domingo, 27 de fevereiro de 2011

Até o dia em que o cão morreu.

Trecho do livro de Daniel Galera. Será que é crime postar esse trecho?

"Ascendi um cigarro, sentei no chão do quarto e fiquei observando a Marcela dormir, o rosto avermelhado, a boca expelindo um hálito de garganta inflamada. Tão oposta à figura daquele anúncio ( a menina era modelo). Por um instante, imaginei como seria se ela viesse morar comigo, mas rejeitei a idéia rapidamente. Mesmo com as visitas ocasionais, era comum eu acordar perto do meio-dia depois de uma noite inteira de fodelança e desejar profundamente que ela não estivesse do meu lado, dormindo na minha cama. Não é que eu não gostasse dela. Eu gostava, até demais. Mas a idéia de que pudéssemos ter um relacionamento me causava repulsa."


Brega

Calourada de Artes Cênicas.
Banda: Leite de Rosas e os Alfazemas.
Repertório: o melhor do brega.

Diante desse ambiente, todos os cornos se revelam. E eu, no alto do meu mais de um ano de pura sobriedade, quase sinto o sabor da dose com limão, me deliciando ao ouvir clássicos como "No toca-fita do meu carro", "Porque brigamos", "Eu não sou cachorro não", "Eu vou tirar você desse lugar", e outras coisas mais.
Percebo que sei cantar quase todas as músicas, fruto de uma infância ouvindo meu pai, e os vizinhos, ouvindo tais pedras.

http://www.youtube.com/watch?v=U0eKp7NS1Io

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Silêncio


Pulp Fiction

- Don't you hate that?
- What?
- Uncomfortable silences. Why do we feel it's necessary to talk about bullshit in order to be comfortable?
- I don't know.
- That's when you know you found somebody special. When you can just shut the fuck up for a minute, and comfortably share silence.

Pulp Fiction

'-Você não odeia isso?
-O quê?
-'Silencio desconfortável.Porque sentimos necessidade de falar asneiras para ficarmos confortáveis?
-Eu não sei.
-É aí que você sabe que encontrou alguém especial.Quando você pode calar a porra da boca por um instante, e confortavelmente compartilhar silêncio'

Hamlet? Não, é a Vampirella!

Que Pena

Que Pena Jorge Ben Jor
Ela já não gosta mais de mim
Mas eu gosto
Dela mesmo assim
Que pena, que pena
Ela já não é mais a minha pequena
Que pena, que pena
Pois não é fácil recuperar
Um grande amor perdiiiido
ela era uma rosa
Ele era uma rosa
As outras eram manjericão
As outras eram manjericão
Ela era uma rosa
Ela era uma rosa
Que mandava no meu coração
Coração,coração
Ela já não gosta mais de mim
Mas eu gosto
Dela mesmo assim
Que pena, que pena
Ela já não é mais a minha pequena
Que pena, que pena
Mas eu não vou chorar
Eu vou é cantar
Pois a vida continua
Pois a vida continua
E eu não ficar sozinho
No meio da rua, no meio da rua
Esperando que alguém me dê a mão
Me dê a mão, eu não
Ela já não gosta mais de mim
Mas eu gosto
Dela mesmo assim
Que pena, que pena


Fotos

Adoro tirar fotos, um talento que foi desestimulado pela minha mãe durante minha infância (quando ela dizia que a revelação era muito cara pra eu ficar tirando foto feia) e na minha vida adulta (tipo, hoje me dia ) (quando ela diz que só tiro foto das pessoas desarrumadas). Mesmo assim eu persisto e tiro fotos das pessoas (principalmente das desarrumadas), das coisas e dos animais (vivos e mortos, apesar dos protestos de alguns).
"Preserve your memories, they're all that's left you."
Quando eu era mais nova descrevia os eventos do dia em um caderninho, com datas, recortes e fotos. É uma maneira de lembrar das coisas. Não que eu tenha problemas sérios de memória. O que acontece é que eu perco a noção de "distância" das coisas no tempo.
Não sei se tal coisa aconteceu há 1 ano, ou há 6. E se lembro que foi há seis anos, é difícil sentir, reviver, quem eu era e onde estava naquela época, a não ser que eu leia minhas próprias palavras, ria das minhas frustações antigas...é uma forma de viajar no espaço-tempo.


    Terceiro ano no Geo Fátima, que foi demolido há uns 2 anos.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

"O Elixir do Pajé" desmistifica a imagem pura e casta do índio formada durante o Romantismo. Narra as façanhas do velho pajé frente aos conselhos e expectativas do herdeiro de seu elixir milagroso. Bernardo Guimarães parodia as redondilhas e os versos famosos de Gonçalves Dias e adquire uma renovação de ritmos e de procedimentos de uma forma cômica, em efeito contrário às exaltações guerreiras de Gonçalves Dias.
Bernardo Joaquim da Silva Guimarães nasceu em Minas Gerais no ano de 1825. Foi um romancista e poeta brasileiro, conhecido por ter escrito o livro Escrava Isaura. Morreu também em Ouro Preto, no ano de 1884.

www.new-digital.net/.../o-elixir-do-paje-bernardo-guimaraes/ - Portugal

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Elixir do pajé

A vida é feita de coisas...muitas coisas.
Nós temos só uma vida (há quem diga que temos várias, mas prefiro resolver uma de cada vez), mas ela se fragmente em um monte de assuntos que precisamos administrar. E sou péssima nisso. Detesto administrar. Às vezes queria ser um gato. Miar, ganhar carinho e comida, depois ir embora e dormir num canto qualquer, embaixo de carros sem medo de ser atropelada.
Mas não tive essa opção. Preciso de dinheiro, e pra ter dinheiro você tem que ter dinheiro pra comprar roupas e se fantasiar de "sério e responsável", pra pagar o ônibus ou botar gasolina no seu veículo (mobilete, moto, carro)...e tudo isso pra ganhar dinheiro e depois gastar outra vez.
Essa lógica me lembra um trecho de "A cultura popular na Idade Média e no Renascimento" que li na graduação com o André Monteiro, um cara muito massa que foi prof. substituto de Literatura Brasileira.
Lembro que decorei quase todo o "Elixir do pajé" recomendado por ele...kkk
Não vou explicar do que se trata, pois soaria meio pervertida. Os curiosos que leiam:
http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/elixir.html
Pois é, nesse livro o Bakhitin fala sobre o carnaval como uma espécie de período programado para se fazer loucuras. Nessa época tudo é permitido, afinal é o carnaval. Se pode subverter a ordem, criticar a igreja, a moral, e depois todos recebem perdão...passamos o ano todo obedecendo as regras para quebrá-las nesse momento pré-programado, e depois retornar às amarras.
Esse é mesmo um momento de libertação? Que diabo de liberdade programada é essa?
Estamos todos presos então.
Até essa pseudo-loucura é controlada. Tem hora e lugar pra acontecer, e tem que ser administrada cuidadosamente.
Você TEM que saber o que quer fazer, o que quer ser, onde quer ir.
E se eu disser que não sei e que nem tenho pressa de saber?
Deixa rolar, deixa acontecer.
É só não dormir. É só continuar pensando, lendo, escrevendo, que os caminhos vão surgindo sob seus pés.
Não entendo pra que tanta pressa em decidir as coisas.
Sempre começo falando de uma coisa e paro em um lugar totalmente nada a ver...
Incoerente!


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

“Time it was and what a time it was
A time of innocence
A time of confidences
Long ago it must be
I have a photograph
Preserve your memories
They’re all that’s left you”
 

-Simon and Garfunkel, “Bookends”


http://www.youtube.com/watch?v=SOR6p1o2hPI

The Graduate

Sei que é preconceito comentar sobre algo/alguém que não se conhece bem, mas não dá pra evitar.
Minha motivação foi uma referência à um filme dentro de outro. Nesse filme que falei dia desses, 500 dias com ela, o casal vai ao cinema e vemos os dois assistindo ao final de um filme. Fiquei sem saber que filme era. Mesmo curiosa, não fuçei pra tentar descobrir. Daí, vejo a foto da atriz da cena no facebook de uma menina, num álbum intitulado "minhas atrizes favoritas". Katharine Ross era o nome dela. Acabei encontrando coisas sobre o filme mencionado pelo outro filme: The Graduate / A primeira vez de um homem, com a moça aí e Dustin Hoffman.
Trata-se de uma comédia romântica de 1967 que influenciou vários filmes do gênero.
Até aí tudo bem, mas busquei no youtube , e, como boa spoiler que sou, quis ver o fim do filme.
O Dustin vai até a igreja e rouba a noiva, mesmo depois do sim. Eles correm, prendem os convidados, familiares e noivo enfurecidos na igreja e pegam o primeiro ônibus que passa.
Aí eles pagam, se sentam, riem um pouco, e pronto. O olhar dos dois é muito impressionante. Tipo, o cara roubou a menina do altar, mas e agora? E daí? E ela fugiu com ele, levou uns tapas da mãe que na verdade era a fim do cara, mas agora se vê num ônibus, indo pra lugar algum.

Pra completar o efeito do "e agora?", a música de fundo é "Sounds of Silence", que começa baixinho até tomar a cena. Vejam aí:

http://www.youtube.com/watch?v=i9eIXN6Sp40

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Obrigação

Detesto obrigações.
Eu não tenho a obrigação de sentir, de fazer, de estar ou não acompanhada. Isso é ridículo. É como se alguém te perguntasse se você é feliz e, ao ouvir "sim"como resposta, questionasse o fato de você estar bem mesmo sem seguir o padrão, como se isso fosse algo assustador, inacreditável.
Vejo um monte de gente vendendo e comprando mentiras relacionadas ao trabalho, à família, aos sentimentos, aos desejos. E isso pra fingir que está tudo bem. Geralmente fazem isso por medo de perder o que tem. Mas eu não acredito nesse medo. Acho burrice, acho que é protelar sofrimento. Se o que te une a alguém é o medo de nunca mais encontrar outra pessoa assim, desse jeito, ou o que te faz continuar no trabalho é o medo de não conseguir pagar as contas, então isso é uma grande mentira, um sofrimento pequeno e diário para adiar o massacre final inevitável.
Eu não quero deixar isso acontecer comigo.
Não quero fazer as coisas por obrigação, mas por um outro motivo qualquer, mesmo que eu não saiba exatamente qual.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Filmes

Essa semana assisti dois filmes bem nada a ver um com o outro: Black Swan/ Cisne Negro e 500 days of Summer/ 500 dias com ela.
Fiquei curiosa sobre o primeiro depois de ler um artigo sobre ele no site do New York Times. Na verdade o site trás, além de artigos, vídeos de críticos falando sobre obras de todas as épocas. É bom dar uma olhada pra ficar curioso e baixar filmes interessantes. Tá aí o link:
http://video.nytimes.com/video/2011/01/31/movies/1248069602346/critics-picks-solaris.html?ref=movies

Black Swan é sinistro.
Tenho a mania de ficar lembrando das coisas dolorosas dos filmes e imaginar como eu reagiria se elas acontecessem comigo.
 E com esse filme é difícil não fazer isso. Nina, a bailarina escolhida para o papel principal do lago dos cisnes, é tomada por uma psicose pouco a pouco. Se coçar até sangrar é só uma das coisas dolorosas que acontecem com ela, além de ser assediada o tempo todo pelo taradão diretor do ballet.
Sabe aquela sensação que fica depois de ver "Requiem por um sonho"? Pois é, "Black Swan" foi dirigido pelo mesmo cara. 
A mãe que projeta seus sonhos fracassados na filha, a obsessão pela perfeição, o modo como os outros exigem coisas que você não consegue dar ou sequer entender, são alguns detalhes que tornam o filme ainda mais interessante.





Já o outro, "500 dias com ela", é mais bonitinho, apesar de não ser nada bonito no final. É a história de um cara que cresceu, como todos nós, acreditando que um dia encontraria A mulher. E, quando ele finalmente a conhece, ela dá um fora nele. 500 dias se passam até que ele entenda que toda aquela coisa de amor, de destino, de feitos um para o outro, não tinha nada a ver. Não é uma historinha de amor. É uma história sobre como você pode não ser amado e não perceber, mesmo que isso apareça em cada pequena coisa.
A sacada mais interessante do filme foi quando eles se reencontraram depois de um certo tempo. Ela o convida para ir à uma festinha em seu apartamento. Adivinha o que acontece? Ele cria um monte de expectativas. Quando ele está chegando ao apartamento, a tela é dividida ao meio. Uma parte mostra as expectativas enquanto a outra mostra a realidade. Não vi até agora uma maneira mais clara de externar o significado da palavra 'decepção'.