segunda-feira, 19 de julho de 2010

Eu entendo!!!

É um milagre! Eu entendo!
Entendo agora muitas coisas que eu criticava, que achava bizarras e até me orgulhava em dizer que nunca faria. Entendo muitas loucuras, muito apego e desapego total. Entendo quem se defende atacando todas as possíveis ameaças, entendo as virgens e as putas, entendo os fotógrafos e os desenhistas, os pintores,escultores, alcoólatras e  drogados, as freiras, os pastores, as crianças e os velhos, aborto e gravidez. Ainda não sei de nada ( e ainda me alimento da ilusão de que um dia saberei, como se os anos por si só fossem cheios de sabedoria).
Rugas na cara,e orelhas crescidas não significam nada além de "your time is getting shorter", mas passar pelo mundo, sem ficar com os braços cruzados ao redor do peito, pode ajudar a aprender.

sábado, 17 de julho de 2010

Mentiroso

     Ele era um mentiroso compulsivo,o que significa que ele mentiria se fosse perguntado sobre as coisas mais triviais ou as mais criativas com a mesma satisfação e insistência. O conheci no primeiro primeiro ou segundo ano, não lembro mais com certeza. O que lembro é que quando ele falava, a saliva acumulava no canto de sua boca, formando uma gosma branca, que ele sugava, de vez enquando. Estava sempre contando vantagem, achando defeitos nas meninas mais cobiçadas, como se ninguém soubesse que era despeito por saber que nunca  teria nada com nenhuma delas. Alto, com um nariz reto e olhos caídos. Suas mãos grandes e seu sorriso bizarro seriam assustadores, não fosse seu jeito desengonçado de andar, que revelava suas fraquezas.
    No começo eu ignorava suas histórias totalmente inacreditáveis, mas depois de um, dois anos, as versões extraordinárias da saga daquele menino, que se pintava quase como um herói, se tornaram insuportaveis.  Não conseguia acreditar que ele me achasse tão imbecil a ponto de acreditar que ele estudava em duas escolas ao mesmo tempo, que tinha todos os cds de todas as bandas que você imaginasse, que já tinha dispensado a fulana e a beltrana, que sabia tocar baixo e guitarra e falava francês e inglês, que tinha seu próprio carro antes mesmo de ter idade para poder dirigir... e blá blá blá.
   O pior é que as mentiras eram tão constantes que percebi que ele mesmo começava a acreditar. O auge foi quando terminamos o terceiro ano. Fizemos vestibular. Primeiro, ele não quis revelar que curso tentaria. É normal, pensei, todos ficamos nervosos, medo de ser criticado. Depois de passar toda a vida escolar mentindo sobre suas notas, mesmo depois de eventualmente descoberto, o mentiroso tentou esconder o resultado do vestibular. Não é tão fácil esconder uma coisas dessas. Aparece nos jornais e até em algumas rádios. Um tanto obcecada por desmascará-lo,  pedi para um amigo buscar pelo nome do tal nas listas de aprovados. Nesse tempo eu mal sabia ligar um computador e muito menos tinha grana para ter internet em casa. O resultado era óbvio, ele não tinha sido aprovado. Estava na lista dos classificáveis do curso de filosofia, numa posição tão baixa que umas três salas cheias candidatos raivosos teriam que desistir da vaga para que ele pudesse entrar. Não resisti. Liguei para ele para saber do resultado e ele me disse ter sido aprovado. Não consegui suportar aquilo. Como é que ele podia fingir que eu era retardada? É claro que ele sabia que eu sabia a verdade. Como continuava a mentir? Eu precisava gritar que ele era um mentiroso, em cada detalhe da sua vida, desde sua higiene pessoal até sua religião, ele mentia o tempo inteiro...podia jurar que até em seus sonhos. "Mas eu não vi teu nome na lista dos aprovados"- eu disse.
E ele simplesmente mudou de uma mentira para a outra, puxando um assunto sobre a escola imaginária em que ele tinha estudado, ao mesmo tempo em que estudara comigo.
"Mentiroso!"-gritei em pensamento. Desliguei depois de mais alguns minutos de conversa. Informações que nem eu sabia mais se eram verdade ou mentira. Por via das dúvidas, decidi não acreditar e nunca mais tocar no assunto.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Multa

Eu odeio multa. Meu sonho é destruir todos os fotossensores de uma só vez, numa ação terrorista à la projeto Mayhem, do clube da luta. Como é que você leva uma multa às duas da manhã por fazer um retorno proibido? Qual é a lógica? 
Fora os fotossensores, também bombardearia todos os prédios que foram construídos sob escombros de construções antigas que deveriam ter sido tombadas...Lembrando do clube da luta, ô filme bom. Posso assistir milhões de vezes, mas continua sendo bom. 

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sem criatividade para um título

Às vezes tenho uns sonhos meio bizarros, mas nem por isso surreais. Tenho dormido muito pouco ultimamente, talvez por isso minha cabeça fique inventando essas insanidades, para mostrar que precisa de descanso, senão vai entrar em pane.
Sentar em um bar parece tão desinteressante hoje. As mesmas pessoas. Algumas paqueram, te olham, mas não fazem nada. Sou uma velha de 80 anos quando se trata disso. Não consigo ficar fingindo que não estou interessada, que não estou olhando quando na verdade eu quero olhar. É podre fingir não querer, mas é isso que torna as mulheres atrativas (reza a lenda). Gosto de ser direta, mesmo que me doa falar. Essa coisa de fingir que não lembra, ou de contar quantas vezes liga para não demonstrar que está afim...para mim isso é se anular. Pra que isso? Não é só viver aquilo e pronto? 
Essa sensação de euforia, de vontade de falar, de ver a pessoa, isso é tão bom. Não entendo porque tem que ser podado, controlado.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Casamento da Fernada, reflexões e copa

         Acho que devo ter uma veia artística. Pelo menos as ânsias e depressões criativas eu tenho. É estranho como as palavras ficam presas na minha garganta, chegam a causar dor, um engasgo, mas logo são reprimidas pela minha autocensura. Sinto falta de sentir algumas coisas. E que falta faz um copo de cerveja bem gelada, ou uma cachaça com limão e sal pra tirar o gosto amargo da vida.
        A Fernanda se casou. Foi muito lindo o casamento. Eu até peguei o buquê, que na verdade não era um buquê, mas um santo Antônio feito de pano. Ela estava excepcionalmente linda, de véu e grinalda, algo que talvez eu criticasse em outra pessoa. Mas ali não havia espaço para nada negativo, só admiração e um sorriso que brotava na minha cara sem que eu me dessa conta. Pensei que faz uns oito anos que somos amigas, que realmente a considero minha amiga, e que a felicidade dela me deixava feliz.
       Essa semana pensei, sem nenhum motivo que o meu id me revelasse, no significado de gostar de alguém.  Li o texto do Nonato sobre algo que ele já tinha me falado pessoalmente, a copa como marco temporal. Parece até tema de dissertação.  Lembrei que o Emmanuel comentou que eu não gostava de jogo de futebol. “Valha. Por quê?”, perguntei.
“Por que a gente não assistiu nenhum jogo na copa passada.” Eu ri da resposta dele. Era começo de namoro. Nós não tínhamos motivo para perder tempo assistindo jogo.
       Tem um peso enorme que me puxa em direção ao solo, às lágrimas, à loucura. Pensei em voltar às artes cênicas. Talvez amanhã passe lá pelo CEFET para saber se eles aceitariam a filha pródiga.

“A arte das artes, a glória da expressão e os raios solares da luz das letras estão na simplicidade. Nada é melhor que a simplicidade... nada pode compensar o excesso ou a indefinição.”
Folhas de Relva- Walt Whitman

Vítima de bulling

           Tratar as pessoas de uma maneira e ser tratada de outra (totalmente diferente e pior) me deixa indignada. NUNCA, em toda a minha vida, desde a alfabetização, deixei de falar com alguém que já tivesse sido meu amigo (teve uma menina na terceira série, Renata, mas foi tudo combinado, num outro dia eu explico). Entretanto, já fizeram isso comigo várias vezes. Quase posso ouvir os gritos dessas pessoas dizendo que eu fiz por merecer. Pode até ser que eu tenha vacilado com meus amigos algumas vezes, mas a vida não é assim? E outra, eles também  vacilaram, fazendo algo igual ou até pior, milhares de vezes, mas sempre recebendo meu perdão, mesmo quando nem se quer pediram.  Queria entender o motivo que os leva a me julgar de forma diferente, mais rígida.             


          Alguns já me deram dicas dizendo que pareço não me abalar facilmente. Minha mãe não apareceu na minha formatura e nem por isso eu parecia decepcionada.  Perdi o emprego, me separei, e parecia “normal”. A questão é: não vou chorar por algo que não posso mudar. Parece que as pessoas querem que você chore, que se acabe. Percebi que como eles (amigos) acham que não me abalo, ficam irritados por não conseguir me irritar e simplesmente tentam me boicotar. Aconteceu com a Marcela, quando comecei a ficar com o cara com quem ela tinha ficado há quase um ano. As pessoas faziam festinhas sem me convidar, eu nem tinha mais com quem sair. Os amigos em comum falavam comigo escondido dela e eu achava aquilo patético. O único que não fez isso foi o Wladson ( thanks).

        Não deixei de falar com os outros que me evitaram, ou que não tinham coragem de admitir que ainda falavam comigo, apesar das ordens da super ofendida Marcela. Não é do meu feitio. Outros episódios parecidos aconteceram. Como o da menina que deixei me esperando (não vou citar nomes para que ela não ache mais uma razão para  me odiar) por quase uma hora, já não lembro ao certo. Bem, ela ficou puta. Pedi desculpas, ela disse “tudo bem”, só que desde então simplesmente não olha mais na minha cara e partiu para o velho plano de boicote. Fui convidada para um almoço que deveria servir de comemoração ao meu aniversário, e ao aniversário de outro amigo. Quando cheguei ao restaurante, todos já tinham almoçado. A moça e seus amigos estavam lá e colocaram o plano de boicote em ação. Mal olharam para mim, exceto a Lidi, e foram embora. Almocei apenas na companhia de um amigo, que não fazia parte do “grupinho”. 
        Não reclamei com nenhum deles, nem demonstrei a cagada que tentaram fazer comigo. Pra quê? Acho ridículo ter que ensinar a alguém mais velho do que eu o que são boas maneiras.