desse concurso para substituto. E olha só o que eu tento "ensinar"...literatura. Não existe trabalho mais difícil, analisar uma obra de arte, desmembrar um corpo de emoções, ser um médico legista. Mas no mais, é muito massa; eu gosto. 
     Cortei meu cabelo...consegui me segurar por muito tempo, quase um record, sem pintar ou cortar, mas eu já não aguentava mais essa mesma cara no espelho. Se eu for a praia uma só vez,no meio da tarde, fico com uma cor que me deixa com cara de latina pobre. Acho bonito, bronzeado, mas em mim dá esse efeito colateral. 
     Você tiraria a roupa para um estranho? Os homens fazem isso com uma facilidade invejada pelas mulheres.
     Quando eu tinha uns 12 anos era "apaixonadinha" por um vizinho, mas ele gostava da menina mais bonita da rua. E eu, se já sou magra hoje, você pode imaginar como eu era. Mas o problema não era só a magreza. Eu era muito moleque, gostava de capoeira e carimba, queria competir com os meninos. Como ele gostava da mais bonita e famosa, eu o imaginava inatingível. É esquisito, essa situação se repetiu várias vezes na minha vida. Mas o mais estranho é quando você encontra esses caras com uma namorada horrorosa. Então você pensa, mas ele não gostava da mais bonita?
     Eu sempre fui do contra, não queria ser a mais bonita, nunca quis. Queria ganhar por outros motivos, pena que não funcionou muito.

Gato

A vida corre lá fora, distante de todos nós. Gosto de sentar perto da janela, de ver as árvores, as casas, passarem. Gosto de ver os fios do postes levando luz. Confessar algo a completos estranhos, ctrl C/ ctrl V de sentimentos que se confundem, mas jamais serão iguais.
Ontem estava indo para a calourada e encontrei um gatinho, daqueles laranjas, com olhos verdes/azuis ( sou meio daltonica). Ele estava no posto. Senti vontade de que ele fosse meu. Levantei o gato e olhei em seus olhos. Um filhotinho perdido. Coloquei ele no carro. Pensei que o bosque seria melhor que o posto. Ele se aconchegou no banco de trás. Depois desceu e ficou perto da minha mão. Quando parei o carro, ele estava bem deitado, esparramado. Me senti uma bosta por abandoná-lo ali. Será que ele sobreviveria com os vidros do carro fechados até eu voltar? Pensei que não. O bosque então, mas os portões estavam fechados, era sábado, depois das 8. Me despedi, como quem não queria deixar ir, e o coloquei pela fresta do portão.
Não consigo mais escrever, meus olhos não suportam mais a claridade do monitor.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sexo

         Ben Affleck e seu parceiro de outros filmes e da vida "real", Matt Damon, são anjos em Dogma. Em um trem, na sua viagem para destruir a humanidade, como fizeram em Sodoma e Gomorra, os anjos disfarçados de caras gatos encontram a personagem principal.
         Ben e ela estão em uma conversa interessante, porém, ao ler os pensamentos da moça que dizem "ele é um gato...transaria com ele", o anjo se revolta.  Ele diz que os seres humanos só pensam em sexo, e que este é motivo de piada no céu. Uma das razões é a cara que fazemos enquanto transamos. É...é mesmo ridículo vendo de fora.
         Bem, voltando a conclusão do anjo, não acho que os seres humanos só pensem em sexo. Na verdade, pensamos em sexo e nas vantagens que ele pode nos proporcionar. Não estou te chamando de puta, não me entenda mal.
        Se um bando de mulheres vai assistir ao jogo do Brasil de shortinho e blusinha mostrando a barriga, é óbvio que elas não estão lá por serem patriotas ou amantes de futebol. Estão lá porque certamente o bar está recheado de homens, e elas querem transar. No entanto, diferente dos homens, elas querem transar, querem se apaixonar, namorar, casar, ter filhos para poderem finalmente deixar de transar em paz.
       É lógico que essa diferença não é inerente ao homem ou a mulher. Somos criados para ser assim. As meninas, bombardeadas com idéias de submissão. Os meninos, com obrigação de serem machistas, sob pena de rejeição social e preconceito. Se uma mulher só quer o sexo, sem os sonhos que ela foi ensinada que deveriam vir depois, então ela é uma puta. Nem venha dizer que é mentira, você também pensa assim.
      Não acho que mulheres e homens sejam iguais. Precisaria se cego para pensar assim. (Mesmo cego,poderia perceber a diferença na voz e em outras cositas más), mas é isso que atrai, essa diferença, esse desentendimento. A paz imperturbável é chata.

domingo, 20 de junho de 2010

Cão sem dono





Lei do Menor Esforço: Baseia-se no princípio da não-resistência. Revela que tudo na natureza flui naturalmente e sem esforço. É assim com o nascer do Sol e o desabrochar de uma flor.


      Hoje é Domingo, jogo do Brasil. Umas amigas chamaram para ir ver o jogo num bar, cheio de gente. Escolhi ficar em casa, corrigir umas provas, e assistir um filme que aluguei, mas como sempre, não tive tempo de ver e acabei gravando. Cão sem dono, era o filme. Corrigi algumas coisas e, um pouco depois do jogo ter começado, dormi. Acordei com a comemoração do primeiro gol.  Continuei deitada, pensando. Pensando em acordar, pensando no que faria depois de levantar. Alguém me ligou. Alguém que diz ainda me amar. Depois a amiga, no bar. Antes de ir, tinha que ver o filme, uma hora e pouco, curtinho. 


     Um cara formado em Russo, uma modelo. Desilusão, não futuro vs. sonhos, viagens, uma vida diferente.Os dois se encontram e ficam por lá, no apartamento dele. Mesmo que ele, Ciro, não esteja afim de mais nada, as coisas simplesmente acontecem. O melhor desse filme, para mim, é a realidade.
     As conversas, os encontros, a liseira, o cachorro maloqueiro...parece até a minha vida. Me lembrou a minha cachorra. Ela não é bem minha, não sou dona. Ela é mais uma amiga.
        Outra coisa interessante é que quando achamos que perdemos, tudo muda. As coisas parecem finalmente ser importantes, e doem dentro da gente, e fora. O desenrolar da trama é natural. Sem grandes reviravoltas, sem efeitos especiais. Os lugares onde a história acontecem são limitados: apartamento do Ciro, casa dos pais do Ciro, a rua do Ciro, casa de uns amigos, quarto do porteiro-pintor. O mais massa é que a história consegue ser extremamente interessante e profunda, sem a pompa de um filme cult. Chamaria até de um "filme brasileiro maloqueiro." Literatura, sonhos, trabalho (revisar uma tradução de um texto traduzido do Russo por 1,50 a lauda com prazo de 15 dias), doença, morte. O que é preciso pra gente acordar? O que é preciso pra gente viajar? 
        

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A ordem das coisas

        Muitos coisas nos sufocam...lixo, barulho, milhares de coisas a fazer em um tempo impossível.
 Se deixamos, somos tragados pela imensidão de coisas que nos rodeiam. O que temos que fazer para escapar dessa garganta imensa é entender o que não se pode mudar, e lutar contra o que está sob seu domínio. 
       Deixar as coisas morrerem, irem embora, nem sempre é errado, nem sempre significa desistir. Se algo já morreu, insistir significa impedir que o novo tome seu lugar.
        A vida é muito complicada quando você é um se humano. Você PRECISA se relacionar com outras pessoas, seja para se casar, ou para comprar um pão. Tudo o que você disser pode ser usado contra você. Confesso que não gosto da seriedade das coisas que eu digo/faço. Gosto de coisas leves, de pessoas que me façam rir, de uma inteligência sarcástica, de brincadeira, de mordida, de pão na chapa com queijo, presunto, ovo e café com leite por 2 reais na cultura francesa. Não gosto de ficar com raiva. Se fico, boto pra fora na mesma hora, pra não ter perigo de se acumular dentro de mim, depois esqueço. Eu minto, admito, mas não gosto de mentiras. Até tolero, mas não às relacionadas aos sentimentos. Gostava e não gosta mais? Fala! Tinha tesão e ficou frígido? Não dá pra esconder...
        A morte nos faz todos iguais. Iguais no jantar das minhocas. O que se perde é o corpo, só...o resto nunca morre, faz parte desse mundo, e do além. Sorrisos de pessoas conhecidas dão alegria. A tristeza delas é também inevitavelmente compartilhada. O equilíbrio do caos desse mundo me faz aceitar o meu presente. É com o futuro que devo me preocupar.
       Gosto de me arrepiar ao ver uma pessoa, gosto de olhar no olho, de pensar no sorriso, de sonhar com alguém, de ficar imaginando o tal beijo que nunca encontra lugar. Quando eu era pequena queria me apaixonar. Até escolhia minha vítima. Era alguém interessante ,tinha que ser. Eu nem gostava dele, mas criava a paixão na minha cabeça, alimentava, até que me convencesse da minha posição de apaixonada. Funcionava. Eu embarcava mesmo na minha criação, mas depois lembrava que o autor do sentimento irracional era eu mesma. Queria conseguir fazer isso hoje: fingir paixão. Se apaixonar é tão bom, libera substâncias entorpecentes na sua corrente sanguínea.  

quinta-feira, 17 de junho de 2010

        Onde reside nossa alegria, nossa força, nossa confiança? Provavelmente em lugar nenhum. Qualquer coisa pode nos derrubar, nos fazer tremer, chorar e desistir. Desistir sem nem se quer tentar, ou até mesmo depois de tentar várias vezes. Achamos nojento antes de experimentar, dizemos ser ruim ou bom antes de conhecer.
     I can feel myself growing older...
As coisas não são boas ou ruins, na verdade isso é você quem decide. Parece clichê falar que se deve tentar enxergar o lado bom das coisas, nem sempre isso é possível. Não vejo como um condenado a morte na cadeira elétrica pode tirar algum proveito disso, mas a maioria das situações trazem oportunidades, mesmo que pareçam ruins.
 

domingo, 6 de junho de 2010

Quem é você?

 "Quem é você?", perguntou a Lagarta.

Não era uma maneira encorajadora de iniciar uma conversa. Alice retrucou, bastante timidamente: "Eu - eu não sei muito bem, Senhora, no presente momento - pelo menos eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então.

Sou uma criança, às vezes um menino, outras uma menina. Na maioria das vezes um tanto melancólica, saudosista. Escuto Bob Dylan e Luís Gonzaga. Leio William Blake e Patativa. Alguns dias durmo, noutros tenho insônia. Amo e odeio com a mesma intensidade, e esses sentimentos transitam entre si com facilidade. Adoro quando minha cachorra senta ao lado da minha cadeira e me olha como quem diz: "oi, tudo bem? Posso ficar aqui?"  Minha pé durinha do interior. Ele me faz companhia nas horas solitárias. Quero companhia e quero ficar só. Quero caminhar na praia , mas não quero sair de casa, estou cansada. ,

sábado, 5 de junho de 2010

Junho

         As pessoas me criticam pelo meu problema em me afastar definitivamente do meu ex-marido. Hoje concluí que sou muito corajosa. Tive coragem de me afastar de algo que parecia me fazer feliz, mas me fazia mal. É podre falar que fui "casada" (morei junto, pra mim dá no mesmo) só por um ano. Mas um ano pra mim é muito tempo. Tempo suficiente pra perceber como 4 anos de namoro não te revelam quase nada sobre a pessoa com quem você convive. Quando percebi no que eu estava me metendo, fui embora. Ir embora, infelizmente, não significou esquecê-lo totalmente, admito. Ao menos tenho coragem de admitir. Tive coragem também de ir embora. Muita gente não tem. Sempre que converso com alguém casado me sinto feliz e triste. Feliz porque não estou mais casada, e triste porque os problemas que me fizeram ir embora acontecem com todas as pessoas. Aí eu me pergunto: será que pra ser casada tenho que tolerar tudo aquilo? Se for assim, refiro ficar sozinha. Antes só que mal acompanhada, já dizia a minha avó.
Um dia desses estava com uma amiga que também terminou um namoro longo e disse a ela que conseguia ficar bem sozinha, "Isso porque tu é estranha", ela respondeu. Eu sei, sou meio esquisita mesmo, meio anti-social. Não quero namorar tão cedo. Sou daquele tipo de pessoa que só namora se estiver apaixonada, e como sei que isso vai demorar uns 3 mil anos para acontecer, sei que vou ficar sozinha por um "bom" tempo.
  Quando eu analiso o quanto sofri, fui feita de idiota, do que abri mão pra agradar alguém que sempre mentiu, e até hoje, quando não tem mais nenhuma necessidade, ainda mente pra mim, me sinto uma imbecil, mas não me arrependo. Aprendi algumas coisas, entre elas, que não ter medo de mostrar seus sentimentos faz de você uma merda.

The end,